As urnas eletrônicas e o nosso “complexo de vira-latas”

Quando falamos em urnas eletrônicas, automaticamente vem a nossa mente a imagem daquela caixinha branca com botões para digitarmos o número dos candidatos. Porém, este conceito é muito mais amplo e envolve todo um sistema…

Começo esse artigo com uma das máximas da doutrina de segurança, que diz que “nenhum sistema é 100% seguro” e, assim como ao viajarmos de avião, usarmos um elevador ou até mesmo andarmos de carro, não podemos garantir com 100% de certeza que nada de errado acontecerá, mas aceitamos a baixíssima probabilidade de algo de errado acontecer e vivemos normalmente as nossas vidas no cotidiano de nossos dias.

Esse gigantesco sistema de voto envolve a utilização de softwares (programas), hardwares (equipamentos) e material humano qualificado para atuar em todas as fazes do processo, com o intuito de impedir que ameaças externas possam comprometer a lisura do sistema, e assim tem sido nos últimos 25 anos, sem qualquer comprovação de fraude ou adulteração.

Ao contrário do que alguns insistem em pregar, as urnas e o sistema eleitoral brasileiro são sim auditáveis, antes, durante e depois do pleito eleitoral, inclusive com a participação e anuência dos representantes dos partidos políticos.

Porém ainda existem aqueles incrédulos, e em alguns casos inescrupulosos e de má fé que emitem falsos comentários e informações sobre a possibilidade de hackers invadirem as urnas e alterarem o resultado da eleição, fato este impossível pois as urnas eletrônicas brasileiras não são conectadas a internet e não tem nenhum dispositivo físico ou programa em seu interior que permita tal conexão.

Somam-se a todo esse sistema de segurança o fato de as diversas equipes responsáveis pelo sistema eleitoral serem compartimentadas, fazendo com que uma equipe não tenha acesso ao setor, informações e prerrogativa de outra, e a uma forte criptografia que impede qualquer tipo de acesso externo ao sistema.

Portanto, apesar de milhares de fake news (notícias falsas) que circulam com o objetivo do favorecimento de pequenos grupos políticos (que foram legalmente eleitos por esse mesmo sistema eleitoral que hoje afirmam ser fraudado) e que querem se perpetuar no poder em detrimento da sociedade, é possível afirmar que as urnas eletrônicas são sim seguras, e querer a volta do voto impresso é o mesmo que pleitearmos a volta das máquinas de escrever e o banimento dos computadores.

Por fim, talvez essa não valorização do sistema eleitoral brasileiro e a crença coletiva nas fake news se ancorem simplesmente no “complexo de vira-latas” da sociedade brasileira, que valoriza o que vem de fora e desmerece as nossas conquistas e avanços nacionais. O Brasil tem o maior e mais eficiente sistema eleitoral do mundo, assim como um dos mais avançados sistemas bancários do mundo (basta perguntar a um americano quantos dias um cheque pode levar para ser compensado nos Estados Unidos), sem falar no PIX, criação nossa e sucesso absoluto, ou na atuação do Instituto Butantã e da Fundação Oswaldo Cruz na corrida mundial pelas vacinas contra a Covid-19, entre centenas e centenas de outras iniciativas nacionais reconhecidas no cenário mundial.

Não somos apenas o país do futebol ou do carnaval, somos também uma nação de mentes brilhantes!

Prof. José Ricardo Bandeira

É Perito em Criminalística e Psicanálise Forense, Comentarista e Especialista em Segurança Pública, com mais de 1.000 participações para os maiores veículos de comunicação do Brasil e do Exterior. Presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina, Presidente do Conselho Nacional de Peritos Judiciais da República Federativa do Brasil, membro ativo da International Police Association e Presidente da Comissão de Segurança Pública da Associação Nacional de Imprensa.

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