De grandes obras a prevenção de catástrofes, conheça as funções das redes geodésicas
Estação maregráfica de Fortaleza auxilia estudos sobre o Atlântico Sul – Foto: Salomão Soares
• IBGE mantém seis estações maregráficas e 150 estações de monitoramento contínuo do sistema de posicionamento global por satélites.
• Demarcação de terras, estudos científicos e alertas de tsunami são atividades que fazem uso dessas redes.
• Dados de todas as estações são de livre acesso e podem ser baixados no portal do IBGE.
• Relatórios sobre a avaliação dos dados históricos coletados pelas estações serão publicados em dezembro.
Definir as coordenadas para as obras de infraestrutura. Demarcar terras agrícolas. Detectar perturbações na atmosfera que possam interferir na transmissão de energia elétrica. E até alertar para o perigo de tsunami no Atlântico Sul. Você sabe o que todas essas tarefas têm em comum? Elas são facilitadas pelo IBGE, através da Rede Maregráfica Permanente para Geodésia (RMPG) e da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo dos Sistemas GNSS (RBMC).
Os dados são de acesso público e podem ser baixados em arquivos atualizados diariamente na RBMC e na RMPG. Relatórios que fornecem detalhes técnicos das estações e informações históricas necessárias para o uso e processamento desses dados também estão acessíveis ao público em ambas as redes.
Ao todo, o IBGE mantém seis estações maregráficas ativas, localizadas nas cidades de Imbituba (SC), Arraial do Cabo (RJ), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Belém (PA) e Santana (AP). Cada uma delas é equipada com dois sensores de nível d’água, a fim de observar as variações do nível do mar para estudos climáticos e para vinculação de sistemas altimétricos costeiros às altitudes oficiais do Sistema Geodésico Brasileiro.
As informações produzidas pelas estações da RMPG são úteis para diversas aplicações, como redução de sondagens para conservação e ampliação da capacidade de portos e vias navegáveis, implantação de infraestrutura (portos, rodovias, redes de água e esgoto) em regiões litorâneas e estudo de possíveis medidas de adaptação e mitigação dos impactos da elevação global do nível do mar.
No âmbito internacional, ela contribui para o Programa Global de Observação do Nível do Mar e para o Programa de Alerta de Tsunami do Caribe, da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da Unesco, que apresentava significativa carência de informações no Atlântico Sul.
“A cada minuto, temos o registro de nível d’água das estações, e a cada 5 minutos enviamos para os bancos de dados as informações captadas”, explica Salomão Soares, gerente de Redes Verticais do IBGE. A transmissão de dados é feita tanto por antena de telefonia quanto por satélite. “Esta duplicidade é fundamental para garantir a manutenção da oferta deste serviço para sociedade, no caso de problemas com algum deles”, relembra o técnico. E se tudo falhar na transmissão? “Nesse caso, ainda temos um último recurso: o cartão de memória da estação, que grava todos os dados”, argumenta Salomão.
De forma similar, existem 150 estações da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo dos Sistemas GNSS (Global Navigation Satellite System) trabalhando diuturnamente com dados de navegação por satélite. A configuração de cada estação nada mais é do que um marco geodésico (geralmente, uma estrutura de concreto na forma cilíndrica) no topo do qual é instalada uma antena conectada a um receptor. Este decodifica os sinais recebidos pela antena e transmite os dados via internet. De acordo com as estatísticas de uso dos arquivos diários, são realizados em média 600 mil downloads por mês.