Investimentos alternativos: Rosenberg aposta em fundo de direitos autorais

(Por Ana Julia Mezzadri)

Investing.com – O mercado de investimentos, sobretudo de renda variável, é conhecido por ser volátil e suscetível a acontecimentos econômicos e políticos. Há pouco mais de um ano, por exemplo, o mercado de ações entrou em pânico com a escalada da pandemia e a bolsa de valores brasileira acionou seis circuit breakers – paralisações para evitar oscilações extremas – em oito dias.

Nesse cenário, vem crescendo o interesse de investidores por ativos menos correlacionados a fatores externos: e é aí que entra a nova iniciativa da boutique financeira Rosenberg Partners em parceria com com a Muzikizmo, equipe recém-formada por profissionais do setor para desenvolver modelos de negócios no mundo da música.

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A parceria visa criar um produto de investimento focado em direitos autorais musicais. A ideia inicial, segundo Renato Soriano, sócio-fundador da Rosenberg, era criar um FIP, mas o grupo tem estudado propostas em private equity e venture capital.

A ideia, segundo Luiz Eurico Klotz, da Muzikizmo, é que o fundo se torne “sócio” e busque crescimento em conjunto com os artistas, que serão selecionados com base critérios como tempo de carreira, potencial e relevância da obra. Do lado financeiro, a escolha passa pela análise de pontos como receita e estabilidade.

Entre os ativos que já fazem parte do portfólio do fundo estão o catálogo do Gui Boratto e uma parte da Nikita Digital, do Felipe Llerena – ambos fazem parte da equipe do Muzikizmo.

A estimativa é levantar R$ 500 milhões. E a receptividade tem sido positiva: “chegamos a discutir no começo fazer uma captação inicial de R$ 100 milhões a R$ 200 milhões, mas agora já vemos interesse para falar de R$ 300 milhões a R$ 500 milhões”, diz Soriano.

A principal razão para a receptividade com a proposta, segundo Klotz, está justamente nas características da classe de ativos: “A música tem se tornado um ativo financeiro extremamente confiável, rastreável e quantificável”, explica. “São ativos que têm estrutura financeira mas, ao mesmo tempo, não têm correlação com os demais mercados”, afirma Soriano.

Esse talvez seja o maior diferencial: o investimento em direitos autorais musicais se destaca por não ter correlação com o ambiente sociopolítico ou econômico. Nas palavras de Eurico, “as pessoas ouvem música, consomem música e têm na música a sua trilha sonora nos seus melhores e piores momentos. Você pode ficar sem uma roupa, sem ir ao cinema ou sem jantar fora, mas você não fica sem ouvir música.”

Nesse sentido, por ser descorrelacionado e ter bom retorno, o produto pode ser um bom aliado na hora de diversificar um portfólio, segundo Soriano.

Para além da diversificação, o ativo também chama a atenção pelo fluxo financeiro que vem dos direitos autorais, pelo risco de crédito “quase inexistente”, nas palavras de Soriano, e pelo potencial de aumento de capital com o crescimento dos artistas que fazem parte do portfólio.

Finalmente, Klitz menciona a momento importante de expansão que a indústria musical tem vivido, com a digitalização e as plataformas de streaming e entretenimento. “Acho que o momento é oportuno, porque existe um boom. A indústria ainda está para ver seus melhores dias”.

“Não estamos inventando a roda. A tecnologia é que está permitindo que isso vire um produto financeiro para o público geral”, completa Soriano.

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