Em carta aberta, correspondentes estrangeiros exigem de Israel e Egito autorização para entrar em Gaza

Egito é responsável pelo controle de acesso por Rafah

Londres – Uma carta aberta enviada às embaixadas de Israel e do Egito em Londres por dirigentes e jornalistas das principais organizações globais de mídia nesta quarta-feira cobra dos dois governos a permissão de acesso livre de jornalistas internacionais à Faixa de Gaza.

A carta foi assinada por 55 jornalistas da Sky News, BBC, ITV, Channel 4, CNN, ABC, NBC e CBS, incluindo correspondentes internacionais reconhecidos e premiados como Alex Crawford e Stuart Ramsay, da Sky News; Katya Adler e Jeremy Bowen da BBC; e Orla Guerin, Fergal Keane e Christiane Amanpour, da CNN.

Atualmente, a cobertura da guerra entre o Hamas e Israel tem sido feita por jornalistas que já estavam baseados em Gaza, muitos dos quais morreram ou saíram do local diante dos riscos de vida, com registro de atentados deliberados a profissionais de imprensa.

O texto diz:

“Quase cinco meses após o início da guerra em Gaza, aos jornalistas estrangeiros continua a ser negado o acesso ao território, à exceção de raras visitas escoltadas pelos militares israelenses.

Instamos os governos de Israel e do Egito a permitirem o acesso livre e irrestrito a Gaza a jornalistas de todos os meios de comunicação estrangeiros.

Apelamos ao governo de Israel para que declare abertamente a sua permissão para que jornalistas internacionais atuem  em Gaza e para que as autoridades egípcias permitam que os profissionais de mídia tenham utilizem a passagem de Rafah.”A carta menciona a necessidade de que a segurança dos jornalistas locais seja garantida, e que os seu trabalho seja apoiado por representantes da mídia internacional, experientes em cobertura em zonas de guerra.

Correspondente da Sky News questiona falta de acesso

Alex Crawford, veterana correspondente britânica da Sky News, que cobre frequentemente guerras e grandes tragédias como terremotos, escreveu um artigo questionando as restrições.

Ela pede que suas palavras não sejam tomadas como partidárias ou como visão unilateral, e questiona:

Por que razão, depois de quase cinco meses de guerra em Gaza, jornalistas estrangeiros ainda não têm permissão de acesso?

Crawford afirma que para qualquer correspondente estrangeiro, nada substitui o jornalista “com as botas no terreno” e vendo a realidade por si próprio.  “Foi assim que trabalhei toda a minha vida, desde os 18 anos ,e isso não vai mudar agora”, escreveu.

Segundo a jornalista, Clarissa Ward, correspondente principal da CNN, foi a única jornalista que não residia em Gaza nem estava integrada  às forças militares a ter permissão para entrar na faixa (no ano passado).

Ela foi com uma equipe médica dos Emirados Árabes Unidos para um hospital de campanha administrado pelas autoridades dos Emirados Árabes Unidos, teve permissão para  ficar apenas duas horas, não foi autorizada a sair do veículo em que viajava até chegar ao hospital de campanha; só pôde visitar aquele hospital de campanha, nada além – e a sua viagem não poderia prosseguir sem a autorização expressa de Israel.”

Nenhum jornalista desde então conseguiu obter a permissão necessária.

“Todos os jornalistas precisam de ter autorização de acesso a Gaza. Todos os governos deveriam pressionar Israel e o Egito para que isso aconteça. Nossos colegas de Gaza não deveriam carregar sozinhos o fardo de cobrir esta guerra”, escreveu a correspondente.

Mortes de jornalistas em Gaza

Segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), mais de três quartos dos 99 jornalistas e profissionais de mídia mortos em todo o mundo em 2023 perderam a vida na guerra Israel-Gaza , a maioria deles palestinos mortos em ataques israelenses.

Em 28 de fevereiro de 2024, as investigações preliminares do CPJ mostraram que pelo menos 88 profissionais estavam entre os mais de 30 mil mortos desde o início da guerra, em 7 de outubro, incluindo os que estavam a serviço ou foram atingidos por bombardeios.

Nenhum outro país registrou mais mortes de jornalistas em um ano inteiro do que o número de fatalidades nos primeiros três meses da guerra em Gaza.

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