Mobilidade Urbana deve ser prioridade nos planos de governo

Presidente da Divisão de Mobilidade do Grupo CCR defende a adoção de políticas públicas que priorizem o transporte integrado no desenvolvimento das cidades.

Márcio Hannas é um dos palestrantes do Fórum de Mobilidade ANPTrilhos, que será realizado no dia 27 de julho, em Brasília.

O desenvolvimento das cidades passa por políticas públicas que priorizem o transporte integrado e conectado aos serviços. Essa é a visão do Presidente da Divisão de Mobilidade do Grupo CCR, Márcio Hannas, palestrante do painel setorial do Fórum de Mobilidade ANPTrilhos, que será realizado no dia 27 de julho, em Brasília (DF). Promovido pela Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos, o evento reunirá os candidatos à Presidência da República e especialistas para debater o futuro da mobilidade urbana sobre trilhos no País.

Com mais de 20 anos de carreira e conhecimento em áreas como suprimentos, finanças, logística e operações, Hannas defende que “o Brasil precisa avançar na regulação e na constituição da autoridade metropolitana, com viés puramente técnico, que possa organizar o transporte público nas grandes metrópoles”. Segundo ele, esse avanço permitirá que “o passageiro seja beneficiado com uma malha capilar que permite o deslocamento mais ágil de um ponto a outro das cidades”.

Em janeiro, após quatro anos à frente do VLT Carioca, Hannas assumiu a divisão de mobilidade do Grupo CCR, que tem no seu escopo as operações da Linha 4-Amarela de Metrô de São Paulo, operada pela ViaQuatro; da linha 5-Lilás de metrô e 8-Diamante e 9-Esmeralda de trens urbano da capital paulista, operadas pela ViaMobilidade; do VLT do Rio de Janeiro, operado pelo VLT Carioca; e o metrô de Salvador, operado pela CCR Metrô Bahia. Os sistemas fazem parte do quadro de Associados da ANPTrilhos.

A implantação de uma autoridade metropolitana de transporte, a participação da iniciativa privada no desenvolvimento do setor e a importância da inclusão da mobilidade nos planos de governo dos candidatos às eleições 2022 são alguns dos temas que Hannas destaca quando o assunto é importância do transporte sobre trilhos para o desenvolvimento econômico e social das cidades brasileiras. Conheça um pouco sobre a visão do executivo sobre esses pontos:

A rede de transporte metroferroviário brasileira vem crescendo discretamente ao longo dos anos. Quais ações avalia como necessárias para o avanço da mobilidade urbana sobre trilhos no Brasil?

Márcio Hannas – O Brasil necessita de uma agenda de Estado que contemple a mobilidade urbana como prioridade para o desenvolvimento das cidades. Nesse sentido, o Brasil precisa avançar na regulação e na constituição da autoridade metropolitana, com viés puramente técnico, que possa organizar o transporte público nas grandes metrópoles. O transporte metroferroviário é estruturante e precisa ser integrado com os demais modais na região metropolitana de forma inteligente e confortável para que o passageiro seja beneficiado com uma malha capilar, que permite o deslocamento mais ágil de um ponto a outro das cidades. A ausência da autoridade metropolitana deixa essa malha de transporte ao sabor de interesses políticos, muitas vezes divergentes, resultando em grande concorrência de modais e inviabilizando a implementação do modal metroferroviário. Na sociedade atual, investir em uma malha de transportes eficiente é investir na expansão da rede de trilhos, em tecnologia, segurança, melhor conexão para pessoas e empresas, bem-estar (pensando na redução de tempo gasto nas viagens e trajetos), entre outras questões que surgem nos ecossistemas locais. O nosso know-how em concessões e infraestrutura, como um dos maiores players da América Latina, nos ensinou a pensar o setor metroferroviário como um hub de pessoas, eventos, serviços, encontros e oportunidades.

Além de parcerias com produtores culturais para a realização de exposições, shows de música, apresentações de ballet e oferta de serviços de orientação profissional e de apoio emocional em nossas áreas, passamos a oferecer nas 26 estações das linhas 4-Amarela e 5-Lilás do metrô de São Paulo, os serviços de e-boxes – armários inteligentes que atendem à população que não consegue receber em casa as compras feitas pelo e-commerce. Isso também está disponível em duas estações do Metrô Bahia, com estudos para disponibilização em mais duas neste ano, devido aos bons resultados. Outra importante iniciativa sob a ótica de serviços está voltada aos ciclistas-entregadores, cujo número também aumentou bastante durante a pandemia de Covid-19. A ViaMobilidade fez uma parceria para oferecer um ponto de apoio para entregadores em frente à Estação Eucaliptos de metrô, espaço que fica aberto de domingo a domingo, entre 10h e 22h, e oferece área de descanso, tomadas para carregamento de celulares, banheiros completos e uma copa equipada com microondas, água potável e ambiente para refeição, além de nichos para apoio de mochilas e suportes para as bicicletas.

