Precursor da filosofia moderna apresenta conceito de Fenomenologia em livro

Meditações Cartesianas, de Edmund Husserl, trouxe um novo ponto de vista para a humanidade: a Fenomenologia, um método de investigação filosófica que revela a importância dos fenômenos da consciência

Fenomenologia. A palavra surgiu a partir do grego phainesthai, que significa “aquilo que se apresenta ou que se mostra”, e logos, sufixo relativo a “estudo”. A metodologia faz parte da investigação filosófica fundada pelo matemático e filósofo alemão Edmund Husserl, um dos precursores da filosofia moderna. O método trouxe um novo ponto de vista para a humanidade e foi revelado no livro Meditações Cartesianas, lançada no Brasil pela Editora Edipro.

A explicação de Husserl para Fenomenologia é que todo os fenômenos do mundo devem ser pensados a partir das percepções mentais de cada indivíduo. O filósofo transformou a maneira de investigar a filosofia e desenvolveu um método no qual a verdade é “provisória”. Ou seja, algo só é considerado verdadeiro até que um novo fato mostre o contrário, com a criação de uma nova realidade.

“Isso se transpõe manifestamente, então, segundo a constituição do mundo objetivo com seu tempo objetivo e seus seres humanos objetivos enquanto possíveis sujeitos pensantes, também aos constructos ideais que, de sua parte, se objetificam, e à sua omnitemporalidade objetiva, em cujo caso se torna compreensível o contraste com as realidades objetivas como espaço-temporalmente individualizada. ”

 (Meditações Cartesianas, página 143)

Um exemplo bastante difundido dentro desta linha de pensamento é a imaginação de um quadrado. Ao pensar a forma geométrica, não importa o tamanho que tenha, grande ou pequena, sempre será um quadrado em sua essência na mente das pessoas. Uma das áreas de conhecimento que utiliza a Fenomenologia como base de estudo é a psicologia, que busca entender como os pacientes percebem o mundo.

Apesar de não ter publicado em vida o texto original, escrito em alemão, o próprio Husserl previa que o compilado (retirado de palestras apresentadas por ele na Universidade de Sorbonne em 1929), seria uma das suas obras-primas. Os especialistas definem Meditações Cartesianascomo a exploração do caminho de pensamento que conduz até a Fenomenologia.


Ficha técnica: Fenomenologia de Husserl
Editora: Edipro
Assunto: Filosofia/Fenomenologia
Preço: R$ 69,00
ISBN: 978-85-521-0034-8
Edição: 1ª edição, 2019
Tamanho: 16×23
Número de páginas: 176

Sinopse: Apresentada na Sorbonne em 1929, traduzida para o francês em 1931 e publicada postumamente em 1950, esta obra contém in nuce todo o horizonte das polêmicas reflexões epistemológicas da última fase produtiva de Edmund Husserl. Concluído o diagnóstico da crítica da razão lógica, ou da lógica formal de corte fregeano, só então abria-se o caminho rumo à pesquisa dos princípios, agora já não mais nomológicos, mas normativos, em que se ancoraria a outra face da ciência, não menos científica, mas concretamente humana. Daí o pathos das Meditações: meditar mais profundamente do que o fizera a seu tempo Descartes; e nesse fundo-sem-fundo, nessa epoché insuspensa, encontrar não mais res cogitans, Deus veraz e res extensa matemática, mas agora o eidos ego, ou seja o alter ego e a intersubjetividade. Qual o significado tão polêmico disso? A filosofia e, com ela, as ciências sociais instituíam para si próprias e para os seus idiossincráticos objetos constituição sui generis, subvertendo o paradigma hegemônico do positivismo. Husserl, contudo, ainda o fazia em nome de uma philosophia perennis, de uma verdadeira ciência. Quando a década de 1960 soube desonerar-se de tais fantasmas, então epistemologias, no plural, tomaram a cena, concretizando a radicalidade impensada do projeto crítico husserliano. Via introdutória privilegiada ao núcleo polêmico da última etapa da produção husserliana, as Meditações Cartesianas, que a leitora e o leitor encontram aqui traduzidas, apresentadas e anotadas, expressam no átimo de um único experimento filosófico os conflitos de toda uma época.

Sobre a autor: Depois de encerrar em 1928 longa e célebre carreira como professor de filosofia em importantes centros universitários da Alemanha, Husserl – àquele tempo já citado por Heisenberg e Weyl – de repente inflama o cenário científico-filosófico europeu de tal maneira, “preenche” a conturbada década de 1930 com tal intensidade, a ponto de se tornar inevitável às reflexões de Gödel e Wittgenstein. São três os pontos nodais desse percurso meteórico do derradeiro Husserl: (1) a publicação em 1929 de Lógica formal e transcendental; (2) no mesmo ano, o empreendimento das Meditações Cartesianas; (3) a detalhadíssima reconstrução historiográfico-genética (via Galileu, Descartes e Kant) do traçado fundamental da Crise das ciências europeias. É evidente, portanto, que o último Husserl tenha exercido papel dos mais significativos nos contextos de formação de importantíssimas correntes filosófico-críticas do século XX, e que seu estudo tenha se tornado, por isso, simplesmente incontornável.

Sobre o tradutor: Fábio Mascarenhas Nolasco é Doutor em Filosofia pela Unicamp e Professor de Epistemologia da UnB.

Sobre o revisor técnico: Tommy Akira Goto é Mestre em Filosofia e Ciências da Religião pela Universidade Metodista, Doutor em Psicologia pela PUC, e membro-colaborador do Círculo Latino americano de Fenomenologia.

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