De Rejane sobre Lavras

Batista de Lima

 

Rejane Monteiro Augusto Gonçalves acaba de publicar a terceira edição de seu mais famoso livro, Lavras da Mangabeira, um marco histórico, 1757-2021. Fundamentada em vasta Bibliografia e em documentos contactados em fontes primárias, o livro é documento indispensável para quem quiser conhecer a história da bela Princesa do Vale do Salgado. É que Lavras continua lá, banhada pelas sagradas águas vindas dos contrafortes da Chapada do Araripe e que de passagem por Juazeiro do Norte trazem as bênçãos protetoras do Padre Cícero, fortificadas pelo poder das orações de milhares de romeiros que ali se concentram, vindos do Nordeste inteiro.

E por falar no famoso santo dos romeiros, o livro vem mais uma vez referendando a inquestionável liderança do Padre Cícero Romão Batista por toda a nossa região do agreste, e o respeito de que o mesmo desfrutava junto aos mandatários e ao povo de Lavras. Prova disso é que por ocasião da celebração do Pacto de Harmonia Política (04.10.1911) na Vila de Juazeiro do Padre Cícero, Lavras estava lá representada por João Augusto Lima, filho do Coronel Gustavo Augusto de Lima, chefe do município e avô da autora. Outra presença importante de Lavras deu-se por ocasião da Sedição de Juazeiro a partir de 1914, contra o governo de Franco Rabelo e vencida pelo povo do Cariri.

Nessa Sedição, Lavras teve também importante participação com o envio de bastante munição para os romeiros defensores de Juazeiro. Também foi estratégica a situação geográfica de Lavras nesse conflito por ser a porta de entrada para o Cariri. Essa luta da região contra o Governo de Franco Rabelo só terminou com a vitória dos ciririenses e a deposição do governador. Por tudo isso Lavras se firmou como importante ponto estratégico para o Cariri, tanto durante essa Revolução como no combate ao cangaceirismo e à coluna prestes.

Esse livro de Rejane é um retorno a Lavras a cada edição que surge. Nessas novas edições aparecem novidades históricas que ocorreram nos tempos dantes. Lavras é um balseiro de aconteceres, um monturo de fatos que a cada mexida que fazemos novidades vêm à tona. Por isso que a leitura se torna nova garimpagem nesse mina de aconteceres que não se esgota. Desta feita inclusive o tratamento religioso em torno da história eclesiástica da comuna traz novidades além das anteriormente narradas.

O historiador possui o condão de reconstruir tudo aquilo a que se refere. Consegue transformar ruínas em belas construções. A História é uma construção que se revigora a cada demão que recebe no seu corpus. Por isso é que o leitor que já leu a 1ª e a 2ª edições desse livro tem a oportunidade de ver essa construção pela terceira vez refeita. No caso de Lavras, Rejane cuidou de pedir a bênção a São Vicente Ferrer para contar essa bela história em que a religiosidade se destaca. Daí que ela dedica grande parte da obra a descrever cada paróquia do município bem como as capelas com seus padroeiros.

Essa preocupação da autora com o viés religioso que povoa a história daquele povo leva o leitor a concluir que é impossível construir a nossa saga sem colocar à frente dos fatos o poder da fé. São inúmeros templos religiosos que se espalham pelo município, tendo cada um sua história descrita pela autora. Não é fácil, pois, ser tão criterioso numa pesquisa que a cada momento evolui com novos acontecimentos. Assim, desde o surgimento da pioneira capela de São Vicente, hoje matriz da paróquia lavrense, muitos templos foram surgindo, todos eles construídos pelas populações autóctones.

A leitura desse livro de Rejane é sempre um retorno a Lavras. Mesmo sendo uma terceira edição, seu texto traz novidades pois a história se escreve no dia-a-dia. Fatos novos aparecem, principalmente com a atualização dos nomes dos prefeitos e vereadores que apareceram no cenário após a publicação da 2ª edição. Afinal a história é dinâmica. Ela aconteceu e acontece. É passado e é presente. Entre esses dois extremas Rejane se coloca porque a história é a mestra da vida e a mais comprovada das ciências.

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