Cuidadores também precisam de cuidado!

senior woman 90 years old being fed by a nurse

A psicóloga Deise Moraes Saluti fala sobre a importância das pessoas que cuidam de enfermos também se cuidarem, além de explicar como lidar com algumas situações nesse contexto

Por Deise Moraes Saluti

Em qualquer deficiência considerada do estado da saúde mental, seja em adultos ou crianças, facilmente encontraremos também uma dependência física, como cuidados pessoais ou de locomoção, que serão administradas por meio do ambiente e de outras pessoas dispostas a contribuírem para a melhoria ou cuidados paliativos desses dependentes.

Encontrar uma forma de se comunicar atendendo suas necessidades é algo que requer muita dedicação dos seus cuidadores e responsáveis. Por exemplo, em uma deficiência intelectual há diversos obstáculos encontrados, e a forma que cada um irá encará-los depende da convivência, experiências e aprendizados.

Uma criança com pouco desenvolvimento motor ou de linguagem torna limitada sua capacidade de demonstrar ao outro seus desejos e suas necessidades.

Contextualizando: em uma criança com paralisia cerebral totalmente dependente, os cuidados serão paliativos e constantes. Como organizar esse cuidado? Dividindo as tarefas com cuidadores, alinhando horários, disponibilizando tempo e total empenho para oferecer o máximo de conforto para essa criança.

Cuidadores: não só a força física, mas também a mental

Por outro lado, os cuidadores também necessitam de cuidados psicológicos e emocionais constantes, pois lidam com a dependência, a fragilidade e impotência muitas vezes do retorno da criança, e isso pode, de uma maneira intensa, afetar emocionalmente e fragilizar também quem cuida.

É preciso ser forte emocionalmente para não demonstrar a quem se cuida que ele é o responsável de uma frustração e tristeza causada no momento de cuidados íntimos e frequentes.

Aliás, a força também se faz necessária fisicamente para a locomoção e cuidados maiores com o paciente.

Enfermeiros, cuidadores, responsáveis, entre outros, muitas vezes fazem esforços além de suas capacidades físicas e emocionais e, por esse motivo, a grande importância de se cuidar de quem cuida também.

Crianças guerreiras, pais também

Nesse panorama, claro, temos também as crianças que possuem alguma patologia. E somente elas, por exemplo, tentando vencer seus limites em um ambiente escolar, poderão representar bem seus medos e frustrações por diversos motivos, entre eles bullying, risadas direcionadas a sua deficiência, rejeição e outros comportamentos vindos de seus colegas de sala no momento de intervalo ou mesmo fora do ambiente escolar, buscando por uma inclusão e se socializar.

Portanto, é imprescindível que esse ambiente esteja preparado para receber essa criança e todos os cuidados necessários que ela irá necessitar. Isso inclui todo apoio da escola e também de todo corpo docente.

Não é uma conquista fácil para crianças com deficiência mental ou doença mental serem aceitas por alguns grupos, ainda mais quando a deficiência é de grau severo, como uma esquizofrenia ou um transtorno grave, as quais impedem essa criança de desenvolver funções necessárias para compreender, se relacionar e interagir, levando em conta que essas deficiências mentais são irreversíveis.

É necessário muito carinho, dedicação, amor, respeito e cada movimento deve ser incluído nos cuidados com essa criança, desde seus familiares e cuidadores, até seus amigos. E os pais, familiares, cuidadores e afins também precisam se suporte para lidar com toda essa realidade. Volto a dizer: quem cuida precisa de cuidado!

Doença mental não transforma crianças em bichos-de-sete-cabeças, basta que seus pais e cuidadores tenham dedicação, muito conhecimento da doença e cultivar emoções. Assim, poderão, da melhor maneira possível, fazer com que essas crianças sejam felizes mesmo com suas limitações, além de se sentirem amadas e acolhidas por todos.

Uma dica: papais e mamães, brinquem, sorriam, cantem para seus bebês, pois é recíproco todo esse carinho. Certamente, mesmo se ele não entenderem seus movimentos, ele irão entender o seu coração. E amor é sempre amor!

Deise Moraes Saluti é psicóloga (CRP 06/154356) pós-graduada em Neuropsicopedagogia e Psicologia Infantil, além de especializada em atendimento de adolescentes e adultos. Na literatura, é coordenadora editorial do livro “Mulheres Invisíveis” (2021), da Ed. Conquista, sobre violência doméstica contra a mulher. Para saber mais, acesse @dmspsicologia

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