ICC Brasil promove evento virtual com participação do Economista-Chefe da OMC

O webinar abordou de que maneira a pandemia impactou o comércio global com debate de três especialistas internacionais no setor

Com a participação de Robert Koopman, Economista-Chefe da OMC, a terceira edição da série da ICC Brasil de debates com convidados de alto nível, a ICC Leadership Talk, aconteceu no dia 03 de agosto. Desta vez com o tema The renewed importance of global trade after the pandemic”, o evento virtual reuniu três grandes especialistas internacionais e discutiu de que maneira a pandemia de covid-19 impactou o comércio global, abordando temas como a abertura de países à importação, o desenvolvimento econômico na América Latina e as barreiras ao comércio internacional no Mercosul.

Além de Koopman, o webinar contou com a presença de Fred P. Hochberg, Ex-Presidente do US EXIM Bank e autor do livro ‘Trade is Not a Four Letter Word: How Six Everyday Products Make the Case for Trade’ e Caroline Freund, Reitora da School of Global Policy and Strategy na University of California e ex-Diretora de Comércio, Investimentos e Competitividade do Banco Mundial, além de Daniel Feffer, Chairman da ICC Brasil e Gabriella Dorlhiac, Diretora Executiva da ICC Brasil.

Um dos assuntos debatidos pelos convidados teve relação com as mudanças nas dinâmicas sociais em países como a China e suas aberturas em relação à importação. Sobre isso Koopman comentou que, “gerações passadas foram aos Estados Unidos para aprender, se educar e levar isso de volta para a China. Mas agora os chineses descobriram que a nova geração no país pensa que não tem nada a aprender com os americanos. Um país dinâmico e de rápido crescimento como a China perderá sua vantagem por se voltar essencialmente para dentro. Eu acho que a atitude cultural é algo para se preocupar, seja qual for o país em que você está”. Ainda nesse tema Hochberg complementou, “eles gostariam de minimizar as importações e fazer o máximo que puderem, especialmente em indústrias críticas. Mas países que estiveram mais abertos à importação, estão abertos a ideias inovadoras que vêm de fora, que vêm de outro lugar, que fazem a diferençaO Brasil é difícil de penetrar nesse aspecto.”

Koopman segue citando exemplos bem-sucedidos de reorganização interna e engajamento nas cadeias de valor internacionais, como o caso da Costa Rica, que abriu suas fronteiras para o comércio exterior, determinando os setores que poderiam melhorar, e estão conseguindo aumentar o dinamismo de sua economia. Por outro lado, Koopman alertou para os riscos envolvidos ao se montar um plano de desenvolvimento econômico, como o do México, que foi fundamentalmente implementado pelo NAFTA (Acordo de livre-comércio da América do Norte) e acabou tendo que competir com a China, que segundo ele, “imitou o México, pelo menos nos setores em que o este pensava que podia desenvolver e expandir”. Koopman explica que a ideia do México não era ruim, porém a China implementou uma estratégia semelhante e aproveitou suas vantagens naturais, como uma força de trabalho de baixo custo, com melhor formação, investindo pesadamente em infraestrutura e em seu desenvolvimento institucional.

Ao falar sobre outros acordos de livre comércio, como o MercosulKoopman acredita que, “um acordo de comércio regional, que desenvolve uma economia mais dinâmica, normalmente traz consigo outros membros daquela economia regional se houver um fluxo aberto e integração e não vemos isso no Mercosul, que não tem apresentado muitos resultados. Acredito que os países integrantes do acordo, ao invés de verem a união das alfândegas como uma unidade integrativa que os ajuda a aumentar a competitividade regional em relação ao resto do mundo, estão preocupados se os outros membros estão tornando suas economias domésticas mais competitivas”.

Já nas considerações finais do evento Hochberg comentou, “existe uma velha expressão: uma crise é uma coisa terrível de se desperdiçar. Tivemos uma terrível crise global. Isso exige de alguma forma limpar alguns arbustos e talvez usar como um exemplo para dizer que temos que realmente repensar tantas coisas. Então, talvez esta crise possa nos estimular muito a pensar e lançar algumas ideias”.

International Chamber of Commerce

A International Chamber of Commerce (ICC) é a representante institucional de mais de 45 milhões de empresas em 100 países.

Por meio de uma combinação única de advocacy e criação de padrões e soluções, promovem o comércio internacional, a conduta responsável das empresas e uma visão regulatória global, além de fornecer serviços de resolução de disputas altamente reconhecidos pelo mercado. Seus membros incluem muitas das grandes empresas globais, PMEs, escritórios de advocacia, associações empresariais e câmaras de comércio.

A ICC representa os interesses do setor privado nos níveis mais altos de tomada de decisão intergovernamental, seja na Organização Mundial do Comércio, nas Nações Unidas ou no G20 – garantindo que a voz das empresas seja ouvida.

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