Ações brasileiras: Há oportunidades ou o risco é alto demais?

(Por Ana Julia Mezzadri)

Investing.com – Em um momento de incertezas crescentes nos âmbitos político e fiscal, especialistas se dividem quando o assunto é aproveitar oportunidades na bolsa de valores brasileira. Ainda que muitas ações se encontrem descontadas, há quem acredite que a falta de visibilidade no cenário macroeconômico torne o risco alto demais.

Em conferência organizada pelo BTG Pactual, Leonardo Linhares, membro do comitê executivo da SPX Capital, Márcio Roberto Correia, sócio da JGP, e Paolo di Sora, CIO, sócio e fundador da RPS Capital, discutiram o tema.

Paolo di Sora foi categórico ao afirmar que segue desanimado com a bolsa de valores brasileira e que, ao olhar para o patamar dos juros, não acredita que as ações estejam baratas, ainda que alguns setores estejam sim descontados.

Leonardo Linhares compartilha o pessimismo de di Sora e defende cautela: “Não tem nenhum problema deixar o dinheiro em caixa esperando uma oportunidade” defende.

Márcio Roberto Correia é um pouco mais otimista em relação às ações, separando o cenário macro do micro. “Quando eu olho para o macro fico negativo. Mas, ao olhar o micro, eu não tenho dúvida nenhuma que as ações estão muito atrativas”, diz. “Vejo empresas de excelente qualidade com business models robustos que caíram e estão descontadas.”

Entre os setores que apresentam oportunidades, Correia menciona commodities e bancos.

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“Vejo algumas ações ligadas a commodities muito baratas, mas há muita dúvida sobre o que está acontecendo no curto prazo na China”, diz di Sora, destacando o risco adicional da Petrobras (SA:PETR4), estatal, diante das eleições presidenciais de 2022.

Também em relação aos bancos di Sora vê riscos importantes, sobretudo a incerteza do modelo de negócios do sistema financeiro no longo prazo.

Finalmente, di Sora destaca também as small caps entre as ações descontadas, “mas em momentos de crise esse é um movimento natural, porque há uma busca por liquidez. Na hora da crise você quer ter uma porta de saída”, explica.

Para além desses três setores, di Sora avalia que o desconto nas empresas domésticas líderes em seus setores tem ocorrido em linha com as demais variáveis macroeconômicas, de modo que não haveria uma grande assimetria.

E o cenário, na sua visão, não deve melhorar: “Acho que não vai ter uma solução dos grandes problemas até o fim da eleição do ano que vem, então eu continuo cauteloso”, pontua. Linhares completa: “Se não resolvermos as incertezas, e provavelmente não iremos resolver neste ano, isso vai se perpetuar. Então, olhando a relação risco e retorno, é preciso ser cauteloso.”

Para estar posicionado em bolsa de valores nesse momento, di Sora defende que o investidor evite small caps, devido à baixa liquidez, e aposte em negócios básicos e defensivos, considerando a deterioração da renda da população brasileira.

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