Dia da Religião “Religião: Solidariedade sem fronteiras”
Paiva Netto
Em 21 de janeiro, celebra-se o Dia Mundial da Religião. Em artigo publicado na Folha de S.Paulo, na década de 1980, arguido por um leitor se não sectarizaria minha palavra o fato de, em meus escritos, dar muito valor à Religião, expandi o que anteriormente havia registrado no primeiro volume de O Brasil e o Apocalipse (1984), que já esgotou várias edições:
Não vejo Religião como ringues de luta livre, nos quais as muitas crenças se violentam no ataque ou na defesa de princípios, ou de Deus, que é Amor, portanto Caridade, e que, por isso, não pode aprovar manifestações de ódio em Seu Santo Nome nem precisa da defesa raivosa de quem quer que seja. Alziro Zarur dizia:
— O maior criminoso do mundo é aquele que prega o ódio em nome de Deus.
Compreendo Religião como Fraternidade, Solidariedade, Entendimento, Compaixão, Generosidade, Respeito à Vida Humana, Salvação das Almas, Iluminação do Espírito, que todos somos. Tudo isso no sentido mais elevado. Creio na Religião como algo dinâmico, vivo, pragmático, altruisticamente realizador, que abre caminhos de luz nas Almas e que, por essa razão, deve estar na vanguarda ética. Não a vejo como coisa abúlica, nefelibata, afastada do cotidiano de luta pela sobrevivência que sufoca as massas. Não a entenderia se não atuasse também, de modo sensato, na transformação das realidades tristes que ainda atormentam os povos. Estes, cada vez mais, andam necessitados de Deus, que é o antídoto para os males espirituais, morais e, por consequência, os sociais, incluídos o imobilismo, o sectarismo e a intolerância degeneradores, que obscurecem o Espírito das multidões. (…) E de maneira alguma devem-se excluir os ateus de qualquer providencia que venha beneficiar o mundo.
(…) Não podemos esquecer que a nossa vida começa no Outro Mundo. Quem não tiver certeza disso deve dar início à sua própria investigação, contanto que isenta de ideias preconcebidas, para não ser apanhado, ou apanhada, de surpresa por revelações extraordinárias, que suplantam as mais avançadas concepções da Ciência ou da Filosofia convencionais. Alguns seguidores da Ciência foram, ou ainda são, mais dogmáticos que o mais radical dos religiosos. E tudo o que é radical provoca o recrudescimento do radicalismo oposto.
Apesar desse fato infeliz, é imprescindível que seja desvendada a realidade espiritual. O respeitado inventor norte-americano Thomas Edison (1847-1931), detentor de 1.093 patentes, sendo talvez a mais famosa delas a da lâmpada elétrica, pressentia tal necessidade ao expor na revista American Magazine, edição de julho-dezembro de 1920:
— Se nossa personalidade sobrevive à morte, então, é rigorosamente lógico e científico presumir que ela mantém a memória, o intelecto e outras faculdades e conhecimentos que adquirimos na Terra. Portanto, se a personalidade existe depois do que chamamos de morte, é razoável concluir que os que deixam esta Terra gostariam de se comunicar com os que deixaram aqui. Consequentemente, o que se deve fazer é fornecer os melhores meios concebíveis para facilitar a abertura da comunicação conosco e depois ver o que acontece. (…) De minha parte, estou inclinado a acreditar que nossa personalidade futura será capaz de influenciar a matéria. Se este meu raciocínio estiver correto, poderemos, então, desenvolver um instrumento muito delicado, que possa ser afetado, mexido, ou manipulado por nossa personalidade quando ela sobreviver em outra vida, da mesma maneira que um instrumento, quando está disponível, deve registrar alguma coisa.
(Os destaques são meus.)
Há décadas bradamos: os mortos não morrem!
E, Religião não rima com intolerância!
José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.
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Serviço – Jesus e a Cidadania do Espírito (Paiva Netto), 400 páginas. À venda nas principais livrarias ou pelo www.amazon.com.br.