As vésperas do Dia Internacional da Saúde Mental, 92% das escolas particulares do Brasil apontam que o tema é prioritário nas instituições de ensino
Desde 1992, o dia 10 de Outubro, por iniciativa da World Federation for Mental Health, se tornou a data para chamar a atenção pública para um assunto que ainda é tabu em muitas famílias e comunidades: a Saúde Mental. Em 2018, o tema foi escolhido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), nominado de “Os jovens e a saúde mental em um mundo de transformação”, o objetivo foi chamar a atenção para o reconhecimento da causa do sofrimento por problemas mentais e promoção de saúde mental em adolescentes e jovens adultos.
Desde então, o tema e a data vem ganhando mais espaço e prioridade também dentro das Escolas Particulares do Brasil, em atenção a este fato um levantamento realizado pela Meira Fernandes, empresa especializada em soluções para Escolas Particulares, durante o primeiro semestre de 2023, de maneira on-line e presencial, apresentou números que chamam a atenção de Coordenadores Pedagógicos e Mantenedores da Educação no Brasil.
A pesquisa realizada com mais de 1.500 escolas em diversos estados do país apontou que 73,21% das Instituições de Ensino passaram por algum tipo de episódio de Bullying e em muitas delas, cerca de 15%, com mais de 10 casos de diversas naturezas.
“Nossa pesquisa só reforça, infelizmente, o atual momento que estamos vivendo nas escolas. De quando estávamos com aulas remotas/digitais a incidência de Bullying era algo em torno de 57,14% nos registros de professores e coordenadores, porém, saltou espantosamente nos últimos meses nas aulas presenciais em mais de 16% – chegando nos 73,21%. O que torna a discussão e as ações de prevenção ainda mais emergenciais”, aponta Mabely Meira Fernandes, Diretora Jurídica da empresa.
A pesquisa que foi respondida por mantenedores e ouviu escolas que atualmente possuem mais de 51.500 matrículas espalhadas por diversas regiões, um dado fica evidente: a idade dos casos de Bullying, que tem uma grande penetração na tenra adolescência, que é quando o aluno entra no Ensino Fundamental II, entre 11 e 15 anos, onde o processo acelera e toma proporções assustadoras, já que, dos casos reportados 62,50% deles estão acontecendo no chamado fundamental II. Quando somado aos casos do Fundamental I são mais de 77% de todas as situações de Bullying nas escolas.
“Sem dúvida quando olhamos os números e os gráficos, vemos um pico de casos na soma do FUND I e II. No infantil, os números são pequenos em média 3,5% e no médio com cerca de 10%, ou seja, na inocência dos pequenos e no início da consciência da maturidade, os casos de bullying começam a se esvaziar – claro que não podemos descuidar das pontas, porém, o trabalho e atenção precisa estar centrada no Fundamental”, complementa Mabely Meira Fernandes.
Outro dado importante da pesquisa é a motivação dos casos ocorridos – o que se tornou alvo de muitas discussões mediante a série de ataques que aconteceram nas escolas espalhadas em todo país durante o primeiro semestre de 2023 e em anos passados.
Motivações Diversas – de natureza quase sempre absurdas – alcançaram 43%, seguida de perto pela mais praticada e intensa de todas que é a violência psicológica, com mais 30% – casos como Racismo vem crescendo e já superam os 10%, seguido por eventos de depreciação de Classe Social com 5,36%, Xenofobia e Homofobia ambos com 1,79% dos relatos consequentemente.
“Nossa empresa tem como objetivo estar junto aos mantenedores e orientá-los em todas as áreas para que suas escolas sejam fortes e um efetivo porto seguro para pais e responsáveis – para nós é impossível ignorar esses tipos de situações sem prover aos nossos parceiros e clientes informação, orientação e conteúdo de qualidade. Por esta razão, além da pesquisa, firmamos uma parceria com o Instituto AME SUA MENTE (uma das entidades mais respeitadas sobre o tema), e provemos um encontro presencial com a participação de mais de 120 escolas com palestras e discussões de como desenvolver campanhas eficazes de combate ao Bullying, Saúde Mental e desdobramentos que podem ser causas prévias até de suicídio de jovens e adolescentes. O resultado foi muito importante, pois não são apenas os alunos que estão sofrendo os impactos dessas questões”, diz Husseine Fernandes – Sócio Diretor.
