Efeito coronavírus: CNC projeta queda de 6,1% no PIB em 2020
Confederação prevê quadro recessivo a partir do segundo trimestre, após retração de 1,5% nos três primeiros meses do ano
O presidente da Confederação, José Roberto Tadros, ressalta que o desempenho do PIB no primeiro trimestre refletiu apenas os danos iniciais provocados à economia brasileira pelo surto de covid-19: “Os efeitos se tornaram mais significativos a partir da segunda quinzena de março, quando uma série de decretos estaduais e municipais impôs restrições ao nível de atividade econômica, especialmente nos setores do comércio, nos transportes e nos serviços em geral”. De acordo com Tadros, “a gradual recuperação da economia observada antes da eclosão da pandemia deverá se reverter em um quadro recessivo a partir do segundo trimestre”.
Segundo o economista da CNC Fabio Bentes, os indicadores referentes ao segundo trimestre apontam uma deterioração ainda mais significativa do nível de atividade econômica a partir de abril. “Somente no último mês, de acordo com o Ministério da Economia, o mercado formal de trabalho registrou o pior saldo da história, com menos 860,5 mil postos, entre admissões e demissões. Em todo o ano passado, foram geradas 642,9 mil vagas formais de emprego”, destaca Bentes, acrescentando que nem mesmo a menor taxa básica de juros da história serviu de estímulo à contratação de recursos para investimentos ou para consumo final. “De acordo com dados do Banco Central, na passagem de março para abril a concessão de crédito totalizou R$ 310 bilhões (-16,5% em relação a março), voltando, assim, ao nível registrado exatamente há um ano (R$ 309 bilhões).”
Serviços e consumo
Pela ótica da produção, o setor de serviços (-1,6%) foi o que mais sentiu os efeitos da retração nos três primeiros meses de 2020, especialmente por conta das quedas nas atividades de transportes e correios (-2,4%) e de informação e comunicação (-1,9%). No lado da demanda, as despesas de consumo das famílias (-2%) acusaram a maior contração desde a crise do apagão no terceiro trimestre de 2001 (-3,1%), sendo o principal responsável pela retração da economia.
Já os investimentos, representados nas Contas Nacionais pela Formação Bruta de Capital Fixo (+3%), foram o destaque positivo, por conta das importações de máquinas e equipamentos no setor de óleo e gás. “Ainda assim, a relação FBCF/ PIB segue em nível historicamente baixo (15,8%), se comparado ao período anterior à recessão de 2015-2016, e tende a apresentar queda diante do aumento das incertezas que cercam a economia no segundo trimestre”, conclui Bentes.