IPP – Inflação da indústria acelera em maio pressionada por alta de alimentos
Os preços da indústria subiram 1,22% em maio frente ao mês anterior, maior resultado desde maio de 2019, quando registrou 1,39%. Os dados são do Índice de Preços ao Produtor (IPP), divulgado hoje (1) pelo IBGE. É o décimo aumento consecutivo do indicador, que mede a variação dos preços de produtos na “porta da fábrica”, sem impostos e frete, de 24 atividades das indústrias extrativas e da transformação. Com o resultado de maio, o acumulado no ano atinge 3,37%. Já nos últimos 12 meses a inflação da indústria foi de 4,60%.
O gerente da pesquisa, Alexandre Brandão, explica que a desaceleração na queda do preço do petróleo e o aumento no preço dos alimentos foram os fatores que mais influenciaram o índice de maio. “Em abril, tivemos uma queda muito grande em refino de petróleo (-20,61%) e em maio continuou havendo uma queda, mas foi muito menor (-5,78%), enquanto os outros setores não apresentaram muita diferença entre esses dois meses. Alimentos, que é o setor mais importante, já vinha de um aumento de preços e agora aumentou mais. Então esses dois movimentos levaram o índice a 1,22%”, analisa. Em abril, o índice geral foi 0,11%.
Os preços no setor de alimentos, que têm maior peso no cálculo do IPP (25,99%), cresceram 2,47% em maio frente ao mês anterior. Em maio, o setor foi responsável por 0,60 pontos percentuais no índice geral dos preços da indústria. Para o pesquisador, a alta no setor de alimentos segue sendo influenciada pela desvalorização do real frente ao dólar. “Em maio, tivemos uma depreciação de 6% do real, que é menor do que tivemos nos meses anteriores. Mas esse acúmulo tem um efeito sobre os preços dos produtos que mais influenciaram o setor, já que eles são voltados principalmente para exportação”, comenta Brandão.
Os produtos que mais influenciaram o aumento de preços no setor de alimentos foram carnes de bovinos frescas ou refrigeradas, açúcar VHP, e resíduos da extração de soja, que variaram positivamente nesse mês. Já a diminuição no preço de carnes e miudezas de aves congeladas, quarto produto que mais teve influência sobre o setor, deve-se, segundo o pesquisador, principalmente a fatores internos como o aumento do desemprego e a consequente tendência de diminuição na demanda por esse tipo de carne.
Além de alimentos e refino de petróleo e produtos de álcool, os setores que mais influenciaram o índice geral foram indústrias extrativas e veículos automotores. Em maio, 16 das 24 atividades apresentaram variações positivas de preços. As maiores variações foram observadas entre os produtos das seguintes atividades: indústrias extrativas (9,13%), refino de petróleo e produtos de álcool (-5,78%), outros equipamentos de transporte (4,57%) e têxtil (4,36%).