200 anos de Independência

É preciso muito mais do que leis e pessoas para julgar os crimes que no nosso dia a dia permeiam a vida das pessoas simples da nação brasileira.
É necessário que o povo tome nova consciência e crie atitudes de mudança que renovem essa tal democracia e restabeleçam ou efetivem a vontade da maioria: o povo.

O Brasil, após mais de 300 anos de colonialismo português, ainda por mais de 67 anos no regime econômico escravocrata pós essa data, neste setembro de 2022, comemora os seus 200 anos de Independência e 133 anos de República. Todo um processo político forjado sem que a nação tivesse uma estrutura social econômica própria, para sustentar a oposição da classe dominante estruturada na mão de obra escrava e no regime econômico agrário de monocultura exportadora.

Pau Brasil, extração de minério, açúcar e café, um sistema econômico e modelo de negócio explorador dos nossos recursos naturais para exportação, sem a menor preocupação com o meio ambiente, e que durou não menos do que 400 anos. Sem leis trabalhistas, mesmo após o regime de exploração do negro feito escravo, migrantes europeus chegando para efetivar mais ganho de produção, o Brasil não tem motivos para festejar suas duas centúrias.

Durante o período de 1500 – fases das barbáries e das guerras de anexação e dos descobrimentos no Novo Mundo –, até o último século para entrarmos no século XX – tempo em que a Europa já havia superado várias etapas da exploração capitalista –, o Brasil, que já tinha um povo formado por nativos sul americanos, negros africanos e mestiços de procedência generalizada de várias regiões do planeta, descortinou uma imensa margem econômica, política e social que separou os brasileiros que não tinham estudos nem terras para plantar, nem emprego fixo e digno, dos poderosos donos de imensos territórios e capital para explorar e fazer crescer os seus ganhos.

Mesmo nos últimos 100 anos, o País não teve a sua independência econômica instalada, vivendo de etapas semicoloniais entre Inglaterra e Estados Unidos, esse último ainda na nossa contemporaneidade. Apesar do nosso crescimento econômico mais recente, entre os 10 maiores índices de crescimento do PIB – Produto Interno Bruto – do mundo, não se afirmaram como dominantes para o povo a nossa cultura, os valores étnicos das várias etnias que compõem a formação da gente brasileira, a defesa e valorização do meio ambiente e ainda estão longe de estabelecer, como democráticas, as relações humanas no trabalho e nas demais relações sociais.

O negro, o indígena, e, principalmente, os direitos da mulher que, ainda são vistos com muita indiferença na sociedade semicolonial, racista e fascista têm profundas raízes nesses mais de quatro séculos de dominação do Estado. Apesar de que a Constituição brasileira assegure esses direitos ao cidadão e cidadã indistintamente de cor, sexo, religião e condições econômicas, e de várias leis novas e modernas em vigor, ainda estamos muito longe de pagar o atraso e a dívida social que pesa na memória de nossa população.

É preciso muito mais do que leis e pessoas para julgar os crimes que no nosso dia a dia permeiam a vida das pessoas simples da nação brasileira. É necessário que o povo tome nova consciência e crie atitudes de mudanças que renovem essa tal democracia e restabeleçam ou efetivem a vontade da maioria: o povo.

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