Programa encerra ciclo de formações e destina R$ 42 mil a empreendedoras de baixa renda em Fortaleza
Comprar mais cores de esmaltes e precificar corretamente o serviço de manicure; incrementar a venda de picolés para abrir uma sorveteria; adquirir insumos para a confecção de bolos de pote: são muitos os projetos de mais de 200 mulheres chefes de família que integraram a primeira edição da Iniciativa Sementes, da Visão Mundial, em Fortaleza. O programa destinou R$42 mil para as beneficiárias da capital cearense. Esse valor faz parte do total de R$175 mil a ser entregue a empreendedoras de baixa renda de seis cidades do Brasil.
Durante três meses, a iniciativa ofereceu aulas de finanças, empreendedorismo e inovação, além de mentorias para mulheres em regiões de vulnerabilidade social. Em evento de encerramento na tarde da terça-feira (6), no Parque do Cocó, as participantes receberam o aporte financeiro para darem início a seus projetos.
“Este curso me trouxe sonhos. Após um processo de depressão, eu estava com meus sonhos adormecidos e eu estou voltando a sonhar em empreender”, relata Fabrícia Oliveira, 34, moradora do bairro Ancuri. Com experiência em vendas, ela afirma que pretende iniciar a produção de dindins — também conhecidos como ‘geladinhos’ em outros locais do País.
De acordo com Thalita Vieira, mobilizadora local da Visão Mundial, a formação de educação financeira ocorreu por meio da metodologia GOL.D (Grupos de Oportunidades Locais de Desenvolvimento), criada pela VM. Com o objetivo de discutir os problemas e dificuldades do grupo e das comunidades, o método busca desenvolver o hábito da poupança. Em reuniões, os membros do grupo buscam coletivamente soluções para os problemas de cada indivíduo e do grupo, através de apoio mútuo, da solidariedade e da troca de experiências.
“Esta é uma tecnologia social criada para essa questão de educação financeira. Nós trabalhamos vários temas como a questão da inteligência emocional, empreendedorismo, e depois a criação de planos de negócio, marketing, impulsionamento de quem já empreende, além de orientações e ideias para quem nunca empreendeu”, explica Thalita.
Foi este o caso de Maria Lucirene da Silva, 34. Mãe de três filhos, ela e o esposo Claudinei Cândido trabalham com a venda de picolés. “Para mim, participar desse curso foi um modo de aprender ainda mais a empreender. Através do meu trabalho eu faço todas as minhas anotações dos gastos, dos lucros, e administro a parte do dinheiro em casa enquanto meu esposo sai pra vender na rua”, conta. O plano é crescer e abrir uma sorveteria.
Durante discurso de encerramento do projeto, a educadora social Leda Silva, que ministrou as oficinas para mulheres de três bairros da cidade, resumiu os dias de encontro e o desejo de crescimento:
“Estamos muito felizes, quero encontrá-las e ver que vocês estão tentando, vê-las com firmeza no negócio de vocês; sonhando com céu, mas com os pés no chão e com muito planejamento. Todo dia é um novo dia para sermos firmes”, concluiu.
O Programa
Além de Fortaleza, neste primeiro ano de atuação, a Iniciativa Sementes prevê a formação de 840 mulheres nas cidades de Mossoró (RN), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Roraima (RR) e Salvador (BA). Na capital roraimense, o foco serão mulheres migrantes e refugiadas da Venezuela que participam do projeto Ven, Tú Puedes – também da Visão Mundial.
As aulas ocorreram no modelo híbrido; algumas das cidades contaram com a colaboração de entidades parceiras. Em Fortaleza, por exemplo, as aulas tiveram apoio da Casa da Mulher Brasileira. Todos os módulos contam também com temas transversais, como direitos da criança e do adolescente, empreendedorismo feminino, cultura de paz e saúde mental.
Renata Cavalcanti, gerente de projetos especiais da Visão Mundial, ressalta principalmente o impacto do projeto a longo prazo na vida das beneficiadas. “Como o próprio nome já diz, o encerramento da iniciativa deixa sementes cultivadas. As mulheres tiveram oportunidade de aprender, de trocar experiências e, além de tudo, planejar e ter perspectiva de um futuro transformado”.
Conforme a gerente, a organização está em processo de captação de recursos para novas edições do projeto. “Após esse tempo de pandemia, a maior necessidade das pessoas é ter um caminho seguro para que seja possível gerar sua própria renda”, encerra.