Indústria forte, o novo normal. O Brasil precisa olhar para isso
Todos sabemos que estamos vivendo um momento sem precedentes na história do Brasil. Acometida por uma pandemia devastadora, o país atravessa o pior momento de todos os tempos.
Mas dentro de toda dificuldade há de se encontrar uma oportunidade. Muita gente acredita que o ideograma da palavra crise, em chinês, é composto de dois outros mais simples, um significando risco, e outro, oportunidade. A crise veio mostrar ao mundo que mudanças precisarão ser executadas. Países em estágio avançado de desenvolvimento anteciparam suas ações direcionado seus focos para segmentos estratégicos na econômica, entre eles a indústria moderna.
A indústria tem papel fundamental no processo de recuperação e de desenvolvimento dos países, na medida em que demanda mão de obra qualificada agregando alto valor nas economias.
O Brasil será fortemente abalado pela crise. Já vínhamos de quadro de fraca recuperação. Ao final deste ano deveremos presenciar de 15 a 20 milhões de desempregados no país, além de mais de 10 milhões de desalentados, totalizando mais de 35 milhões de pessoas a margem do mercado. Pela primeira vez na história recente, de acordo com o IBGE, mais da metade da população economicamente ativa está sem emprego. No trimestre terminado em maio a taxa foi de 12,9%. Muitas empresas estão quebradas e outras endividadas. Mesmo as em boas condições financeiras terão pouco ímpeto de investir dado o cenário de forte contração da demanda das famílias abaladas pela redução de salário e dificuldade de acesso ao crédito, restrito pelo aumento da inadimplência.
É momento, portanto, de estabelecermos um PACTO PELO BRASIL. O Brasil tem uma extensa agenda a cumprir na área da economia, que precisa, urgentemente, ser priorizada. Além de outras, não menos complexas, nos campos educacional e institucional, cujos resultados são mais de longo prazo.
Para crescer decentemente, precisamos de uma Política de Estado que atente um ambiente de negócios favorável ao investimento produtivo. São necessárias e urgentes condições de investimento em infraestrutura, em educação, pesquisa e desenvolvimento tecnológico que são garantias de aumento da produtividade e da competitividade de bens e serviços.
Os investimentos em infraestrutura, necessários para estimular a demanda, pressupõe a renegociação prévia dos atuais contratos das concessionárias, para reestabelecer o equilíbrio econômico dos mesmos e da reestruturação de suas dívidas, juntamente com a eliminação da insegurança jurídica com marcos regulatórios adequados e uma definição precisa do papel das agências, para atrair capitais privados, e políticas públicas voltadas para atrair PPPs, Concessões e etc..
O endividamento, tanto das empresas, quanto das pessoas físicas, poderá tornar-se uma barreira a estas iniciativas, portanto é essencial atenção a este aspecto no período pré e pós crise, visando permitir a retomada tanto da demanda quanto dos investimentos privados e públicos.
A condição necessária para crescermos decentemente, no futuro, é aumentar sensivelmente a produtividade a partir, não só da renovação do parque industrial, mas principalmente da sua ampliação o que exigirá profissionais treinados a partir de uma educação de qualidade. Isto, por sua vez, pressupõe a oferta de financiamentos de longo prazo, com carências e taxas de juros reais adequadas.
Por fim, mas não menos importante, se quisermos ser competitivos, inclusive para atrair investimentos internos e externos devemos eliminar o “Custo Brasil”, começando por uma reforma tributária nos moldes do projeto em discussão na Câmara. Em resumo, precisamos avançar rumo ao PACTO PELO BRASIL que priorize os cidadãos, através da criação de empregos de qualidade, igualdade de oportunidades e renda, com um olhar importante sobre as atividades indutoras do crescimento, pois o investimento de hoje é o crescimento de amanhã.
*João Carlos Marchesan é administrador de empresas, empresário e presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