Reisado na Rua

A frase “Um povo sem o conhecimento de sua história, origem e cultura é como uma árvore sem raízes” mais do que nos guiar a conhecer a história dos povos, nos permite criar vínculos com a identidade e história a partir de suas manifestações, oratórias e geografia.

“Reisado na Rua” traz esta possibilidade da manutenção da memória e ampliação do debate cultural, como uma resposta possível à ideia.

O Reisado é uma celebração folclórica que mistura elementos de diferentes berços culturais ao longo de sua estruturação na história da nação e dada a geografia onde se manifesta. Surge fundamentalmente a partir nas festas de Reis, realizadas tradicionalmente no período natalino e são estendidas pelo mês de Dezembro e Janeiro, onde finda.

Com um coletivo de registros feitos durante as festividades de Reis, a obra captura a essência vibrante do Reisado, manifestação cultural rica em tradição e significado na cidade de Sobral(CE), destacando suas raízes e sua identidade a fim de apresentar uma cidade afirmativa no agora, mas que toma essa realidade como norte para uma presença no futuro.

A proposta figura como mais um instrumento de afirmação no processo de interação e tomada identitária, explanando o campo visual do brincante de reisado, suas simbologias, objetos, expressividades e construções. Existe uma intenção não somente de colocar o reisado na rua, mas de ofertar proximidade à civis por meio da cultura com a figuração local, afirmando a função social expressa pela arte visual.

Com os registros, revela-se a beleza, a energia e a importância desta expressão folclórica para a identidade local. O projeto fotográfico busca capturar essa singularidade, focando na riqueza dos detalhes das vestimentas coloridas, nas máscaras elaboradas que dialogam com a raiz afrodescendente, nos instrumentos musicais típicos da região e também suas inovações, e na postura que caracterizam cada grupo de Reisado configurando essa presença cearense.

A obra não somente destaca a documentação fotográfica, mas também a contribuição para a valorização e fortalecimento do patrimônio cultural da região, inspirando um maior reconhecimento e apreciação desta arte popular única. Existe, aqui, a simbologia da devoção, alegria e comunhão, revelando como esta tradição secular continua viva e relevante na contemporaneidade.