Pesquisa faz mapeamento inédito do ensino de inglês no Brasil, que passa a ser obrigatório em 2020

Levantamento do British Council avaliou as condições da rede pública de educação para incorporar a disciplina ao currículo dos estudantes;

Em 2020, de acordo com a Base Nacional Curricular Comum (BNCC), o ensino de inglês se torna compulsório na grade curricular a partir do Ensino Fundamental II;

Confira a pesquisa completa no link https://bit.ly/2CD9s68

O início do ano letivo de 2020 marca também algo inédito na educação brasileira: a obrigatoriedade do ensino de inglês a partir do 6º ano do Ensino Fundamental II até a conclusão do Ensino Médio. As mudanças impostas pela nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) devem ser incorporadas pelas escolas das redes pública e privada de ensino.

Para entender como as escolas públicas – que concentram 77% dos alunos do Ensino Fundamental, de acordo com o último Censo Escolar – se prepararam para atender a essa nova demanda, o British Council, organização internacional britânica para educação e relações culturais, realizou o estudo nacional Políticas Públicas para o Ensino de Inglês.

A pesquisa aponta boas práticas pelo país, além de compilar o entendimento acerca de como o ensino da língua inglesa tem sido desenvolvido, os desafios das redes estaduais e qual a formação dos professores que estão na linha de frente do trabalho com os alunos.

Entre os sete indicadores avaliados (ver gráfico abaixo), o estudo enfoca desde características dos currículos e dos professores das redes, além dos tipos de oferta de ensino do idioma e como ele é avaliado nos estados. Cada um dos indicadores recebeu notas de 0 a 3, totalizando 21 a pontuação máxima para cada unidade federativa.

PESQUISA INÉDITA

O estudo é o primeiro a apurar de forma abrangente como os estados brasileiros criaram bases para o ensino e aprendizagem obrigatória do inglês. O diagnóstico teve o objetivo de jogar luz sobre as políticas públicas desenvolvidas localmente. Os dados quantitativos foram coletados a partir dos Censos Escolares de 2015 a 2017, produzidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira do Ministério da Educação (INEP/ MEC).  Além disso, o estudo é baseado em análises documentais e em entrevistas com professores e técnicos de secretarias de educação, parte delas feitas in loco em Rondônia, Distrito Federal, Pernambuco, Espírito Santo e Paraná.

 

USO SOCIAL DA LÍNGUA

A análise do ensino do idioma mostra que apenas 9 dos 21 estados analisados oferecem currículo que vão além das aulas de gramática, abordando o inglês como prática social – ou seja, com foco no uso efetivo, como participar de uma discussão em inglês em uma rede social ou pesquisar um assunto na internet. De acordo com os especialistas, a aplicação dessa abordagem deve ser prioridade nas escolas. “Uma vez que os discursos se organizam em práticas sociais, historicamente construídas e dinâmicas, o seu ensino pela prática contribui para a educação integral dos alunos.  Assim, a língua inglesa promove o acesso a experiências que vão além das que eles teriam em português”, analisa Cíntia Toth Gonçalves, gerente sênior de inglês do British Council.

CONSOLIDAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO

A pesquisa do British Council mostra que as políticas públicas voltadas para o ensino de inglês estão em diferentes estágios no Brasil. A maior parte dos estados concentra-se na gama de mais baixa consolidação e estruturação, implicando que os desafios para o fortalecimento dessas políticas no país ainda são grandes. Por outro lado, há estados com maior estruturação e consolidação.

“Certamente, uma política regional mais integrada e que promova trocas de experiências entre as unidades federativas contribuirá para o desenvolvimento dos estados que registram estruturação mais baixa”, recomenda Gonçalves.

 

PROBLEMAS NA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES

De acordo com o estudo, dois grandes déficits travam o desenvolvimento do inglês nas escolas públicas: a falta de professores capacitados e de currículos voltados para o uso social da língua. Atualmente, apenas 45% dos 62 mil professores de inglês na rede pública (Censo Escolar 2017) têm formação superior na área de línguas estrangeiras ou inglês. Ao mesmo tempo, mais da metade dos estados não oferece nenhum tipo de formação específica, apoiando assim a formação continuada desses profissionais. Esse cenário, apontam os autores, acentua outro problema, uma vez que, sem docentes com formação própria, fica mais difícil a implementação de um currículo que entenda a língua como prática social.

“Essa é uma situação difícil, mas não única no mundo. No contexto brasileiro, é primordial que se concentrem esforços também na formação inicial dos futuros professores para que eles estejam preparados para atender à demanda gerada pela BNCC”, sublinha Cíntia Toth Gonçalves. Paraná e Sergipe são os únicos estados que possuem mais de 70% do seu quadro de docentes habilitados em língua inglesa ou estrangeira moderna.

SOBRECARGA

O estudo ainda relata que as escolas públicas sofrem uma escassez de docentes para essa disciplina: a média é de 143 alunos por professor no Ensino Fundamental e 178, no Ensino Médio – em Roraima, o índice chega a 720 e 680 por professor, respectivamente. Além disso, 40% deles são contratados em caráter temporário, cenário que dificulta maiores investimentos tanto do estado no profissional, quanto do próprio profissional na sua carreira. Hoje há estados que priorizam o ensino de espanhol – caso de Roraima, mas com a língua inglesa tornando-se obrigatória a partir de 2020, essa realidade mostra que será um desafio encontrar profissionais qualificados para dar aulas de inglês.

 

Confira a íntegra do estudo Políticas Públicas para o Ensino do Inglês no link:

https://www.britishcouncil.org.br/atividades/escolas/politicas-publicas-ensino-ingles

SOBRE O BRITISH COUNCIL

O British Council é a organização internacional sem fins lucrativos do Reino Unido para relações culturais e oportunidades educacionais. Seu trabalho busca estabelecer a troca de experiências e criar laços de confiança por meio do intercâmbio de conhecimento e de ideias entre pessoas ao redor do mundo. A organização está presente em mais de 100 países e trabalha com parceiros como governos (em diversas instâncias), organizações não governamentais e iniciativa privada, em ações relacionadas à promoção da língua inglesa, cultura, artes, educação e programas sociais. Informações no site: www.britishcouncil.org.br

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