Micro e pequenas empresas têm recorde de inadimplência

A inadimplência entre as micro e pequenas empresas atingiu níveis elevadíssimos no Brasil, com um recorde de 6,55 milhões de negativações, de acordo com o mais recente levantamento realizado pelo Serasa Experian. Destas, 5,80 milhões são empresas de pequeno porte, representando um aumento significativo em relação ao cenário observado em julho do ano anterior. O dado ainda revela um acréscimo de 27 mil empresas inadimplentes em comparação entre junho e julho. No Ceará, conforme o último dado apresentado pelo Serasa, 159 mil empresas estavam inadimplentes.

De acordo com o advogado empresarial Abimael Carvalho, especialista em direito empresarial e presidente da Comissão Recuperação Judicial e Falências da OAB/CE, é preciso entender um ‘efeito cascata’ que acontece no cenário brasileiro. “O varejo foi muito e severamente prejudicado durante os últimos meses, atingindo em cheio micro e pequenas empresas que tinham nas grandes varejistas o grande cliente, e que foram atingidas diretamente, muitas precisando também recorrer à alternativa da Recuperação Judicial (RJ) para buscar soerguimento – efeito em cadeia. E o estudo também mostra que foi este o setor que mais requereu o processamento de RJ. Constata-se, portanto, que as pequenas empresas são inevitavelmente arrastadas pelas crises dos empreendimentos de grande porte e seu impacto é o primeiro a se apresentar numericamente”, aponta.

Planejamento

O cenário de incerteza traz à tona a importância de um planejamento financeiro sólido para as empresas, especialmente as de menor porte, que são particularmente vulneráveis às oscilações econômicas e às crises. Diante desses números, Abimael Carvalho ressalta a importância de gestores e empreendedores adotarem medidas eficazes para evitar a negativação do CNPJ em 2024.

“É importante que possamos entender as etapas para evitar futuras inadimplências nos negócios. Em primeiro lugar, consideramos que é preciso uma gestão financeira eficiente, que começa com uma análise do fluxo de caixa da empresa. Manter os registros precisos das receitas e despesas, identificando padrões de gastos e cortando despesas supérfluas. Outro ponto é a revisão de dívidas. Caso já esteja endividado, busque renegociar as dívidas com fornecedores e instituições financeiras. Muitas vezes, é possível conseguir condições mais favoráveis para o pagamento”, elenca.

Além destes pontos, ainda é preciso trabalhar em reserva de emergência, planejamento estratégico e planejamento tributário. “Com o novo modelo tributário, a inadimplência e o endividamento vão continuar elevados e tendem, até mesmo, a aumentar. Se as empresas enfrentarem aumentos substanciais na carga tributária ou se forem introduzidas obrigações fiscais adicionais, isso pode pressionar suas finanças e aumentar a inadimplência, especialmente para aquelas já em situação financeira delicada. É interessante consultar um especialista para revisar sua estrutura econômico-financeira otimizando suas despesas, reordenando suas dívidas e otimizando a carga tributária da sua empresa, preparando seu negócio para as turbulências que se avizinham e adequando-a às alterações legislativas”.

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