Presidente da Câmara de Comércio e Indústria do Butão, Sr. Sangay Dorji falou sobre outros parâmetros de desenvolvimento
Por Rita Comini – Assessoria de Imprensa
O encerramento do Ciclos – Congresso Internacional de Sustentabilidade para Pequenos Negócios, na noite de 24/05, no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá, tratou de um parâmetro bem diferente do desenvolvimento.
O presidente da Câmara de Comércio e Indústria do Butão, Sr. Sangay Dorji, falou sobre o conceito Felicidade Interna Bruta (FIB) e como foi utilizado oficialmente como parâmetro de desenvolvimento no país asiático com 38.394 quilômetros quadrados e uma população de 730 mil habitantes.
Ele conta como o conceito do FIB se originou no início de 1970. O jovem rei Jigme Khesar Namgyel Wangchuck que tinha apenas 17 anos, coroado após a morte do pai, disse que a felicidade interna bruta é mais importante do que o produto interno bruto, ao ser questionado sobre o PIB. “Nosso rei pensou que apenas medir o PIB não é suficiente para dimensionar o crescimento de um país, mas sim a felicidade das pessoas. “O FIB é mais importante que o PIB’.
Baseado no que a nossa majestade falou, todos os planos para o desenvolvimento do país seguiram o FIB que já está na nosso DNA.
“Quando falamos de FIB, estamos tratando do bem-estar geral da nossa população. A felicidade pessoal, pode mudar. É multidimensional, consideramos muitos aspectos, é holístico. ”.
Ele conta que tiveram que criar alternativas para medir o desenvolvimento. “Hoje é mundialmente aceito que felicidade é uma aspiração para todos os seres humanos. É o estado ou o governo que deve oferecer condições para a felicidade humana”, constata, acrescentando que somente em 2008 conseguiram adotar o FIB como filosofia de desenvolvimento do país.
Primeiro foi introduzida a democracia e o próprio povo participou da construção do novo modelo de desenvolvimento.
O país conta hoje com o Centro para Estudos para o Butão, um escritório de trabalho onde foi criada uma ferramenta para medir como o FIB funciona e como ele poderia ser dimensionado.
“Temos que ter políticas pro FIB e estamos muito felizes com isso. Criamos um score para medir como o FIB está sendo usado”. A cada 3 anos, no Butão, é feito uma espécie de senso. Fazemos uma pesquisa com as pessoas que determina o FIB e a comissão de planejamento usa essas informações para alocação de recursos, por exemplo.
“Nós temos 20 distritos e um deles foi considerado o mais feliz e outro menos feliz. Avaliamos com um pente fino e tentamos saber porque são mais ou menos felizes e tentamos resolver os problemas”.
O resultado da pesquisa FIB serve para alocar recursos e resolver os problemas. Comissão de planejamento foi renomeada como Comissão da FIB e recebeu a tarefa de organizar o desenvolvimento do país.
Hoje eles consideram indicadores pouco comuns em outros países, como o bem-estar psicológico, o uso do tempo, a cultura e a vitalidade da comunidade, usados como requisitos básicos que definem a felicidade do povo.
O tempo deve ser divido igualmente em sono, trabalho e lazer. Ele comenta que nos países ocidentais as pessoas estão tão obcecadas com o desenvolvimento que trabalham 12, 14 horas, sem descanso, prejudicando a saúde física e mental.
Vitalidade das comunidades também é considerada um bem. “Nas grandes cidades as pessoas circulam pelas ruas sem sequer ver o que está em volta. Quando a gente não conhece o vizinho de porta, a vitalidade de comunidade está comprometida”, disse, acrescentando, “nós temos tanto desenvolvimento nos países mais ricos, mas a solidão também está crescendo. O PIB pode crescer, mas a desigualdade cresce igualmente”
Ao final, ele citou um poema do Dalai lama que resume a atual situação e disse que a mensagem do FIB se alinha ao poema. “Pessoas mais felizes vivem mais, tem menos doenças, isso tudo já foi provado cientificamente. Ao invés de continuar buscando ter coisas, a gente deve avaliar se realmente a nossa vida está realmente de acordo com o que você deseja como felicidade”, finaliza.
O Ciclos é um evento do Sistema Sebrae, organizado pelo Centro Sebrae de Sustentabilidade, com apoio da ONU Meio Ambiente e Águas Cuiabá.