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Monitoramento de dados deficitário limita o avanço do turismo sustentável em áreas protegidas no Brasil

A coleta sistemática de dados permite entender o perfil do público, impulsionar a visitação em regiões menos conhecidas e promover benefícios ambientais e socioeconômicos

Para gestores de unidades e comunidades, o monitoramento ajuda a identificar áreas subutilizadas, auxilia na definição de limites de visitação para evitar impactos ambientais e orienta investimentos em trilhas, centros de visitantes e outras melhorias

O Brasil abriga mais de 2,4 mil Unidades de Conservação (UCs), entre federais, estaduais e municipais, que desempenham papel crucial na conservação ambiental e oferecem oportunidades significativas para o turismo de natureza. Apesar do vasto potencial, a maior parte da visitação ainda está concentrada em áreas próximas a grandes centros urbanos. Para diversificar e expandir a atividade turística e o desenvolvimento socioeconômico do entorno dessas unidades, o monitoramento de dados é uma ferramenta essencial, uma vez que permite entender o perfil dos visitantes, identificar desafios e promover áreas menos exploradas.

 

Flávia Campassi, especialista em conservação da biodiversidade na Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, explica que monitorar a visitação nas UCs é fundamental para diversificar a oferta de opções ao turista. “Aperfeiçoar o sistema de monitoramento de dados permite divulgar melhor o universo de possibilidades disponíveis, nas mais diversas localidades, que proporcionam experiências para todos os gostos, desde montanhas e cachoeiras até praia e sol. Espaços como esses também são potentes para despertar a consciência para a urgência da conservação ambiental”, avalia.

 

Em 2023, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) registrou 23,7 milhões de visitas nas 156 UCs federais monitoradas dentre as 336 sob sua gestão, um aumento de 10% em relação ao ano anterior. No entanto, a maior parte da demanda ainda se concentra em locais icônicos, como o Parque Nacional da Tijuca (RJ), que sozinho recebeu mais de 4 milhões de visitas, o Parque Nacional do Iguaçu (PR) e de Jericoacoara (CE).

 

Os Parques Nacionais são uma das modalidades de UCs que recebem praticamente a metade do fluxo anual das visitas monitoradas. Em 2023, foi registrada a marca histórica de 11,8 milhões, uma alta de 15%. As UCs que podem receber visitação compreendem os Parques, Florestas, Refúgios de Vida Silvestre, Áreas de Proteção Ambiental e de Relevante Interesse Ecológico, Reservas Extrativistas e de Desenvolvimento Sustentável, Monumentos Naturais e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural. Quando estruturadas, trazem oportunidade de geração de recursos para os municípios; e de emprego, capacitação e renda para as comunidades locais. Entretanto, muitas unidades não monitoram seus dados de visitação e não há uma base nacional consolidada para que essas informações sejam reunidas e analisadas.

 

“Na medida em que essas áreas têm seus dados coletados de maneira sistematizada passam, por exemplo, a figurar com destaque em rankings como o do ICMBio, uma das formas de torná-las prioritárias para ações de manutenção e manejo”, explica Flávia. “O problema é que um número reduzido delas têm controle de visitas diário contabilizado ou qualquer tipo de registro ou monitoramento. Isso demonstra a necessidade de recursos e, para que possam implementar sistemas apropriados.”

 

Há bons exemplos de como o monitoramento pode revelar o potencial turístico. A Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca, em Santa Catarina, investiu esforços para aprimorar seu levantamento de demanda turística e, desde 2020, passou a figurar no ranking do ICMBio. O volume de visitação da unidade passou de 3,3 milhões naquele ano para 8,1 milhões em 2023. Outra experiência positiva é a da Reserva Extrativista Marinha de Mestre Lucindo (PA), que em 2021, seu primeiro ano de monitoramento, registrou quase 85 mil visitas, número que saltou para 102 mil em 2023. Em ambas, a visitação ocorre mesmo que muitos dos visitantes não saibam que estão dentro de uma Unidades de Conservação.

 

Benefícios do Monitoramento

 

Esses exemplos ilustram como dados bem geridos podem impulsionar a visitação também em regiões menos conhecidas, promovendo benefícios socioeconômicos e ambientais. A coleta sistemática de dados apresenta vantagens para gestores e comunidades, uma vez que ajuda a identificar áreas subutilizadas versus áreas de grande pressão, auxilia na definição de acessos permitidos e limites de visitação para redução de impactos ambientais, orienta investimentos em trilhas, centros de visitantes e outras melhorias, e fomenta programas educativos que promovem a conservação.

