Fundada em 2015 pelo brasileiro Ivan Prado, a SkilLab é mais um case de sucesso de uma empresa brasileira durante a pandemia. A empresa começou sua trajetória com workshops de liderança e autoconhecimento em formatos tradicionais e teve sua primeira grande virada em 2018 quando fechou um contrato global com a Celemi, empresa sueca que é referência em jogos corporativos. A mudança de posicionamento e o oferecimento de serviços não tão divulgados e utilizados no mercado nacional proporcionaram um enorme salto para a companhia. Entre outros clientes atendidos pela SkilLab nos últimos anos estão as empresas Vale, Sandoz, Instituto Embraer, Embaixada dos EUA, Sebrae MT, SPIC, Grupo NotreDame Intermédica e BASF.
Em tempos de trabalho à distância, encontrar caminhos para aumentar o engajamento e a produtividade das empresas têm sido um objetivo muito procurado pelas corporações. “Muitas empresas nos procuram a fim de fortalecer sua cultura organizacional, especialmente em tempos de home-office e trabalho híbrido, onde está cada vez mais difícil engajar os colaboradores e lidar com seu turnover. Devido aos processos de gamificação aplicarem mecânicas de jogos a situações reais, baseando-se na psicologia comportamental, na neurociência e no design centrado no usuário, esses processos são capazes de oferecer uma experiência intuitiva com o objetivo de engajar pessoas e, consequentemente, induzir mudanças de comportamento ”, explica Ivan Prado, fundador da SkilLab e reconhecido como Jovem Líder das Américas (YLAI, na sigla em inglês) pelo governo dos EUA em 2017.
Um game consegue oferecer uma experiência imersiva e interativa para os jogadores e a gamificação é uma forma de motivar as pessoas a alcançarem objetivos que extrapolam a dinâmica lúdica. “Estudamos o que faz com que alguém coloque um despertador às 5h da manhã para regar uma planta, como no jogo Farmville, ou passar quatro horas jogando pássaros em porcos, como no Angry Birds. Usamos essas mecânicas de jogos para criar pontos de contato e interação com os participantes que muitas vezes têm perfis distintos, buscando envolvê-los de diversas formas possíveis”, conta Ivan Prado.
“Utilizada em vários contextos de aprendizagem, a gamificação atrai crianças, jovens e adultos. Trata-se de uma metodologia que reúne elementos e princípios de jogos como avatares, histórias, missões, prêmios e pontuações para incentivar os participantes a realizarem atividades ou mudarem comportamentos para terem resultados positivos em suas vidas. Diversas empresas estão adotando esse procedimento em seus processos — da saúde, educação, política aos negócios”, acrescenta Ivan.
A partir desses estudos, a SkilLab realiza eventos, bootcamps (um tipo de treinamento imersivo feito para o desenvolvimento de habilidades importantes em diversas áreas) e workshops estruturados que tenham um acompanhamento mais individualizado com foco nos participantes e no desenvolvimento de ambientes mais saudáveis e divertidos, visando, por meio dessas técnicas, gerar resultados positivos para as instituições. Em negócios onde há maior pressão, a gamificação pode tornar o cotidiano mais leve e lúdico, sendo uma boa estratégia para reduzir estresse, desmotivação e problemas na produtividade das equipes. “Eu acredito que a implementação dessas técnicas pode ser efetiva mesmo em grupos com certa resistência à tecnologia ou às mudanças porque, da mesma maneira que mapeamos perfis distintos de jogadores, seja por competência, comportamento ou área empresarial, entendemos suas necessidades e aspirações, buscando ações que os levem a participar, competindo, colaborando ou se autodesenvolvendo”, reforça o fundador da SkilLab.
As seis principais áreas que a SkilLab trabalha são gamificação, melhor ferramenta para tornar os processos mais dinâmicos, divertidos e prazerosos, revolucionando a maneira como os colaboradores trabalham ou fidelizam clientes, incentivando a motivação, promovendo a competição saudável e estimulando a autoavaliação e evolução dos participantes; facilitação, técnica utilizada para apoiar e ajudar um grupo de pessoas que têm algum objetivo que pode se tomar uma decisão pragmática, explorar mais a fundo temas relevantes, criar e redesenhar processos, construir e aprofundar vínculos entre os participantes; design de jogos divertidos e interativos para serem utilizados individualmente ou em equipe com o intuito de despertar sinapses que auxiliam na aprendizagem e desenvolver a cooperação da equipe, reforçando o sentimento de igualdade entre os colaboradores, aumentando a confiança entre eles e, ainda, ajudando a destacar e fortalecer indivíduos com personalidade de liderança.
