Personalize as preferências de consentimento

Utilizamos cookies para ajudá-lo a navegar com eficiência e executar determinadas funções. Você encontrará informações detalhadas sobre todos os cookies em cada categoria de consentimento abaixo.

Os cookies categorizados como “Necessários” são armazenados no seu navegador, pois são essenciais para ativar as funcionalidades básicas do site.... 

Sempre ativo

Necessary cookies are required to enable the basic features of this site, such as providing secure log-in or adjusting your consent preferences. These cookies do not store any personally identifiable data.

Não há cookies para exibir.

Functional cookies help perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collecting feedback, and other third-party features.

Não há cookies para exibir.

Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics such as the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.

Não há cookies para exibir.

Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better user experience for the visitors.

Não há cookies para exibir.

Advertisement cookies are used to provide visitors with customized advertisements based on the pages you visited previously and to analyze the effectiveness of the ad campaigns.

Não há cookies para exibir.

Estudo identifica autoanticorpos que intensificam a severidade da covid-19 com o avanço da idade

Pesquisa coordenada no ICB-USP descreve um aumento na produção de autoanticorpos em pessoas com mais de 50 anos; descoberta também está relacionada com a incidência de casos de trombose.

A produção de autoanticorpos — anticorpos que reconhecem moléculas do nosso próprio corpo – cresce significativamente em pacientes com mais de 50 anos infectados com a covid-19, e isso pode explicar por que a severidade dos casos aumenta com o avanço da idade. É o que aponta uma pesquisa coordenada pelo professor Otávio Marques, pesquisador associado do Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP, cujo estudo aliou conhecimentos de imunologia e técnicas de análise de dados por meio de aprendizado de máquina.

O estudo é fruto de uma colaboração entre cientistas do Brasil, Estados Unidos, Israel e Alemanha, e acaba de ser publicado na revista npj Aging, do grupo Nature. A partir de dados coletados em diversos hospitais dos EUA, os pesquisadores mapearam os autoanticorpos ativados na doença, destacando o papel da idade na desregulação do sistema imune e a ação de moléculas relacionadas a casos de trombose, doença caracterizada pela formação de coágulos em vasos sanguíneos.

“Observamos que a probabilidade desses autoanticorpos influenciarem em um caso severo de covid é maior em pacientes com mais de 50 anos e piora conforme a idade avança, assim como a incidência de trombose”, afirma Marques. “A trombose é uma das complicações mais graves da covid-19, que ocorre em cerca de 15% dos pacientes e pode até levar a morte”, acrescenta.

Para chegar a essas conclusões, foram analisados dados de 232 indivíduos não vacinados, 159 dos quais testaram positivo e 73 que não tinham contraído a doença. A partir de um conjunto de dados de 58 autoanticorpos, detectou-se que 16 sofreram um desequilíbrio significativo, sendo que dois deles, a antiglicoproteína plaquetária e a anticardiolipina, apresentaram um desbalanço ainda mais expressivo e estão relacionados com a incidência de casos de trombose.

Esses 16 autoanticorpos, sobretudo os dois citados, atuam por todo o organismo. “Assim como a covid-19, que afeta todo o corpo, esses autoanticorpos podem provocar complicações diversas, que vão desde trombose assintomática até a morte súbita. Nos casos dos pacientes com comorbidades, ou infectados por uma variante mais inflamatória, essa desregulação imunológica é ainda maior”, explica Marques.

“Apesar de também existirem em indivíduos saudáveis, os 16 autoanticorpos estavam com seus níveis séricos [relativos a substâncias do sangue] aumentados nos pacientes mais graves. Esse desequilíbrio pode ocorrer por diversos fatores”, conta Dennyson M. Leandro Fonseca, doutorando do ICB-USP e primeiro autor do artigo.

“O principal deles é que com o passar dos anos, nosso organismo passa pelo processo de imunossenescência ou envelhecimento imunológico, que está associado ao progressivo declínio da função do sistema imune. Isso cria uma situação propícia para a desregulação do sistema imunológico e o aumento na gravidade de inflamações”, detalha.

Porém, segundo Marques, é possível retardar essa imunossenescência por meio de hábitos saudáveis como alimentação regrada, prática equilibrada de esportes e cuidados com a saúde mental.

Os 16 autoanticorpos encontrados no estudo se juntam com autoanticorpos como o anti-IFN do tipo I, que já haviam sido identificados anteriormente, para explicar por que o aumento da idade e a severidade dos casos de covid andam lado a lado. “Esse conhecimento amplo sobre o tema abre um leque maior de possíveis alvos terapêuticos”, afirma o professor.

Classificação estatística — Vários algoritmos de aprendizado de máquina foram utilizados no estudo como o support vector machine, que analisa os dados e reconhece padrões, dividindo-os em diferentes classes, e o RandomForest, que se baseia no modelo de árvores de decisão, em que uma decisão é tomada pelo sistema com base em duas alternativas da mesma classe. A diferença para outros softwares desse tipo é que no caso do RandomForest são criadas diversas árvores diferentes aleatoriamente — no estudo, cerca de 5 mil.

Isso permitiu mostrar com maior precisão quais desses autoanticorpos são capazes de classificar os pacientes de acordo com a severidade da doença. “É feito um ranqueamento de qual anticorpo é mais expressivo de acordo com cada característica. O que aparece mais vezes, entendemos como mais importante. É um modelo muito eficiente, com grande reconhecimento internacional”, explica Igor Salerno Filgueiras, segundo autor do estudo.

Segundo Marques, além da covid-19, o trabalho abre portas para a investigação do comportamento de autoanticorpos em contextos de outras doenças, como a sepse — resposta inflamatória intensa provocada por infecções graves. “A trombose é um fenômeno muito frequente nos pacientes com sepse grave, e muitos acabam morrendo. Possivelmente esse trabalho abrirá portas para investigar o papel dos autoanticorpos nesses outros contextos e usar isso como biomarcador para avaliar a eficácia de um tratamento ou para o desenvolvimento de novas terapias, por exemplo”, afirma o professor.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.