Mudança climática ameaça Patrimônio Mundial Natural

Estudos apontam que, até o ano de 2050, o planeta aquecerá cerca de 2°C a mais do que hoje

Um levantamento da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, em inglês) constatou que um terço dos Sítios de Patrimônio Mundial Natural estão sob ameaça por causa da mudança climática. O estudo destaca que áreas como a Grande Barreira de Coral australiana, o maior recife de corais do mundo, já estão sendo afetadas e foram classificadas como conservação “crítica”.

Entre os 83 Sítios do Patrimônio Mundial Natural que estão sofrendo com a mudança climática também estão as Áreas Protegidas da Região Floral do Cabo, na África do Sul, onde a alteração exacerbou a disseminação de espécies invasoras; Área de Conservação do Pantanal no Brasil, que foi severamente danificada por incêndios florestais;  o Lago Kluane, localizado em um sítio do Patrimônio Mundial no Canadá e nos Estados Unidos, que está sofrendo com o rápido degelo da geleira Kaskawulsh, fato que acabou mudando o fluxo do rio, esgotando as populações de peixes.

Rodrigo Silva, coordenador do curso superior de Tecnologia em Gestão Ambiental do Centro Universitário Internacional Uninter, explica que estes locais “são áreas excepcionais com grande valor cultural e natural devido à sua grande diversidade biológica (ou biodiversidade). Além disso, são regiões reconhecidas pela UNESCO e que tem como principal função a preservação dessa diversidade e de populações tradicionais que ali vivem”, afirma.

Segundo o professor, as mudanças climáticas são o principal problema ambiental que será vivenciado nas próximas décadas. “Estudos apontam que, até o ano de 2050, o planeta aquecerá cerca de 2°C a mais do que hoje. Isso significa dizer que teremos mais enchentes e alagamentos, alteração do regime de chuvas com períodos de seca e estiagem mais severos, aumento dos níveis dos mares e oceanos bem como aumento no seu processo de acidificação, desertificação de ambientes e perda de biodiversidade. Obviamente, tudo isso está estreitamente relacionado a enormes perdas econômicas, sociais e ambientais”, comenta.

Sítios do Patrimônio Mundial Natural
O material, que usou como base dados de 2014 e 2017, foi desenvolvido a fim de diagnosticar se a conservação dos 252 sítios do Patrimônio Mundial Natural é suficiente para protegê-los a longo prazo. De acordo com o relatório, a mudança climática ultrapassou as espécies invasoras como a principal ameaça ao Patrimônio Mundial natural.

Silva acredita que mecanismos de preservação e conservação da nossa biodiversidade indicam que a humanidade está no caminho certo. No entanto, é preciso que essas políticas sejam implementadas de maneira permanente e que, além disso, a população também seja orientada a como diminuir a sua própria pegada ecológica.

“Por serem locais de altíssima biodiversidade (natural e cultural), esses sítios são primordiais para a conservação desse tesouro. No entanto, é preciso que haja políticas públicas eficazes que fomentem positivamente o processo de gestão dessas áreas. Além disso, temos que realizar um trabalho voltado à educação ambiental dos cidadãos”, afirma Silva.

Uma alternativa apresentada pelo professor é a utilização destas áreas para o desenvolvimento do turismo ecológico e, consequentemente, geração de emprego e renda para as populações locais. “O uso dessas áreas com responsabilidade e gestão pode ser uma excelente ferramenta de promoção de conscientização e sensibilização dos cidadãos brasileiros”.

Atualmente, o Brasil tem sete locais considerados como Sítios do Patrimônio Mundial Natural. São eles: Parque Nacional de Iguaçu (Foz do Iguaçu/PR e Argentina), As Reservas de Mata Atlântica do Sudeste (Paraná e São Paulo), Costa do Descobrimento (Reservas da Mata Atlântica, Bahia e Espírito Santo), Complexo de Áreas Protegidas da Amazônia Central, Complexo de Áreas Protegidas do Pantanal (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), Áreas protegidas do Cerrado: Chapada dos Veadeiros e Parque Nacional das Emas (Goiás), Ilhas Atlânticas Brasileiras: Reservas de Fernando de Noronha e Atol das Rocas.

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