Atacante bicampeão do Baiano concedeu entrevista exclusiva e relembrou histórias nos dois times
O Campeonato Baiano será decidido neste domingo (07), às 16 horas, no clássico entre Bahia e Vitória, no estádio da Fonte Nova. Os times se enfrentam após a vantagem adquirida pelo Rubro-Negro, que venceu o Tricolor de Aço no Barradão por 3 a 2 no primeiro jogo. Um jogador que sabe o gosto de levantar o troféu baiano pelas duas equipes, o ex-atacante Júnior, popularmente conhecido como Diabo Loiro, contou sua torcida na final de 2024 e relembrou histórias dos dois times em entrevista ao Torcedores.com.
“Cada clube tem a sua particularidade. Não existe favorito. Quem errar menos vai ser campeão. Uma vitória pra cada na temporada. O Bahia tem um elenco muito mais caro. Mas o Vitória vem numa pegada boa desde a Série B do ano passado. Manteve o treinador e isso conta muito. O equilíbrio é grande, mas torço para o Vitória ser campeão. No título que ganhei em 2012 com o Bahia, por exemplo, jogávamos pelo empate e o Vitória saiu na frente. E depois corremos atrás do resultado. Mas estou torcendo para o Vitória neste ano. Meu amigo Oswaldo está, meu conterrâneo, está jogando muita bola aos 36. É o principal jogador do Vitória para mim.”, aponta.
Sobre o principal reforço do Vitória para a atual temporada, o atacante Luan Júnior foi enfático ao reprovar a contratação.
“Eu não gostei da contratação do Luan. Ele estava no Corinthians há praticamente três anos sem jogar. Até esperar ele entrar no ritmo, não acho que vale a pena esperar. Ele já está resolvido financeiramente e perdeu o tesão de jogar. Mas só vai depender dele, talvez dê certo em uma posição menos comprometida com a marcação”.
Chegada no Vitória
Júnior relembra o período que chegou para jogar no Vitória, depois de passar mais de dez anos na Europa (atuou em clubes da Espanha, Bélgica, França, Inglaterra, Suécia e Dinamarca).
“O que aconteceu no Vitória foi a realização de um sonho. Eu sonhava em ser reconhecido no Brasil, jogar uma Série A. Cheguei da Europa para fazer teste com toda humildade lá,pois ninguém me conhecia. Eu tinha um amigo que me indicou para o presidente Alexi Portela, foi assim que cheguei ao Vitória. Os primeiros dias foram apenas testes físicos e, no terceiro e último dia teve um rachão com quinze jogadores pra cada lado. Fiz quatro gols e escolheram ficar comigo”.
Sobre sua saída após o melhor ano de sua carreira em 2010, após marcar 30 gols na temporada, Júnior aponta a diretoria rubro-negra na época como culpada.
“Foi culpa da diretoria do Vitória. O Alexi me levou, ajudou demais, mas depois eu acabei sendo bonzinho demais. E depois esse bonzinho demais, quando chegou para perguntar como seria no ano seguinte, me disseram que não teriam condições de ficar comigo. Foi por isso que eu saí. Mas a minha intenção era ficar. Até para jogar a Série B, eu gostaria de ficar. Quando cheguei lá no Ceará, estava o Mancini, que está agora de novo. Ele disse que não queria contar comigo e trouxe os jogadores dele. Então eu fui procurar novamente o Vitória, informando que eu gostaria de voltar, isso cerca de quatro meses depois. E, de novo, eles não quiseram. Mas não tenho mágoa alguma do clube e sou bem recebido até hoje quando vou lá”, diz.
Encontro em restaurante com presidente rendeu convite para o Bahia
Júnior conta que o convite para atuar no Bahia aconteceu de forma inesperada, e a resposta veio de prontidão.
“Tinha encontrado o presidente do Bahia em um restaurante, e ele me convidou para ir ao Bahia. Eu disse que iria. Mas quando cheguei lá, eu tinha a moral da imprensa, mas os treinadores na maioria não me conheciam, nem os jogadores, que eram quase todos vindo do eixo Rio-SP. Aí cheguei piano, busquei meu espaço com meu empenho nos treinos e profissionalismo”.
Gols marcantes pela dupla Ba-Vi
Pelo rubro-negro, Júnior relembra um tento em que contribuiu diretamente para a conquista do Campeonato Baiano de 2010, ao fazer o gol da vitória por 1 a 0, fundamental para a conquista do título estadual sobre o maior rival.
“Gol da Vitória contra o Bahia em Pituaçu, aos 37 do segundo tempo. Me joguei na bola, o Elkeson tocou pra mim, eu fiz o pivô e girei, e a bola correu um pouco, mas nessa eu sai do zagueiro, acreditei e cheguei chutando a bola, que bateu na trave e entrou. A comemoração foi quando cavamos a cova do Bahia com uma pá, tínhamos mania de sempre comemorar os gols com dancinha ou algo inusitado”.
Pelo Bahia, a lembrança é de um gol pela Copa do Brasil.
“Um gol contra a Portuguesa na Copa do Brasil, já ia ser substituído, já tinha subido a placa, fui na última bola, consegui roubar a bola do zagueiro e dei uma cavadinha por cima do goleiro”, conta.
A seleção dos melhores que atuou por Bahia e Vitória
Apelidado de Diabo Loiro, o ex-atacante montou a seleção dos melhores que já atuou por Bahia e Vitória. Ele atuou ao lado de nomes de peso nos três anos em que ficou no futebol baiano.
“Meu time ideal do Ba-Vi seria Marcelo Lomba; Nino Paraíba, Titi, Anderson Martins e Egídio; Bida, Ricardinho, Carlos Alberto e Ramon; Elkeson e Júnior. É um time muito bom, hein?”
Diferença de fanatismo entre torcedores cearenses e baianos
Apesar de ter atuado em dois rivais, Júnior afirma que não possui rejeição entre as torcidas.
“O povo baiano é muito diferente do cearense. Entre Ceará e Fortaleza (O atacante também atuou nas duas equipes), tem uma rivalidade e o jogador sai de um time para o outro e parece que eles não se esquecem. Já em Salvador, o torcedor me encontrava e o time em que eu não estava, eu ouvia ‘queria você lá no Bahia, e vice-versa’. Consegui ter uma admiração das duas torcidas. Depois que declarei que sou rubro-negro de coração, muito torcedor Bahia passou a não gostar de mim. Mas tenho o respeito deles”, conta.
Sobre os times de sua terra natal, Ceará e Fortaleza, outra dupla de rival do nordeste que Júnior atuou, ele não fica em cima do muro ao apontar sua preferência.
“Gosto dos dois times, mas tenho carinho maior pelo Fortaleza. Hoje sou Tricolor. O Fortaleza foi o time que me revelou, que abriu as portas do futebol para mim. No Ceará tive apenas quatro meses, mas gosto do clube e torço para que cresça, pois é um grande representante do futebol nordestino”, aponta.
Números por Bahia e Vitória
Júnior atuou pelo Tricolor de Aço em 2011 e 2012, quando fez 62 jogos e anotou 18 gols. Ele foi campeão baiano pelo clube no segundo ano. Com a camisa do Rubro-Negro baiano, o ex-atacante marcou 30 gols em 63 jogos apenas no ano de 2010. Foi campeão do baianão e da Copa do Nordeste naquela temporada. Hoje, ele possui uma escola de kitesurf que oferece passeios em Fortaleza.
Foto: Reprodução/Esporte Nordeste