Pesquisa: escolas particulares se adaptam e seguem ritmo de aulas com foco em 2021
Estudo mostra estabilização da queda de matrículas e aponta para um momento de manutenção de estabilidade durante a situação de emergência na pandemia
Quando a pandemia do novo coronavírus começou e as escolas suspenderam suas atividades presenciais, um cenário catastrófico foi se desenhando conforme a percepção de que a quarentena duraria bem mais que uma semana ou um mês. Diferente dos demais estabelecimentos privados, a falência de uma escola pressupõe a imediata transferência de estudantes para outro estabelecimento. Na ausência de vagas em outras escolas privadas, cabe ao estado disponibilizá-las.
Diante de uma situação com vários setores da economia fragilizados, e projeções de possibilidade de falência acima dos 30% de escolas particulares no país, a rede pública daria conta de absorver todas as vagas? Em caso negativo, seria uma situação de inconstitucionalidade.
Desde o início da pandemia, uma série de estudos periódicos com cerca de 400 escolas particulares brasileiras de todas as regiões do país tem sido realizado. A pedido do Grupo Rabbit, maior consultoria em gestão escolar da América Latina, a pesquisa vem sendo conduzida pela Explora – Pesquisa, Métricas e Inferências Educacionais. O resultado do acompanhamento traz dados consolidados e aponta para um cenário de estabilidade na condição de emergência da pandemia.
Antes da suspensão das atividades presenciais, juntos, os índices de atraso (não-pagamento em até 30 dias após o vencimento) e inadimplência (não-pagamento acima de 30 dias do vencimento) somavam 21,7%%. Já em abril, com a confirmação da quarentena, a soma foi para mais de 32%, elevou-se para 37% em junho e caiu 35,8% em julho. “O impacto inicial nas escolas mostra o reflexo do que aconteceu nas famílias, que ou tiveram redução nas suas receitas ou prevendo necessidade futura, acabaram por aumentar os atrasos e inadimplência”, comenta Christian Coelho, diretor do Grupo Rabbit.
Outro ponto a destacar na receita das escolas foi a necessidade de concessão de desconto. Os acordos individuais, as negociações, se por um lado reduziram receita prevista no início do ano, por outro possibilitaram a manutenção de muitos dos alunos, evitando a evasão. Somados aos índices de atraso e inadimplência, a percepção de redução de receita, que antes da pandemia era de 24,1%, foi para 40% em abril. Em junho, chegaram a 47%, mantendo a mesma proporção (47,1%) em julho, e as previsões para os meses seguintes.
“Houve um período de clara necessidade de diretores e pais se sentarem à mesa e redefinirem o contrato. Após essa redefinição, houve uma estabilização do cenário, que obviamente não é bom, mas não piorou mais”, ressalta Coelho. A possibilidade de uma nova piora, segundo o especialista, não tem tanto a ver com a escola diretamente, mas apenas se a economia der sinais de nova queda. “Há um cenário positivo em vista, com o desenvolvimento de vacinas e remédios, o que tende a afastar as incertezas e todos se prepararem para um ano que vem melhor, mesmo ainda com a pandemia em curso”, conclui.
Cenário que se desenha para 2021
Setembro e outubro são meses que boa parte das escolas brasileiras começam a fazer suas campanhas de matrículas e rematrículas para o ano letivo seguinte. Segundo o especialista, a previsão é que os pais voltem a renovar a matrícula normalmente para 2021 nas mesmas escolas, caso tenham se sentido bem atendidos este ano, não só nos aspectos de serviços, mas também em eventual negociação que possa ter ocorrido.
Mas o fator principal, obviamente, é a nova mensalidade. “Acreditamos numa variação de aumento de 3 a 8% de reajuste, considerando diversos elementos”, destaca Coelho. “Embora a projeção do IPCA esteja na casa de 1,5%, as escolas suportaram redução de receitas, investimento em plataformas para ensino remoto, protocolos de segurança para retomada das aulas presenciais, entre outros fatores durante a pandemia”, diz. Se a escola não se preparar para se recuperar da queda em 2020, pode ficar à beira do precipício em 2021, numa situação de total inviabilidade de prestação de serviços.
Sobre o Grupo Rabbit: é a maior consultoria em gestão educacional da América Latina, que auxilia instituições de ensino em todo o Brasil. Ao todo, mais de 1,5 mil escolas são associadas ao grupo, e dispõem de apoio a processos de recursos humanos, pesquisa, comercial, marketing, jurídico, financeiro, atendimento e propaganda, entre as principais soluções. A Rabbit tem como CEO Christian Coelho, especialista em andragogia e membro do União Pelas Escolas Particulares de Pequeno e Médio Porte.