O Ceará contabiliza 419 mil mulheres à frente de seus próprios negócios, de acordo com dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD). Apesar desse avanço, muitas empresárias ainda enfrentam dificuldades no acesso a crédito e capacitação, além do desafio de equilibrar a vida profissional e pessoal.
No estado, 46,3% das microempreendedoras individuais (MEI) são mulheres, o maior percentual no Nordeste. Os dados do Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte reforçam a tendência de crescimento do empreendedorismo feminino na região.
Para superar esses obstáculos, algumas instituições financeiras implementam programas específicos de apoio. É o caso do Sicredi, que destinou mais de R$ 14 bilhões em crédito para empresas lideradas por mulheres em 2024.
O volume representa um aumento dentro da carteira desse segmento, que envolveu o ano com mais de R$ 16 bilhões em financiamento. O investimento em capacitação com o curso “Mulher Empreendedora” e o Comitê Mulher, que já impactaram mais de 5,5 mil mulheres, promovendo liderança e equidade de gênero.
Entre as empreendedoras que encontraram suporte na cooperativa está Laise Ponce, proprietária da boutique de óculos Leon. Formada em arquitetura, ela migrou para o setor do comércio ao perceber uma oportunidade de criar uma marca própria, voltada para um público que buscava exclusividade e identidade.
“A transição aconteceu de forma natural. Minha mãe sempre esteve ligada ao comércio, e eu fui me envolvido aos poucos até perceber que queria investir na minha própria marca”, conta. Durante uma pandemia, a empresária acordou a necessidade de expansão do negócio.
Com uma loja de apenas 30 metros quadrados, os clientes aguardavam atendimento do lado de fora, o que indicava uma demanda crescente. “Foi nesse momento que percebi que consegui ampliar o espaço e oferecer uma experiência ainda melhor para meus clientes”, relembra.
Para viabilizar a expansão, ela encontrou no Sicredi um parceiro estratégico. “Apoio sempre positivo da cooperativa, seja na concessão de crédito ou na segurança de ter um suporte financeiro quando necessário”, afirma. Embora tenha conseguido consolidar sua empresa, Laise permite que o caminho do empreendedorismo ainda imponha barreiras específicas para as mulheres.
“Acredito que o maior desafio seja conciliar os papéis de empresária e mãe. No final de 2024, tive meu primeiro filho e precisei me salvar da loja. Se não fosse uma estrutura que já havia construída, teria sido muito difícil”, observa.
Para outras mulheres que desejam empreender, a empresária dá um conselho direto: “Dedicação total. O sucesso não vem fácil, mas com trabalho e persistência, é possível construir algo sólido”.
Com planos de ampliação para o futuro, Laise se sente realizada profissionalmente e espera que mais mulheres tenham condições de trilhar esse caminho. “Toda mulher precisa ser independente financeiramente e ter seu espaço no mercado”, conclui.