Deputado alerta risco na implantação da usina de dessalinização no Ceará

Nossa preocupação não é empatar o desenvolvimento do Ceará. Temos que acomodar uma situação em que todos possam ganhar. Eu questiono muito o risco”, disse.

O deputado federal Danilo Forte (União-CE) comentou, durante um evento político em Brasília, com autoridades do governo na área de comunicações e empresários do setor de tecnologia, a importância dos 17 cabos submarinos que fornecem internet para a América do Sul vindos da África e da Europa, que “a instalação de uma usina de dessalinização (na Praia do Futuro, em Fortaleza), traria um risco muito grande à segurança nacional”.

“Nós temos o principal entroncamento de cabos submarino, e um dano gerado nessa situação pode corresponder não só a uma ruptura do sistema, como também à uma desqualificação do serviço, com questionamentos de novas empresas, que podem se dirigir para outras regiões, como Pernambuco e Rio Grande do Norte. Nossa preocupação não é empatar o desenvolvimento do Ceará. Temos que acomodar uma situação em que todos possam ganhar. Eu questiono muito o risco”, disse.

Forte comentou pontualmente os impactos que poderiam ser vistos com a instalação da usina. “A qualidade da internet corre um risco muito grande, porque o bombeamento não é com um motor de puxar água em uma casa de dois andares, mas sim com uma bomba que vai puxar 1 m³ por segundo, então isso gera trepidação, com baixa qualidade na transmissão de dados e informações. Eu questiono muito o risco”, mencionou.

O parlamentar acredita que a chance de dar errado é muito alta. “De tudo que eu ouvi, é muito certo que dê errado. Não podemos correr risco de uma imagem tão negativa para o nosso estado, que já tem muitas dificuldades.”

Apesar disso, Danilo salientou que não é contra a dessalinização, mas sim sobre o local escolhido, visto que o Ceará conta com 600 km de litoral. Para ele, toda introdução da usina geraria uma ameaça à segurança nacional.

Energias renováveis

Na ocasião, Danilo Forte também defendeu que as energias renováveis são uma forma de dar ao Brasil maior visibilidade. “Eu tenho um compromisso muito grande com a pauta das energias renováveis, porque eu acho que é o ponto de partida para que a desigualdade no Brasil diminua, além de ser o ponto de vanguarda para a reindustrialização e competitividade”, afirmou.

O assunto foi levantado pelo deputado ao relembrar o apagão ocorrido em 15 de agosto. “Naquele momento quiseram responsabilizar o Ceará e as renováveis, mas o problema não está em nenhum desses dois pontos, até porque no dia do apagão era feriado no Ceará, então estava sendo jogado um pico muito menor do que normalmente o sistema recebe. O problema foi no ONS, admitido, inclusive, pelo presidente do Operador”, comentou.

Presentes na reunião

O evento, que também recebe o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, contou com a presença do Conselheiro da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Vicente Aquino, do presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, Gardel Rolim, além de um representante da Companhia de Água e Esgoto do Estado do Ceará (Cagece).

O Ministro das Comunicações, Juscelino Filho, afirmou que os cabos ópticos submarinos são “responsáveis por 99% do tráfego de dados internacional” e possuem importância estratégica para o Brasil. “Essas estruturas são essenciais para várias políticas públicas, não apenas de telecomunicações, como também de transformação digital, educação, saúde, segurança da informação, segurança cibernética e, mais especificamente, a Estratégia Nacional de Segurança de Infraestruturas Críticas e o Plano Nacional de Segurança de Infraestruturas Críticas”.

O ministro também ressaltou a importância do estado do Ceará – sobretudo da capital Fortaleza – para a interconexão do Brasil com o resto do mundo. Em Fortaleza “chegam dezessete sistemas ópticos com uma capacidade agregada de centenas de terabytes por segundo. A Praia do Futuro representa o segundo maior hub mundial de cabos ópticos”, destacou.

 

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