O governo tem apostado nas Parcerias Público-Privadas para o setor e hoje elas respondem por 56% das operações no Brasil. Você acredita que esse é o caminho para desonerar os cofres públicos e alavancar a expansão da rede de atendimento à população? Fale um pouco sobre a sua visão em relação às PPPs no setor metroferroviário.

Márcio Hannas – As PPPs são fundamentais para a melhoria do ambiente de negócios no País, e aqui falamos de temas que vão muito além do setor em si, e tocam nas políticas bem-sucedidas de fomento às concessões, fator decisivo para a agenda de desenvolvimento econômico. Portanto, objetivamente, as parcerias são um caminho decisivo para oferecer melhores serviços, segurança, agilidade e informação para o usuário final, que é o cidadão, a sociedade. O que eu enxergo como um debate necessário diz respeito ao subsídio do transporte público, uma contraprestação fixa do poder local, pois os investimentos necessários em obras são muito expressivos e há limitação legal de 35 anos para o período de concessão. Neste sentido surge uma barreira: o concessionário/investidor privado não consegue obter retorno do capital somente a partir da tarifa cobrada, por isso temos as PPPs e concessões patrocinadas para obras. Justamente em função da necessidade de aporte pelo poder público ao longo de toda a concessão, que é de longo prazo, precisa do estabelecimento de garantia pública robusta e de segurança jurídica que proteja o investidor das mudanças de governo.

2022 é ano de eleições presidenciais e estaduais. Qual a importância de debater a mobilidade urbana no cenário das eleições?

Márcio Hannas – Mobilidade urbana é pauta prioritária nos grandes fóruns econômicos do mundo, na agenda dos países desenvolvidos e até mesmo na pauta de grandes companhias, que sentem o impacto positivo ou negativo da gestão da mobilidade urbana em seus modelos de negócios. Portanto, devemos olhar com maior atenção para os projetos e políticas públicas que colocam a mobilidade urbana como prioridade para o desenvolvimento das cidades. A mobilidade urbana deve ser responsabilidade de todos os âmbitos do poder executivo, seja ele nacional, estadual e municipal. Apesar da mobilidade urbana acontecer nos municípios e impactar muito a dinâmica das cidades, essas não têm recursos suficientes para implementar projetos metroferroviários. Tampouco a maioria dos estados hoje tem condições de implementar sozinhos esses modais estruturantes. Nesse caso, há a necessidade da criação de programas de fomento ao transporte público com recursos do Governo Federal para viabilizar a melhoria da mobilidade nas grandes cidades e regiões metropolitanas do Brasil. Dessa forma, essa pauta deveria estar presente nos debates das eleições deste ano.

Como avalia a importância de um evento como o Fórum de Mobilidade ANPTrilhos no desenvolvimento do setor metroferroviário?

Márcio Hannas – O Fórum de Mobilidade ANPTrilhos é importantíssimo para debater um tema necessário e urgente. O Brasil ainda precisará percorrer um longo caminho para oferecer mais opções de transporte inteligente para a sociedade. O evento é fundamental para gerar um debate esclarecedor, mais atento às mudanças regulatórias, tecnológicas e comportamentais da sociedade. Falar de transportes metroferroviários, em essência, é falar de pessoas. Na CCR utilizamos o conceito de Mobilidade Humana, quando nos referimos aos pilares ESG e à nossa ambição estratégica 2025, que se expressa através de cinco eixos: encantamento dos clientes; engajamento dos colaboradores; ESG, reputação e retorno ao acionista. Em essência, nosso propósito está ancorado na mobilidade humana, que passa pela busca incessante pela satisfação e bem-estar das milhões de pessoas que usufruem dos nossos modais. Especificamente em trilhos, esse número alcança 3 milhões de pessoas diariamente.

SERVIÇO

Fórum de Mobilidade ANPTrilhos

Data: 27 de julho de 2022

Horário: das 09h às 19h

Local: Unique Palace – St. de Clubes Esportivos Sul / Trecho 2 – CJ 42 – Brasília/DF

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