O CEARÁ É ASSIM! “Onde tem água, não existe miséria”

“Onde tem água não existe miséria”, disse ao JORNAL DO COMÉRCIO DO CEARÁ o deputado federal Danilo Forte. Principal defensor da construção do açude Melancia, entre os municípios de São Gonçalo do Amarante e São Luís do Curu.

 

Texto Rogério Morais
É provável que os mais jovens, na faixa etária dos 30 e até 40 anos de idade, não saibam o tamanho do problema que havia até os anos 80/90, quando o interior cearense se transformava numa autêntica revolução popular nos anos de seca. Quer dizer, período de estiagem prolongada, baixo índice pluviométrico no período de inverno (fevereiro/maio) e a miséria aumentava com a falta de água e comida na mesa das famílias rurais pobres, que sobrevivem dos plantios de sequeiro.

O homem rural, como é uma tradição, espera pacientemente a chuva cair no chão até o mês de março – Dia de São José (19) –, um marco simbólico do início da quadra invernosa. Antes mesmo do final desse mês, caso a santa chuva não chegasse, legiões de sertanejos (homens, mulheres, idosos e crianças) se deslocavam para os centros urbanos à procura de assistência pública. Invadiam prédios públicos, saqueavam depósitos e armazéns de gêneros alimentícios, mercados municipais, na ânsia de matar a “fome canina” depois de vários dias sem comer. Deixavam o seu roçado depois de perder seus animais sem água para beber.

Flagelados da seca
Eram os chamados “flagelados da seca”, que também se dirigiam à capital cearense – Fortaleza – e praticavam a mendicância com famílias completas pedindo esmola nos sinais de trânsito e também de porta em porta das residências particulares. Os governos estaduais, através de providências do Governo Federal, distribuíam as cestas básicas e promoviam as “Frentes de Serviços” na limpeza de estradas e ruas das cidades, como capinação de meio fio, além de escavação de açudes, somente para justificar desembolso a fundo perdido, quer dizer, dinheiro dado aos prefeitos que não era preciso ser devolvido.

Assim foi a política sertaneja até antes do primeiro Governo Tasso Jereissati (1987/90), quando o Ceará iniciou uma outra grande revolução na construção e uso de seus recursos hídricos. O novo modelo de gestão da água encerrou uma história de políticas fracassadas de combate aos efeitos da seca. De princípio, criou a Secretaria de Recursos Hídricos (1987) e nomeou como seu Secretário o professor Hypérides Macedo, uma das maiores autoridades no assunto, e que se pode afirmar ser o mentor das mudanças nesse setor que fez do Ceará uma referência mundial em reserva hídrica com a estratégia de integração de bacias, canais e adutoras.

Criou ainda a Sohidra – Superintendência de Obras Hídricas e transformou completamente a Funceme, ainda em 1987; e em 1993 o Estado instalou a Cogerh – Companhia de Gestão de Recursos Hídricos. A meta era a segurança hídrica com a garantia de água suficiente e de boa qualidade para o uso humano, plantio de culturas irrigadas e a indústria. Uma das providências macro nesse rumo foi a construção do açude Castanhão, iniciadas as obras em 1995 no Governo Tasso e terminadas em 2002, na administração Beni Veras. Outra medida importante foi o Canal do Trabalhador, um rio artificial construído no Governo Ciro Gomes, em três meses, no ano de 1993, com 113 km de extensão.

Outra grande obra hídrica cearense, dentro da política de integração das bacias cearenses, é o Cinturão das Águas do Ceará – CAC –, obra ainda em andamento, para receber e distribuir para todo o Estado as águas do Projeto de Integração do Rio São Francisco. Lembrando, ainda, o Eixão de Águas, maior obra do setor no Nordeste, entregue em março de 2014. Em 2001 foi entregue o açude Sítios Novos, em Caucaia, com capacidade de 126 milhões de metros cúbicos abastecido pelo rio São Gonçalo, visando principalmente o abastecimento do CIPP – Complexo Industrial e Portuário do Pecém.

Assim é o Ceará
“Onde tem água não existe miséria”, disse ao JORNAL DO COMÉRCIO DO CEARÁ o deputado federal Danilo Forte (PSDB). Principal defensor da construção do açude no rio Melancias, entre os municípios de São Gonçalo do Amarante e São Luís do Curu, o deputado federal Danilo Forte, desde 2013, vem lutando para a realização da importante obra para a região. “Estamos nessa luta pois acreditamos que, além de trazer segurança hídrica a milhares de famílias, teremos condições de levar água para o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) e apoiar a indústria cearense”, lembra Forte.

Uma conquista para a comunidade local que defendia a construção do reservatório há aproximadamente 50 anos e que, finalmente, se concretiza e realiza o sonho de toda uma região. Na luta pela construção dessa barragem, Danilo Forte inclusive destinou mais de R$15 milhões em emendas para que a obra saísse do papel. “Hoje, com grande satisfação, vejo o quanto progredimos e celebro junto ao povo e aos amigos que tornaram este sonho uma realidade”, revela o deputado.

A obra, em execução pelo Governo do Ceará, através da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) e da Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra), iniciada no final do ano passado, deverá ser entregue ainda neste ano de 2021, para o abastecimento hídrico de comunidades da área do vale do rio Curu. A barragem Melancia terá capacidade de acumulação de 27,36 milhões de metros cúbicos (m³), vazão suficiente para preencher o vazio hídrico existente, contribuindo com o desenvolvimento hídrico da região, devendo gerar renda para as cidades próximas com o incremento da produção rural através da agricultura familiar.

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