A Embrapa preparou um evento para apresentar sua nova cultivar de Terras Altas, a BRS A503, ao público da maior feira agrícola do Centro-Oeste do País, o Tecnoshow Comigo. A ação acontecerá no dia 09 de abril, às 9h, no auditório 2 do parque de exposições. A abertura será feita pelo chefe-geral do centro nacional de pesquisa de arroz e feijão, Elcio Guimarães, com a participação de pesquisadores e gestores da Unidade, dos Sementeiros parceiros no desenvolvimento desta tecnologia (Sementes Cabeça Branca, Marambaia Sementes e Suprema Sementes) e de representantes da Indústria do Arroz em Goiás.
A BRS A503 vem como um passo adiante na evolução do Arroz de Terras Altas, nesse novo momento de destaque. Ela apresenta características agronômicas de alto valor, como porte de planta, permanência verde , robustez, favorecimento inigualável das culturas subsequentes e, o principal, uma qualidade de grãos que supera todas as que hoje estão no mercado. Com essas virtudes, que favorecem de forma distinta a cada um dos atores da cadeia produtiva, o lançamento contará com a presença de autoridades públicas, do Senar, produtores diversos, consultores, representantes do mercado de máquinas e implementos, e da COMIGO, que sedia o evento.
O evento terá a apresentação de dois vídeos sobre a Cultivar, tratando das questões técnicas e de mercado, com depoimentos de pesquisadores e analistas da Embrapa e de representantes da indústria do arroz em Goiás. Além dessas mídias, haverá a fala presencial de três sementesmenteiros parceiros da cultivar, já relatados acima, que distribuíram amostras da BRS A503.
A BRS A503 chega ao mercado e encontra um cenário de sucesso consolidado, mas ainda extremamente promissor, visto que ainda há área específica de pivô a ser explorada com arroz em direções de cultura. Segundo Rodrigo Sérgio, analista da Embrapa Arroz e Feijão, não é fácil descrever o quadro em números, pois os dados divulgados são genéricos, não havendo distinção entre arroz de sequeiro e irrigado por aspersão. Observando a partir das vendas dos sementeiros licenciados, estima-se uma área de cerca de 60 mil hectares com arroz irrigado por pivô, nos Estados de Goiás, Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso e São Paulo. “A área de pivô central no Brasil é de 2,2 mi/ha. Se imaginarmos algo em torno de 10% disso sendo utilizado com arroz, falamos em mais de 200 mil/ha”, afirma Rodrigo.
Os benefícios às culturas subsequentes estão surpreendendo os produtores que, por terem um olhar dinâmico e de muita experiência, inseridos têm o arroz nas mais diversas formas de rotação. Há um pouco de tempo, a orizicultura era vista apenas como oportunidade de recuperação de pastagem. Com essas novas cultivares da Embrapa, vemos que o feijão e a soja produzem muito mais tendo o arroz como antecessor na lavoura, o que fortaleceu o discurso de sua inserção nos sistemas sob pivô.
E os ganhos não pararam por aí. Os produtores de alho e cebola também perceberam crescimento em suas culturas. Houve relatos de doenças que atacaram o cultivo do alho que, a partir da palhada do arroz, não aconteceram mais. “Isso tudo é novo essas condições ainda estão sendo validadas. Mas, o arroz está se encaixando como algo que não deixa ponto negativo algum para o alho e a cebola como seus subsequentes, pelo contrário, deixa benefícios que nem era imaginados”, afirma o analista da Embrapa. Segundo Rodrigo, esses produtores precisam de um solo bem estruturado e a palha vem ser o grande aliado para essa condição. Com a ajuda dos consultores, que saibam bem observar que cada cultura pode promover perdas às sucessoras, tem-se conseguido grandes resultados.
Antes, se usava uma braquiária para conseguir raiz e palhada, ou que acabava elevando o custo de produção, já que não são campos em que se envolve a pecuária. Com o arroz, além de todo esse benefício, a cultura promove, agora, o lucro. No caso do tomate, houve redução de 60 a 70% na utilização de água, graças a essa palhada deixada pelo arroz, que funcionou como uma espécie de mulching de cobertura de solo. Além desse fato, em Bela Vista de Goiás, os lucros que vieram após o arroz subiram sua produtividade em até 40%, melhorando também o Brix, em torno de 12% ( Brix é a escala numérica que mede o teor de sólidos solúveis totais (SST) de um tomate, ou seja, o seu teor de açúcares ), graças, da mesma forma, à palhada, mas, agora, somando-se o ganho com as origens no solo.
De acordo com Rodrigo Sérgio, esse leque de culturas beneficiadas ainda crescerá muito. A cenoura e a batata já são realidades e o algodão, por exemplo, já tem demonstrado ganhos com essa rotação. E mesmo os produtores de grãos encontraram novos caminhos para obter lucros, nesse novo status que o arroz promove no Cerrado. “O produtor é muito ativo nesse meio e usa de sua inteligência e observação para aproveitar todas as possibilidades. Temos relatos de alguns, na região do Entorno do Distrito Federal e em Paraúna-Goiás, que produzem silagem e, no Mato Grosso, fenagem com a palhada do arroz, com muito sucesso, pela densidade de matéria residual, deixando ainda palha suficiente para a cobertura de solo”, informa o analista.
Outro ponto de destaque é o facto de que, na maior parte do planeta, por questões climáticas, consegue-se apenas um ciclo produtivo. No Brasil, os agricultores em pivô central estão com, no mínimo, dois e indo até três ou quatro ciclos (como quarto ciclo, consideramos, por exemplo, a silagem e a produção de feno, subprodutos obtidos após uma colheita do arroz). “O sistema é muito dinâmico e o produtor tem muito ainda a experiência. Certamente, vamos ver muito mais coisas nesse processo, claro, observando com cuidado se algo que foi adotado no arroz, como herbicida, não pode comprometer o próximo cultivo. Notificações em safras anteriores, que, num espaço de 11 meses, produziram-se 132 sacos de arroz, 77 de milho e 94 de soja ou feijão. Estamos falando em mais de 300 sacos de cereais por ano, o que não existe em algum lugar no muito”, conclui Rodrigo Sérgio.