O que é medicina do estilo de vida e como ela pode transformar sua saúde
Amplamente aplicada em países da Europa e nos Estados Unidos, e em ascensão no Brasil, a Lifestyle Medicine tem como princípio a prevenção e melhora na qualidade de vida
Grande parte da população busca a medicina apenas quando há uma doença que precisa ser tratada. O problema é que, em boa parte dos casos, evitar o desenvolvimento de uma patologia é mais eficaz do que tratá-la. É com essa afirmação que trabalha a medicina do estilo de vida, buscando examinar e adequar hábitos que favorecem a saúde do corpo e da mente.
A medicina de estilo de vida não é uma especialidade médica, mas compreende um conjunto de conhecimentos que visam a promoção da saúde e prevenção de doenças e podem ser aplicadas em diversas especialidades. Nos Estados Unidos a faculdade de Medicina de Harvard promove anualmente um curso de atualização em Life Style Medicine, e na Inglaterra a British Society of Lifestyle Medicine é uma das principais autoridades da área.
O Dr. Lucas Costa Felicíssimo, é um dos mais conceituados no Brasil e explica que há crescimento na procura por esse tipo de atendimento. “O motivo é simples, cada vez mais a sociedade tem se conscientizado da importância de melhorar a qualidade de vida e prevenir doenças. Muitas das principais doenças que afligem a população não tem cura, apenas tratamento, por isso evitar que elas se instalem é a estratégia mais efetiva”, aponta o médico.
Uma prova de como os hábitos são fatores de importante atenção para a saúde é que as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), tais quais diabetes, hipertensão, cânceres e doenças respiratórias crônicas, estão entre as que mais matam no mundo — representando quase metade dos óbitos mundiais segundo a Organização Pan-Americana de Saúde — e na maioria dos casos, são originadas por maus hábitos alimentares e comportamentais.
O paciente que procura esse atendimento passa por uma série de avaliações que buscam analisar predisposições sociais, psicológicas e biológicas e seus impactos, assim como exames para triagem, diagnóstico e monitoração de doenças relacionadas ao estilo de vida. “Para que os resultados sejam os esperados a pessoa precisa estar propensa a fazer as mudanças propostas”, elucida Dr. Lucas.
De acordo com ele, os benefícios de entender bem o corpo e a forma como se está lidando com ele são vários e vão desde a melhora da saúde e composição corporal até a melhora do humor. “Em uma sociedade com expectativa de vida crescente a Medicina do Estilo de Vida é a chave para descobrir a sua forma de ter saúde”, garante.
Na abordagem, são utilizadas condutas terapêuticas baseadas em evidências que buscam melhorar aspectos como:
Sono – A restrição ou baixa qualidade de sono causa problemas como falta de concentração, disfunções imunológicas e de memória, por isso, o médico busca trabalhar distúrbios do sono ou quaisquer outros quesitos que impactem na qualidade das noites do paciente.
Alimentação – Todo o comportamento alimentar é analisado e os nutricionistas da equipe atuam na reeducação alimentar, privilegiando alimentos naturais de forma individualizada considerando o que aquele organismo precisa e a rotina do indivíduo.
Exercícios físicos – Uma pessoa sedentária se torna mais inclinada ao desenvolvimento de doenças, por isso, a medicina do estilo de vida busca, por meio de técnicas motivacionais, o incentivo a práticas regulares de algum exercício físico, seja ele esportivo ou não que vise a melhora metabólica daquele organismo.
Controle de tóxicos – Excessos com álcool e consumo de tabaco são, comprovadamente, causa de doenças como câncer. Assim, é trabalhado o vício no tabaco e a moderação na ingestão de alcóolicos e outros hábitos nocivos.
Manejo de estresse – O aspecto psicológico também é trabalhado por meio do reconhecimento das respostas negativas ao estresse, fazendo com que a pessoa tenha maior motivação, produtividade e bem-estar, diminuindo as chances de desenvolver doenças como ansiedade e depressão.
Relacionamento – A resiliência emocional está intimamente ligada com as conexões sociais, sendo assim, isolamento e solidão são analisados para buscar melhorar a qualidade de vida.