O golpe dos brasileiros mais ricos nas Americanas

Os braços fracos das instituições anêmicas do Estado brasileiro já sabem que, no poço do jogo sujo de balanços, há indícios de uma grandiosa fraude envolvendo três homens entre os 10 mais ricos do Brasil.

Mas sabem também que no atual momento de debilitação das nossas instituições, as informações disponíveis para recuperar e criminalizar Jorge Paulo Lehmann, Beto Sucupira e Marcel Telles, donos das Americanas, estão muito distantes de serem comprovadas.

No momento a sociedade apenas está em choque. Sim, porque ninguém pensa ou acredita que uma organização secular que se apresentava com tanta desenvoltura, desempenho e desembaraço no potente varejo brasileiro, chegue ao ponto de anunciar ao mercado sua falta de condições de honrar seus compromissos financeiros. São mais de mil lojas espalhadas por todo o Brasil, com cerca de 45 mil funcionários.

É quase inacreditável que a “Americanas S.A”, fundada por americanos no Brasil em 1929, depois de uma estranha mudança de composição societária, estivesse em tamanho embaraço, à beira da falência, anunciado um rombo que pode passar do 40 bilhões de reais.

“É só no Brasil” — já vem alertando a população brasileira, chegando a acreditar que quem vai pagar essa conta é o povo, caso o Governo faça o que já fez antes, quando o sistema financeiro nacional também teve uma crise parecida.

É o maior escândalo da história do moderno mercado de capitais brasileiro, conforme a mídia. Estou dizendo do mercado de capitais, não se trata de traumas comercias ou de crises econômicas, é realmente roubo. Os três homens mais ricos do Brasil são suspeitos de articular o maior golpe financeiro da história nacional.

Se fossem ou forem condenados nos Estados Unidos, poderão ir para a prisão, mesmo que devolvam esses bilhões aos seus financiadores e fornecedores, muitos dos quais pequenas e médias empresas nacionais. Além do estrago que esses homens causaram ao mercado de varejo e financeiras (desemprego, passivos nas mãos de milhares de pequenos empresários etc.), a fraude também é muito destrutiva da credibilidade, não somente do setor financeiro, mas das instituições brasileiras em geral.

Já se sabe que a quadrilha se articulava há cerca de 10 anos montando o golpe, conforme pesquisas já publicadas por agências do setor. Uma das piores consequências da roubalheira, é justamente a quebradeira de fornecedores (fabricantes) que provoca. Muitos produziam especialmente para a rede varejista, como as fabricantes de ovos de páscoa, por exemplo.

Os milhares de lojas em shoppings e nas ruas, como também os armazéns de e-commerce tendem a definhar sem a renovação de estoque. É um estrago generalizado tanto na nossa microeconomia, como também na macroeconomia, com repercussão muito negativa para a empregabilidade dos cidadãos brasileiros.

Nos Estados Unidos sabe-se que credores não acreditam mais na possibilidade de ter seus direitos resguardados pela justiça brasileira, depois de serem informados que o irmão do ex-presidente do Tribunal de Justiça do Rio foi contratado para representar “as Americanas” no processo de Recuperação Judicial.

Esses processos já começam a ser articulados, para serem protocolados no Tribunal de Nova York por fundos de investimentos que viram as centenas de milhões de dólares investidos em ações das Lojas Americanas virarem pó, depois da descoberta da fraude no Brasil.
“É o Brasil” — país de leis fracas com imagem de impunibilidade.

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