Programa de empreendedorismo oferece oportunidade a mulheres que desejam abrir e expandir seus negócios
Empreender é, antes de tudo, saber enxergar e aproveitar as oportunidades. Mas não é fácil começar o próprio negócio do zero. Mulheres desempregadas ou que vivem na informalidade desejam caminhar com mais autonomia e buscam uma atividade rentável que possa ser construída de forma independente, mas quase todas esbarram no mesmo problema: o financeiro. Pensando nisso, a Prefeitura de Fortaleza lançou, em 2018, o Projeto Mulher Empreendedora, executado pela Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico (SDE). A iniciativa, que faz parte do Programa Fortaleza Competitiva, já está na segunda edição, realizando sonhos de mulheres arrojadas.
Da periferia à loja virtual
Quando Wendy Mesquita, de 26 anos, e Isabella Almeida, de 24, começaram a fabricar as próprias blusas, não imaginavam que, no espaço de um ano, ficariam populares em uma rede social. Foi assim que nasceu o perfil Fanchonas, o nome da marca que abraçou o público LGBT e a causa feminista. Além das blusas, botons, bolsas e outros artigos passaram a ganhar as ilustrações e frases criadas por elas sócias. “A inspiração vem do nada. Bate aquela ‘luzinha’, a gente cria e vê se fica legal para lançar. Às vezes, a gente passa um tempo sem criar e às vezes vêm muitas ideias juntas”, conta.
Logo começaram as encomendas e elas perceberam que daria para investir no novo negócio. Em 2017, Wendy e Isabella já tinham a ideia amadurecida, mas só em 2018 surgiu a chance de focar no nicho escolhido e entrar de cabeça por meio do Projeto Mulher Empreendedora. “A gente tinha dificuldade de comprar os materiais. Vimos o edital do Mulher Empreendedora e corremos atrás. Com o financiamento, nosso negócio foi impulsionado porque conseguimos fabricar mais produtos. Além disso, tem a consultoria que nos capacita ainda mais”, disse.
Com mais produtos em mãos, era a vez de Isabella entrar em cena. Com ela, os registros invadiram as páginas do Facebook e do Instagram, que se transformaram em ferramenta de trabalho. E tudo acontece de forma online. “Pelo fato de termos mais produtos e estampas, há uma oferta maior. A procura aumentou muito. Antes, tínhamos 70% das vendas concentradas nos estados. Agora, ganhamos os clientes de Fortaleza também. As vendas são realizadas pelo Instagram. O pedido é feito, damos um prazo para efetuar o pagamento e em sete dias úteis, o produto chega às mãos do cliente. Ainda ganhamos um retorno através de fotos e agradecimentos”, explica Isabella.
O Projeto Mulher Empreendedora ofereceu não apenas o incentivo financeiro, mas também abriu a mente das garotas que querem crescer no mercado. Isabella diz que o plano é fazer a marca ficar conhecida nacionalmente e, no futuro, ter uma loja fixa. “A gente tem alguns modelos de lojas virtuais nessas duas temáticas. Queríamos seguir esses modelos e aumentar nosso alcance pelo Brasil e aqui. Também pensamos no site e, futuramente, em uma loja física em Fortaleza. Mas primeiro queremos ser referência no segmento”, destacou.
A primeira experiência que Marinete Costa, de 43 anos, teve com o artesanato, foi ainda na infância. “Na escola, tínhamos uma disciplina para conhecer o artesanato. Mas era tudo considerado uma brincadeira”, conta. Anos depois, a brincadeira virou coisa séria. Com o propósito de ficar mais perto do marido e dos filhos, ela decidiu que queria trabalhar em casa. Foi aí que se engajou em um projeto da igreja e começou a fazer bonecos de feltro para vender. “Surgiu o projeto e eu logo abracei o artesanato de novo”, disse. Depois, conheceu a técnica de patchwork, que é um trabalho feito com retalhos. “Você pega um tecido que não tem forma nenhuma e dá utilidade a ele. Eu pensei: eu ainda gosto do artesanato”, lembra.Até então, Marinete não sabia utilizar a máquina de costura, mas viu a necessidade de aprender após conhecer o Projeto Mulher Empreendedora. Ainda hoje, ela lembra a reação que teve ao ler o edital. “Na hora eu não acreditei. Eu não imaginava que pudesse existir um projeto como esse. Estava desde 2012 sem trabalhar e não tinha expectativa de ter um negócio que casasse com minha necessidade de estar mais tempo em casa. Surgiu como a chance de mudar minha vida”, recorda.
E mudou mesmo. O Mulher Empreendedora proporcionou crescimento e uma nova visão para Marinete. “Você é obrigado a planejar seu negócio desde a compra da agulha até a sacola do produto. Tive que ler e me atualizar, aprender a costurar e adquirir conhecimento sobre empreendedorismo. Aí veio o curso de bolsas de patchwork, que é meu carro-chefe”, diz.
A meta do programa é investir mais de R$ 1,2 milhão, sendo até R$ 15 mil por empreendimento. O Projeto visa incentivar a geração de trabalho e renda para mulheres empreendedoras. “O objetivo é permitir que elas tenham oportunidade. Se elas têm dificuldade de acessar crédito em bancos comerciais, agora elas contam com esse auxílio para montar um negócio com a ajuda da Prefeitura ou para expandir aquele que já possui”, explicou Paulo Barbosa, idealizador do Projeto.
A boa notícia para quem ainda não conseguiu entrar no programa, é que a expansão dele já é uma certeza. “O Mulher Empreendedora vem transformando a vida de muitas mulheres e de suas famílias. Devido ao sucesso, temos a pretensão de lançar uma terceira edição no início de 2020 para alcançar um total de 200 negócios geridos por mulheres em nossa Capital”, afirmou o secretário de Desenvolvimento Econômico, Mosiah Torgan.