Os prejuízos do corte da Ciência

Os políticos têm a obrigação de dialogar com a ciência. O Brasil vem perdendo muitos talentos para os países onde se dá valor a quem estuda, pesquisa e descobre soluções para melhorar a qualidade vida das pessoas.

 

Corte de mais de R$ 600 milhões para a ciência é um fato desastrado que infelizmente está muito longe do entendimento popular. Recursos, que iria para o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq -, é sim mais uma tragédia provocada pelo Governo e estando muito distante da percepção da população – nem mesmo a mídia cotidiana se ocupa do fato – que tem enorme repercussão na ciência, pesquisa, saúde e na qualidade geral de vida da população.

O absurdo é tão preocupante, do ponto de vista do entendimento e mobilização social, pois foi aprovado pelo Congresso, em um momento de grande esforço de todos no sentido de evitar ainda mais estragos na saúde pública, diante das sequelas ainda impostas a todos pela Covid 19. O fato é que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI – receberia um crédito suplementar de R$ 690 milhões, de acordo com um projeto encaminhado pelo Ministério da Economia, mas o Ministro da Economia, Paulo Guedes, simplesmente, como se a pesquisa cientifica não fosse uma coisa importante, mandou ofício para a Comissão Mista de Orçamento da Câmara, determinando que esses recursos seriam desviados para outras áreas.

Com essa desastrada decisão, o Congresso só aprovou somente R$ 89,9 milhões para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Ora, isso não se faz nem em republiquetas africanas ou asiática e deveria ter havido forte resistência dos parlamentares. Essa verba já era de muito tempo aguardada pelas entidades que comandam a pesquisa no Brasil. Seriam recursos para custear bolsas de jovens cientistas que desenvolvem valiosos estudos para a cura de doenças, vacinas e o desenvolvimento das ciências não somente no Brasil, mas para o benefício da humanidade.

São políticas desastradas como essa que dezenas de estudantes novos que se destacam nas universidades brasileiras estão deixando o País. Jovens doutores que gostariam de permanecer no Brasil realizando e se destacando em vários projetos que já despertaram outros governos, mas estão aceitando propostas de empresas estrangeiras para continuar seus estudos.

O valor específico para projetos de Ciência e tecnologia caiu de R$ 655,4 milhões para R$ 7,2 milhões. Do montante total, agora apenas R$ 52 milhões restaram para o pagamento de radiofármacos para o tratamento do câncer. Esse é um país que nunca valorizou a pesquisa científica, nunca valorizou os jovens que se dedicam bom tempo da sua juventude dentro de um laboratório pensando ajudar as pessoas que sofrem de inúmeras doenças ainda desconhecida ou com baixa descoberta para o seu combate.

Basta saber que atualmente o sistema de ciência e tecnologia no Brasil recebe somente pouco mais de 50% dos recursos que recebia em 2009. O que já não era o suficiente, está diminuindo ainda mais, mesmo em um momento de pandemia mundial, quando as nações estão reagindo no sentido de superar essas doenças e se precaver de outras possíveis, e coisa parecida, o Governo do Brasil nega ajuda para os cientistas.

Os políticos têm a obrigação de dialogar com a ciência. O Brasil vem perdendo muito talentos para os países onde se dá valor a quem estuda, pesquisa e descobre soluções para melhorar a qualidade vida das pessoas. Um corte de verba assim repentino, sem um entendimento com as sociedades e entidades científicas, com a academia, é sim uma tragédia anunciada para um futuro bem próximo. Nos Estados Unidos, Reino Unido, países da Europa e na China, os governos já têm programas definidos para atrair os chamados “cérebros abençoados” do mundo inteiro para desenvolverem seus talentos em excelentes condições de trabalho e recompensa econômica.

 

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