O design instrucional é modelo que ficou muito famoso com as plataformas EaD – Ensino à Distância e o método 6Ds – as seis disciplinas que transformam a educação, trazendo mais resultados para as empresas -, ajudando a elencar necessidades de treinamentos efetivos, criação de agendas, formatos e avaliações; design thinking, procedimento que pode ser dividido em cinco tópicos: empatia (conhecer o problema ou a necessidade), definição (definir o escopo do trabalho), ideação (criar possíveis cenários e soluções), prototipação (criar uma versão teste da solução); teste e desenvolvimento (testar e aprimorar a solução); e treinamentos criados por uma rede de especialistas que oferecem diferentes soluções desenvolvidas sob medida e com foco no usuário a fim de motivá-lo e engajá-lo de forma divertida e assertiva, oferecendo soluções sobre inovação, soft-skills (habilidades comportamentais relacionadas à maneira como o profissional lida com o outro e consigo mesmo em diferentes situações), cultura organizacional, entre outras atividades.
A SkilLab já oferece soluções de seu portfólio para algumas das maiores empresas do Brasil e da América Latina. A meta é expandir internacionalmente, já que a pandemia acelerou a aceitação de soluções digitais, focando no desenvolvimento de conteúdos também em inglês e espanhol.
Skillment proporciona jornadas gamificadas, acessibilidade e produtividade
Outra estratégia para manter o vertiginoso crescimento da empresa e também acelerá-la é o lançamento da plataforma Skillment, que será oferecida como SaaS (sigla em inglês que significa Software as a Service, uma forma de disponibilizar softwares e soluções de tecnologia por meio da internet como um serviço). Com esse lançamento, pessoas e organizações de todo o mundo poderão criar suas próprias jornadas gamificadas, trazendo escala e acessibilidade para o que hoje pode ser de difícil alcance para micro e pequenas empresas.
A Skillment também possibilita, por exemplo, gamificar todo o processo de recrutamento e seleção, criando uma boa experiência para os candidatos e também dando suporte aos profissionais de Recursos Humanos a fim de fornecer avaliações essenciais de comportamento e habilidades, retendo os talentos e estimulando a produtividade. “A ideia não é ser um software que trabalhe todo o processo, mas que auxilie na etapa da dinâmica de grupo, que antigamente era presencial e, agora, na era pós-Covid, imaginamos que crescerá muito junto ao trabalho remoto e híbrido. Além disso, este ano nossa meta é investir na SkilLab Inc, braço da companhia nos EUA, além de expandir nossa relação para países da América Latina – SkilLab LATAM, como a Colômbia, onde já mantemos alguns parceiros”, ressalta Ivan.
Segundo ele, muitas pessoas querem adotar gamificação em suas empresas porque está na moda. “Para muitos clientes eu digo que precisamos de um fortalecimento da cultura organizacional ou de treinamento. A metodologia é, muitas vezes, a forma de entregar esses conteúdos e um adicional para envolver o participante, então ter clareza do que se deseja atingir, saber quais são os objetivos do projeto e quais os resultados esperados é fundamental. Gamificação de verdade exige pesquisa, tempo e necessita de um orçamento considerável. Nós recomendamos que os clientes busquem utilizá-la em projetos relevantes ou de médio e longo prazo. Claro que temos soluções para workshops, para engajamento remoto e tudo mais. Existem muitas ferramentas no mercado, mas é comum que elas atuem mais no campo da facilitação e do design instrucional do que da gamificação em si”, enfatiza o CEO da SkilLab.
