Dezembro Laranja: Ceará deve registrar 10.370 novos casos de câncer de pele não melanoma até o final de 2023
Por marcar o início do verão em países do hemisfério sul, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) escolheu o mês de dezembro para alertar sobre a prevenção ao câncer de pele. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), este é o tipo mais frequente da doença no Brasil. Curável, em sua grande maioria, quando detectado precocemente, o câncer de pele tem letalidade baixa. É causado pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele. Existem diversos tipos de câncer de pele, que são divididos em dois grupos principais: os melanomas e os câncer de pele não-melanoma (também conhecidos como “carcinomas”).
O câncer de pele “não melanoma” é o mais comum e corresponde a cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no país. Em 2023, cerca de 220.490 novos casos desta neoplasia deverão ser contabilizados, de acordo com estimativas do Inca. Destes, 101.920 deverão ser registrados em homens e 118.570 em mulheres. Só no Ceará, 10.370 novos casos são esperados para 2023.
Fatores de risco
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer de pele é também o tipo mais comum de câncer no mundo, com estimativas alarmantes de novos casos a cada ano. A exposição excessiva aos raios ultravioleta (UV) do sol é a principal causa desse tipo de câncer. Segundo a dermatologista Luíza Riotinto, dermatologista do Instituto do Câncer do Ceará (ICC) e membro da SBD, é mais comum em pessoas com mais de 40 anos e é considerado raro em crianças e pessoas negras, embora seja fundamental reconhecer que isso não elimina os riscos.
“Ainda que as pessoas de tons de pele mais escuros tenham uma menor incidência de câncer de pele em comparação com as pessoas de peles mais claras, é importante compreender que existem outros fatores de risco como histórico familiar, doenças de pele prévias, sistema imune debilitado e exposição à radiação artificial. Além disso, o câncer de pele em tons mais escuros pode ser diagnosticado mais tardiamente, o que pode impactar nas opções de tratamento”, alerta a especialista.
Já pessoas de pele clara são mais suscetíveis ao câncer de pele devido à menor quantidade de melanina, o pigmento que protege a pele dos danos do sol. A exposição prolongada e repetida sem proteção ao sol aumenta o risco para o câncer de pele, especialmente entre as pessoas que também possuem olhos claros, cabelos ruivos ou loiros, ou que são albinas.
Sintomas
Dentre os principais sintomas do câncer de pele, em geral, estão: o surgimento de manchas que coçam, descamam ou que sangram; sinais ou pintas que mudam de tamanho, forma ou cor; ou ainda feridas que não cicatrizam em quatro semanas.
“No caso do câncer de pele não melanoma, as lesões costumam se manifestar como asperezas na pele ou como pequenas feridas que sangram facilmente e não cicatrizam. Quase sempre se localizam nas áreas de pele exposta ao sol diariamente (rosto, orelhas, careca, ombros, etc), mas podem surgir em qualquer local. São mais comuns em pessoas de pele clara, com mais de 40 anos. Não costumam doer, mesmo em fases mais avançadas. Já no caso dos melanomas, apesar de menos frequentes que outros tumores de pele, costumam ter comportamento mais agressivo. Tem origem a partir dos melanócitos, que são as células responsáveis pela produção do pigmento que dá cor à pele. Por isso, costumam se manifestar como pintas de cor escura. A associação do melanoma com o sol é bem conhecida, principalmente com os episódios de exposição intensa, mas este tipo de câncer de pele também tem forte influência genética”, explica a dermatologista.
O melanoma pode surgir na pele sã, sobre pintas já existentes ou mesmo em sinais de nascença. É encontrado tanto em áreas expostas como em áreas cobertas e, diferente dos não melanomas, muitas vezes acomete pessoas mais jovens. É mais comum na pele, mas pode surgir em locais como olho, boca, meninges, unhas e outros.
Algumas características das pintas, que chamam a atenção para a possibilidade de melanoma, são descritas na “regra do ABCDE” (assimetria, bordas irregulares, cores que variam, diâmetro e evolução). São características suspeitas em uma pinta e, se encontradas, sinalizam que essa pinta merece uma avaliação do dermatologista.
Prevenção
A prevenção é a melhor forma de combater o câncer de pele. O uso de filtro solar é indispensável, mesmo em dias nublados, mas os cuidados vão muito além disso. É preciso ter atenção aos horários corretos para se expor ao sol, evitando ampla exposição no intervalo entre 10h e 16h, quando os raios UV estão mais intensos; além de manter uma boa hidratação e fazer uso de roupas e acessórios adequados (chapéu, boné, óculos, roupas com proteção ultravioleta, guarda-sol e sombrinha) e ainda evitar a realização de bronzeamento artificial.
Também é necessário reaplicar o protetor solar a cada quatro horas ou após nadar ou suar.
Tratamentos
Todos os casos de câncer da pele devem ser diagnosticados e tratados precocemente, inclusive os de baixa letalidade, que podem provocar lesões mutilantes ou desfigurantes em áreas expostas do corpo, causando sofrimento aos pacientes. Felizmente, há diversas opções terapêuticas para o tratamento do câncer da pele não-melanoma. “A modalidade escolhida varia conforme o tipo e a extensão da doença, mas, normalmente, a maior parte dos carcinomas pode ser tratada com procedimentos simples, como cirurgia excisional e a lases, curetagem e eletrodissecção, criocirurgia, que promove a destruição do tumor por meio do congelamento com nitrogênio líquido, e terapia fotodinâmica (PDT), que consiste na aplicação de um agente fotossensibilizante, como o ácido 5-aminolevulínico (5-ALA) na pele lesada. Após algumas horas, as áreas são expostas a uma luz intensa que ativa o 5-ALA e destrói as células tumorais, com mínimos danos aos tecidos sadios”, explica Luíza.
Além das modalidades cirúrgicas, a radioterapia, a quimioterapia, a imunoterapia e as medicações orais e tópicas são outras opções de tratamentos para os carcinomas. Somente um médico especializado em câncer da pele pode avaliar e prescrever o tipo mais adequado de terapia.
No caso dos melanomas, o tratamento varia conforme a extensão, agressividade e localização do tumor, bem como a idade e o estado geral de saúde do paciente. A modalidade mais utilizada é a cirurgia excisional.
Na maioria dos casos, o melanoma metastático não tem cura, por isso é importante detectar e tratar a doença o quanto antes. Embora não tenha cura, o tratamento do melanoma avançado evoluiu muito nas últimas décadas; hoje já é possível viver por mais tempo e com mais qualidade, controlando a doença em longo prazo. Outros tratamentos podem ser recomendados, isoladamente ou em combinação, para o tratamento dos melanomas avançados, incluindo quimioterapia, radioterapia e imunoterapia.
Ambos os tipos são tratados, de forma integral e gratuita, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). O ICC é referência em oncologia há quase 80 anos e está comprometido em cuidar e acolher, de forma humanizada, com um corpo clínico de excelência, da saúde e do bem-estar dos seus pacientes, contando sempre com ações de conscientização e oferecendo atendimento integral aos que são atingidos pela doença.