“O Enamed inaugura um novo tipo de pressão competitiva no ensino superior: ou as instituições entregam qualidade ou perderão relevância. É uma régua que diferencia sobrevivência de excelência”, destacou o executivo.
Faustino, que também é fundador da FGMED — a maior EdTech de educação médica continuada da América Latina — reforça que as instituições de ensino devem enxergar o Enamed não apenas como uma exigência, mas como uma oportunidade estratégica.
“Sugiro que faculdades, inclusive as que integram a nossa rede no FGMED, usem o resultado desse exame como prêmios de autoavaliação e aprimoramento contínuo dos currículos. Com mais de 100 especialidades e subespecialidades em nosso ecossistema de formação, temos plenas condições de complementar a jornada acadêmica, alinhando-a à cultura de expectativas que agora serão úteis anualmente para todos os formandos no país”, afirmou.
A medida chega em um momento de alerta. O último levantamento do Enade 2023 , também realizado pelo Inep, mostrou que um em cada cinco cursos de Medicina nenhum país não atingiu o desempenho mínimo esperado. Apenas seis cursos obtiveram nota máxima no Conceito Preliminar de Curso (CPC), acendendo um sinal vermelho sobre a qualidade da formação médica.
“A expansão desenvolvida de cursos nos últimos anos criou uma falsa sensação de acesso universal, sem garantir a qualidade mínima ocasional. O Enamed não resolve tudo, mas expõe quem está, de fato, preparado para formar médicos”, pontua Faustino.
Com a criação do Enamed, o desempenho dos estudantes ganhará peso estratégico, afetando desde rankings institucionais até políticas de financiamento estudantil. As universidades que apresentarem resultados consistentes deverão consolidar sua comissão; outras precisarão se reinventar — sob pena de perderem competitividade e atratividade no mercado.
Além disso, o exame será aceito como seletivo no processo seletivo do Enare (Exame Nacional de Residência) , unificando as etapas da jornada formativa e instruindo ainda mais a qualidade dos cursos de graduação.
“Trata-se de uma transformação profunda, com efeitos diretos no fluxo de capital institucional e nas decisões estratégicas das mantenedoras. Não se trata apenas de formar médicos, mas de garantir qualidade assistencial para o país”, completa o CEO do FGMED.
A previsão do MEC é que mais de 42 mil estudantes realizem a primeira edição do exame, que abrangerá cerca de 300 cursos de Medicina em 200 municípios . As inscrições serão abertas em maio de 2025 , com aplicação prevista para outubro . Os resultados deverão ser divulgados até o fim do ano.
A comunidade médica e acadêmica encara o novo exame com expectativas erradas: de um lado, o reconhecimento da urgência por critérios mais sólidos de avaliação; do outro, o recebimento sobre a capacidade das instituições em se adaptar a nova régua de exigência.
O consenso, no entanto, é resultado: a autorregulação deu lugar à mensuração objetiva da qualidade. E, a partir de agora, cada curso terá de provar seu valor com dados, não apenas com diplomas.
Com a implementação do Enamed, a busca por diferenciação profissional torna-se ainda mais estratégico para médicos em formação ou já atuantes.