Preparação para Enem 2022 deve prever questões sobre pandemia
Livros do Ensino Médio já trazem exemplos com taxa de transmissão e contágio pela doença
Das manchetes de jornais de todo o mundo para as páginas dos livros didáticos, a pandemia de covid-19 percorreu um caminho quase tão rápido quanto o do próprio Sars-Cov-2. Desde 2021, conteúdos formais de várias etapas da Educação Básica já trazem oficialmente fatores relacionados à pandemia como exemplo para ensinar os estudantes de todo o Brasil. Agora, o evento deve começar a ser cobrado também no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Com o prolongamento do problema ao longo dos últimos dois anos, a covid-19 se tornou uma vivência impossível de ser ignorada pelas mais diversas áreas de conhecimento e atuação. Do trabalho à vida familiar, das políticas sociais à saúde, todos os aspectos da vida – e em praticamente todo o planeta – foram afetados pela doença. Com a escola não é diferente. Para a coordenadora editorial do Sistema Positivo de Ensino, Milena dos Passos Lima, “educadores do mundo todo já entenderam há muito tempo que a escola não é a preparação para a vida, mas a própria vida. A pandemia impactou desde a estrutura familiar à rotina e há muitos aprendizados que tivemos neste período, então não temos como fugir desse tema na Educação porque ele marcou profundamente a história da humanidade e vai se refletir nos temas de aulas e materiais didáticos”.
Em Matemática, por exemplo, a taxa de transmissão do vírus já está sendo usada para ensinar progressão geométrica, mas não para por aí. Na mesma disciplina, os números impressionantes relacionados à pandemia podem ajudar a falar sobre estatística. Em Biologia, toda a questão genética e de virologia podem passar a ser cobradas no Enem, como as mutações que dão origem às muitas variantes do vírus. “Os gráficos, muito comuns no exame, também são fundamentais para compreender a pandemia e, por isso, poderão ser usados na prova para cobrar interpretação dos estudantes”, ressalta a especialista. Em História, ela sugere que lições deixadas por pandemias passadas podem aparecer combinadas e comparadas às que estão sendo aprendidas agora. “O tema também pode ser abordado por componentes como Geografia e Sociologia, tratando, por exemplo, sobre o acesso das pessoas às formas de prevenção, como máscaras e álcool em gel. Química, Física e outras disciplinas também têm na pandemia a possibilidade de tratar de temas da vivência extraclasse”, complementa.
Assunto deve permear toda a vida escolar
Eventos históricos da grandeza desta pandemia dominam as experiências de pessoas de todas as idades. Por isso, segundo Milena, a covid-19 “vai ser um recurso importante para alunos da Educação Infantil até o Ensino Médio. O material didático tem a função de trazer conteúdo relevante e compartilhar significados com alunos e professores. Então, é natural que, no processo de atualização desse material, a pandemia apareça sob diferentes olhares, nas mais variadas disciplinas”. Dessa forma, diz a especialista, os estudantes têm muitas oportunidades de aprendizado não apenas fora da escola, como já vem acontecendo, mas também – e principalmente – dentro dela.
Para a especialista, o ponto de partida de qualquer aprendizagem significativa é tudo aquilo que o aluno já sabe. Assim, valorizar as experiências de cada família com a pandemia pode ser riquíssimo, segundo ela. “Podemos discutir como foram desenvolvidos os mecanismos de prevenção à covid-19 e outras doenças, analisar como a humanidade responde a uma situação de pandemia, entre outras possibilidades”, detalha Milena. Ela explica que, no material do Sistema Positivo de Ensino, esses aprendizados já aparecem para propor uma aprendizagem significativa e conectada à realidade dos estudantes. “As vivências são muito importantes e podem alavancar temas complexos, aprofundar aprendizagens e até impulsionar as carreiras dos alunos.”
Na edição de 2021 do Enem, os estudantes não precisaram responder a questões envolvendo a pandemia. Isso aconteceu porque o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo exame, tem um banco de questões que serve de base para preparar a prova e novas questões passam por um processo longo de aprovação antes de aparecerem no Enem.