Gamificação como ferramenta de mudança e engajamento
Por meio da gamificação, a SkilLab aplica técnicas de jogos em um contexto real para motivar pessoas a realizarem determinadas ações em diversas áreas. Todo jogo tem um objetivo que precisa ser cumprido e, para isso, os jogadores precisam superar obstáculos. A psicologia por trás da metodologia revela que a conquista e a superação movem o ser humano. Assim, é possível estimular o aprendizado, instruir comportamentos, criar uma sensação de recompensa e facilitar sua inclusão no mundo dos negócios. Como a competição e a colaboração estão no centro do processo, é comum que empresas que utilizam soluções gamificadas obtenham reconhecimento público de seus colaboradores que desenvolvem maior sentimento de pertencimento, incrementando seus resultados.
A gamificação não representa apenas a interação entre os participantes de um ambiente, mas baseia-se principalmente no estudo de comportamento dos mesmos. Adquiridas por meio desta metodologia, essas práticas podem ser a chave para aumentar o lucro de uma empresa, o sucesso da venda de um produto ou, ainda, o aumento da retenção da aprendizagem de um conteúdo, atividades que se destacam entre os motivos de busca das organizações por uma consultoria de gamificação.
Sendo assim, na área da educação a gamificação traz benefícios como maior interação social e participação dos alunos; aulas mais dinâmicas; desenvolvimento da criatividade, autonomia e colaboração; promoção do diálogo; alunos mais empenhados, curiosos e motivados; maior absorção e retenção de conteúdo; estímulo ao protagonismo e resolução de problemas; melhoria de resultados e desempenhos; e desenvolvimento de competências socioemocionais. “O participante está ali porque tem um objetivo e se sente motivado a cumpri-lo, seja para se desenvolver, para destacar-se entre os colegas, para ganhar alguma premiação ou até mesmo por medo de ficar por fora. Muitas vezes, na escalada da carreira corporativa, as pessoas não estão cientes de seus objetivos ou de como chegar lá. Isso muda com o jogo, pois as regras são claras e há diversas formas de ganhar”, salienta Ivan Prado.
Octalysis e andragogia
Outro método que a SkilLab utiliza é a ferramenta Octalysis, criada por Yu-Kai Chou, pesquisador e palestrante internacional sobre Gamificação e Behavioral Design e fundador da The Octalysis Group. Em sua essência, o método tem como base o design centrado no usuário com o objetivo de fomentar a motivação e o engajamento das pessoas que fazem parte do público-alvo. “O Octalysis é dividido em oito caixinhas que mostram como motivar as pessoas. Basicamente, o Yu-Kai Chou fez várias pesquisas e adaptou ideias de diferentes áreas e ferramentas, desenvolvendo sua metodologia nos oito Core Drives (Núcleos Motivacionais, em tradução livre).
Uma das principais atividades da ferramenta é o Senso de Propósito (Core Drive #1), que usa técnicas como Storytelling, a arte de contar, desenvolver e adaptar histórias utilizando elementos específicos, trazendo as vivências e as experiências necessárias para que a pessoa realmente engaje, faça parte, sinta que aquilo faz sentido em sua vida. Por focar-se no engajamento de pessoas, o modelo pode ser aplicado em diversas áreas como ensino, marketing, gestão de pessoas e em outros setores de empresas em que haja a necessidade de gamificar processos”, ressalta Ivan.
Diferente da pedagogia, procedimento de aprendizagem para crianças, a andragogia surge da necessidade de aprendizagem para adultos e tem como intuito aplicar procedimentos mais adequados a essa faixa etária por meio da autonomia, orientação, prontidão e motivação para aprender. “Diferente de crianças, adultos já possuem uma ampla base de experiências e conhecimentos que não pode ser deixada de lado. Estas experiências moldam a forma como essas pessoas enxergam e atuam no mundo e isso é essencial para a aprendizagem, pois relaciona o conteúdo com cenários e histórias que se assimilam com maior facilidade. Assim, deixamos o modelo tradicional de ´um ensina e os outros aprendem´ para um modelo participativo, com perspectivas e visões de mundo distintas e que trazem riqueza para a discussão. Por se sentir parte da construção do aprendizado, o interesse é naturalmente maior. Neste momento, o papel do professor passa a ser o de um facilitador, pois as técnicas de colaboração e sistematização permitem que o grupo chegue mais facilmente a uma conclusão e aprenda a partir daquela vivência”, argumenta o CEO da SkilLab.