 

“Vivemos na era do big data, em que inteligências artificiais monitoram e gerenciam diversas atividades humanas. Em áreas protegidas, isso também é possível, mas depende de dados de qualidade. Sem coleta de informações, o gestor local atua no escuro, baseado apenas em seu conhecimento limitado sobre a unidade de conservação. O órgão gestor, por sua vez, enfrenta dificuldades para entender plenamente as áreas sob sua responsabilidade e alocar recursos de forma eficiente”, afirma Carlos Augusto Figueiredo, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza e professor do Instituto de Biociências na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).

 

O professor argumenta que o planejamento, mesmo com IA e big data, sempre estará limitado pela quantidade e qualidade das informações disponíveis. “Por isso, há uma grande diferença entre operar sem monitoramento ou com o melhor monitoramento possível, que forneça dados relevantes tanto para o dia a dia da área protegida quanto para a criação de estratégias de conservação mais abrangentes”, completa Figueiredo, que também é pesquisador colaborador do Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT) da Universidade de Coimbra (UC).

 

Flavia Campassi destaca ainda o papel das Reservas Naturais do Patrimônio Natural (RPPNs), uma das categorias de Unidades de Conservação. Elas são reconhecidas pelo poder público e instituídas por iniciativa voluntária dos proprietários, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas, que decidem se engajar efetivamente nos esforços de conservação da natureza. “Há muitas RPPNs bem estruturadas que podem e desejam receber visitação. Elas geram benefícios socioeconômicos, por meio de atividades compatíveis com a conservação da natureza, como turismo responsável, hospedagem, gastronomia e experiências imersivas”, conta. “É preciso valorizar e investir nessas áreas, já que elas necessitam de infraestrutura mínima para receber o turista, e entender o quanto elas são relevantes, em especial, para a manutenção do estilo de vida das pessoas que vivem em seu entorno e dependem delas”, completa.

 

A Fundação Grupo Boticário mantém duas unidades de conservação: a Reserva Natural Salto Morato, localizada em Guaraqueçaba, litoral norte do Paraná, e a Reserva Natural Serra do Tombador, em Cavalcante, Goiás, no coração do Cerrado. Enquanto a segunda tem como objetivo a proteção do Cerrado e a promoção da pesquisa científica, especialmente em relação à ecologia do fogo, a primeira promove também o uso público por meio da visitação de suas áreas naturais. Juntas, elas protegem cerca de 11 mil hectares de Cerrado e Mata Atlântica.

 

Conheça algumas UCs que ampliaram o número de visitações após o monitoramento:

 

Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca

Localizada no litoral sul de Santa Catarina, abrangendo os municípios de Palhoça, Garopaba, Imbituba e Laguna. Criada em 2000, tem como principal objetivo a proteção do habitat da baleia-franca-austral, uma espécie ameaçada de extinção que visita a região entre julho e novembro para reprodução e criação dos filhotes. Entre as principais atrações estão a observação de baleias; praias como Guarda do Embaú, Ferrugem, do Rosa e Ibiraquera; montanhas, lagoas, dunas e restingas, ideais para ecoturismo e esportes ao ar livre, como trekking e canoagem; o Centro de Visitantes do Instituto Baleia Franca e os atrativos da cultura local, como a pesca artesanal da tainha e o Farol de Santa Marta, ponto turístico histórico em Laguna. A APA também é destino dos entusiastas dos esportes aquáticos, como surf.

 

Reserva Extrativista (Resex) Marinha Mestre Lucindo

A Reserva está localizada em Marapanim (PA), abrangendo também áreas próximas à costa do estado. Foi criada com o objetivo de proteger os modos de vida tradicionais das comunidades locais e garantir o uso sustentável dos recursos naturais. As principais atrações são a rica biodiversidade marinha, manguezais preservados e as práticas culturais.

 

Área de Proteção Ambiental (APA) Serra da Ibiapaba

Sua área abrange municípios como Viçosa do Ceará, Tianguá, São Benedito e Ubajara, no Ceará, e Piripiri e Piracuruca, no Piauí. Entre suas belezas naturais, destacam-se a Gruta de Ubajara, com trilhas e passeios de teleférico; as cachoeiras do Cafundó e do Frade; e o Mirante Gameleira, que oferece vistas panorâmicas da serra. As atrações culturais e religiosas também estão presentes, como a Igreja do Céu, localizada em Viçosa do Ceará, e o Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em São Benedito, com diversas capelas e espaços religiosos.

