É o fim do teto de gastos!

Todo governo vive uma contradição constante entre as necessidades políticas e as econômicas. Ou, de outra maneira: todo governo tem de resolver, todos os dias, um dilema básico. Ele pode gastar, contentando os apoiadores e os lobbies e mantendo sua sustentação política. Ou ele pode poupar, mantendo as contas públicas equilibradas e beneficiando aquele ente mais difuso conhecido como “sociedade brasileira”.

      Porque está mais do que provado que a receita para uma economia saudável, sem inflação e com investimentos que permitam a geração de emprego e renda passa, entre outras coisas, pelo equilíbrio das contas públicas.

No Brasil, dadas as condições específicas do arranjo político, apenas governos fortes e populares podem aspirar à austeridade fiscal.

No entanto, sem austeridade fiscal os governos se tornam impopulares e enfraquecem. Quem disse que governar este país é uma tarefa fácil?

Agora, estamos vivenciando o que talvez seja a derrota definitiva da proposta de austeridade com que este governo foi eleito.

Na noite da quarta-feira (20), o ministro da Economia, Paulo Guedes, pediu “licença” para romper o Teto de Gastos de modo a permitir ao governo federal pagar um auxílio de R$ 400 aos brasileiros de baixa renda. Denominado Auxílio Brasil, em substituição ao Bolsa Família, o benefício deverá valer até dezembro de 2022.

Como esse gasto não cabe no orçamento, na prática a “licença” pedida por Guedes significa que o governo resolveu cair na tentação de gastar. E, no Brasil, flertar com o gasto público é tão arriscado quanto flertar com a inflação.

Ainda na noite da quinta-feira, alguns comentaristas políticos ecoavam propostas de parlamentares querendo elevar o benefício para R$ 500. Fazer essa cortesia será fácil para eles, uma vez que ela será feita com chapéu alheio – o meu, o seu, o nosso.

O que fazer?

A principal recomendação dos analistas da Levante Ideias de Investimentos é manter a calma e não tomar decisões precipitadas. É bastante provável que a decisão de Paulo Guedes provoque vários solavancos sobre os preços dos ativos – ações, dólar e curvas de juros.

No entanto, ainda que o cenário no curto prazo seja desafiador, ainda há boas empresas na Bolsa e boas oportunidades no mercado, cujo desempenho será menos afetado pelo abandono da proposta de austeridade fiscal e por suas temíveis consequências, como o aumento da inflação…

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