Além dos alunos, o corpo docente/administrativo dentro das escolas também está sob forte pressão e os resultados da pesquisa apontam que 85,71% dos professores, coordenadores, assistentes e profissionais das escolas estão procurando a direção das instituições com relatos cada vez mais frequentes de depressão, síndrome do pânico, ansiedade e outras doenças que abalam a saúde mental da base da educação brasileira.
O que é um número muito próximo quando analisamos os alunos isoladamente, já que 91,07% das escolas tem registrado os mesmos casos/sintomas com os estudantes – números que são extremamente altos e preocupantes.
Os relatos são os mais impensados possíveis, casos de bulimia com 2% das ocorrências, síndrome do pânico com 6%, automutilação com 6%, fobia social com 2% e outros tantos são as consequências – mas os grandes vilões são sem dúvida a ansiedade com 63% dos relatos e a depressão com 17% – somadas as duas doenças equivalem a 80% dos relatos do agravamento da saúde mental nas instituições de ensino.
A reação das escolas particulares tem sido rápida e muitas das entidades respondentes, 60,71% delas afirmaram que tem implementado programas que visem a saúde mental de alunos, professores e demais colaboradores.
“As escolas particulares realmente estão engajadas, preocupadas e investindo para prover a seus alunos, professores e corpo administrativo acompanhamento e apoio; porém, o segmento precisa acelerar a atenção a saúde mental – 40% delas disseram em nosso estudo que não tem programas específicos e isso quando pensamos em um país com dimensões continentais como o Brasil equivale a mais de 17.100 escolas”, observa Husseine Fernandes.
Já quando a pesquisa faz um recorte específico e isola a questão do Bullying, 76,79% das escolas afirmam ter algum tipo de programa de combate ao problema sendo desenvolvido na rotina da instituição.
A preocupação das Escolas Particulares é real já que as consequências e os impactos estão evidentes e ganhando proporções alarmantes nos últimos meses, mas além dos fatos amplamente divulgados e das infelizes ocorrências do primeiro semestre, outro dado da pesquisa que reforça que este seja o tema das escolas nos próximos anos é sobre o conhecimento de mortes em decorrência de casos de Bullying.
Quando perguntamos aos mantenedores e coordenadores: – Você, enquanto gestor escolar, tomou conhecimento ou foi informado sobre casos concretos de Suicídio em decorrência de Bullying na sua escola ou escolas da região? Mais de 41,07% dos respondentes disseram que sim – que tomaram conhecimento de casos nas regiões onde atuam.
Não à toa, os respondentes – mais de 75%, disseram que este é um assunto de grande prioridade para as instituições de ensino nos próximos meses (dando 10 – em uma escala de 0 a 10), a maioria reforçou a necessidade e atenção da gestão, professores e pais em torno dos temas da saúde mental e bullying – quando somamos as notas entre 8 a 10, a amostra de prioridade da questão sobe para 92,86% dos participantes – o que torna urgente e prioritária a ampla discussão como a que vem sido promovida pela Meira Fernandes ao longo de 2023.
“É por esta razão, pela urgência e necessidade de falar sobre o tema que realizamos o 1º ENCONTRO DE SAÚDE MENTAL, BULLYING E SUICÍDIO NAS ESCOLAS, onde tivemos muitas escolas no encontro e dois focos importantíssimos tratados. O primeiro Como Desenvolver Medidas Antibullying e Suicídio dentro da instituição e o segundo sobre A Importância da Saúde Mental na Escola, em parceria com o Instituto Ame Sua Mente (uma das mais respeitadas entidades pesquisadoras sobre o tema), trouxemos o Dr. Gustavo Estanislau, que além de pesquisador do tema é organizador do livro “Saúde Mental na Escola: o que os educadores devem saber” – também é Médico Psiquiatra, especialista em Psiquiatria da Infância e da Adolescência pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre (UFRGS e como membro do Grupo de Estudo de Adições Tecnológicas (GEAD) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que em sua palestra tratou questões delicadas e importantes sobre desenvolvimento de campanhas, orientações efetivas para medidas antibullying para alunos, medidas de como agir para o corpo diretivo da escola e também para os pais – como eles precisam agir e amparar seus filhos em situações assim. Foi, sem dúvida, uma troca muito positiva para as escolas”, finaliza Mabely Meira Fernandes.