Universidades públicas perdem bilhões em investimentos quando o país mais precisa da ciência, diz profª Soraya Smaili
Estudo realizado do Sou_Ciência mostra que valores investidos na Educação Educação Superior Federal caíram drasticamente desde 2016.
As universidades públicas perderam bilhões em investimentos em um momento em que o país mais precisa da ciência. É o que afirma Soraya Smaili, farmacologista da Escola Paulista de Medicina da Unifesp, reitora da universidade no período 2013-2021 e coordenadora do Centro SoU_Ciência da mesma Unifesp.
De acordo com o estudo “Financiamento da Ciência e da Educação Superior Pública no Brasil” e do outro levantamento sobre a “Atuação da Ciência e das Universidades Públicas em defesa da Vida”, do centro Sou_Ciência, as universidades federais, apesar da forte atuação durante a pandemia da Covid-19, perderam bilhões em investimento desde 2016. Os detalhes da publicação, que hoje fazem parte dos painéis (www.souciencia.unifesp.br) foram divulgados durante o 74º Encontro Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Conforme apresentado por Soraya, as universidades federais perderam em torno de 50% dos recursos chamados de Outras Despesas Correntes, que incluem gastos com água, luz, telefone e também encargos, além da assistência estudantil. O mais dramático foi a redução nos recursos da rubrica de Investimentos, onde se verifica uma queda de 96% em 5 anos, sendo que atualmente estão praticamente zerados. Isso significa que as universidades federais praticamente não tiveram recursos para construções, reformas de estruturas, manutenção de parte elétrica e prevenção, adequações das estruturas para acessibilidade, compra de equipamentos e livros.
Na visão de Soraya Smaili, a motivação no momento é enfrentar as dificuldades para continuar a desenvolver a ciência no país. “Temos que articular todas as nossas forças para enfrentar esses problemas, mas é preciso mudar, recuperar o investimento nas universidades, para que possamos criar formar pessoas e criar soluções para os principais problema do país. Nossas universidades são capazes de enfrentar e apresentar propostas. Só ver como ela superou essa pandemia”, diz.
Ainda de acordo com o estudo, a pandemia de covid-19 evidenciou a importância da ciência e dos cientistas, pois revelou que houve um aumento de 40% da confiança da população nos cientistas brasileiros. A publicação do Sou_Ciência mostra que os cientistas são o grupo em que as pessoas mais confiam na atualidade. A pesquisa abrange categorias como médicos e políticos.
“Hoje, os cientistas são os que mais têm confiança entre os profissionais analisados pela pesquisa. Eles ganharam um lugar na sociedade, por conta das ações na pandemia. Porém, é preciso mudar a situação do investimento nas universidades públicas, onde a maior parte das pesquisas em nosso país são realizadas”, completa Soraya.