Na região é possível ainda visitar os campos de flores em São Benedito, como as estufas particulares Ceará; e aproveitar a gastronomia, que reúne produção de doces, geleias e cachaças artesanais, como a famosa Cachaça Nogueira em Viçosa. Os adeptos da aventura podem aproveitar trilhas, escaladas e arvorismo. e está há menos de 1h30 de dois Parques Nacionais: Ubajara e Sete Cidades.

 

Área de Proteção Ambiental (APA) Serra da Mantiqueira

Abrangendo parte dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, é famosa por suas montanhas, florestas e biodiversidade. É uma área que abriga diversas cidades e possui uma importância ambiental vital, contribuindo para a conservação de nascentes e de espécies de fauna e flora. A região é marcada por montanhas e picos famosos, como o Pico das Agulhas Negras e o Pico do Itatiaia, que são ideais para os amantes de trilhas e escaladas. Possui diversas cachoeiras, como a do Lageado, e rios cristalinos perfeitos para banho e lazer. Há muitas trilhas para caminhadas, como as do Parque Nacional de Itatiaia, que oferecem belas vistas e oportunidades para observação de fauna e flora.

 

A região é excelente para quem gosta de esportes de aventura, como trilhas, mountain bike, parapente e escalada. Uma peculiaridade são as diversas cidades famosas por sua arquitetura charmosa e clima ameno, como Campos do Jordão, Santo Antônio do Pinhal, Monte Verde e Itatiaia. A cultura local é rica, com festas tradicionais, artesanato e uma gastronomia que valoriza os produtos da terra, como queijos, doces e pratos típicos.

 

Reserva Extrativista (Resex) Marinha do Delta do Parnaíba

Localizada no estado do Piauí, abrangendo parte do litoral e das áreas estuarinas do Delta do Rio Parnaíba, um dos maiores do mundo. Essa reserva é importante para a proteção de ecossistemas costeiros e marinhos e para a preservação dos modos de vida das comunidades tradicionais que dependem dos recursos naturais da região. É conhecida por suas paisagens que incluem dunas, lagoas, ilhas, manguezais e áreas de Mata Atlântica. Excelente destino para a observação de aves, incluindo espécies migratórias e endêmicas, como garças, socós e maçaricos. Também é possível avistar animais como tartarugas marinhas, golfinhos e até mesmo jacarés em algumas áreas. Por lá também é possível encontrar o tamanduaí, a menor espécie de tamanduá do mundo.

 

 

Sobre a Fundação Grupo Boticário

Com mais de 30 anos de história, a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza é uma das principais fundações empresariais do Brasil que atuam para conservar o patrimônio natural brasileiro. Com foco na adaptação da sociedade às mudanças climáticas, especialmente em relação à segurança hídrica e à proteção costeira, a instituição atua para que a conservação da biodiversidade seja priorizada em todos os setores. Alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, considera que a natureza é a base para o desenvolvimento social e econômico do país. Sem fins lucrativos e mantida pelo Grupo Boticário, a Fundação Grupo Boticário contribui para que diferentes atores estejam mobilizados em busca de soluções para os principais desafios ambientais, sociais e econômicos. Já apoiou mais de 1.700 iniciativas em todos os biomas no país. Protege duas reservas privadas na Mata Atlântica e Cerrado – os biomas mais ameaçados do Brasil pelo desmatamento –, somando 11 mil hectares, o equivalente a 70 Parques do Ibirapuera. Com 1,4 milhão de seguidores nas redes sociais, busca também aproximar a natureza do cotidiano das pessoas. A instituição é fruto da inspiração de Miguel Krigsner, fundador e presidente do Conselho do Grupo Boticário, criada em 1990, dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação ambiental mundial. | www.fundacaogrupoboticario.org.br | @fundacaogrupoboticario (Instagram, Facebook, LinkedIn, Youtube, TikTok).

 

Sobre a Rede de Especialistas em Conservação da Natureza

A Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) reúne cerca de 80 profissionais de todas as regiões do Brasil e alguns do exterior que trazem ao trabalho que desenvolvem a importância da conservação da natureza e da proteção da biodiversidade. São juristas, urbanistas, biólogos, engenheiros, ambientalistas, cientistas, professores universitários – de referência nacional e internacional – que se voluntariaram para serem porta-vozes da natureza, dando entrevistas, trazendo novas perspectivas, gerando conteúdo e enriquecendo informações de reportagens das mais diversas editorias. Criada em 2014, a Rede é uma iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Os pronunciamentos e artigos dos membros da Rede refletem exclusivamente a opinião dos respectivos autores. Acesse o Guia de Fontes em www.fundacaogrupoboticario.org.br

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