Coronavírus: comércio acumula perda de R$ 86 bilhões em cinco semanas, indica CNC

Confederação estima que crise pode levar à eliminação de 2,2 milhões de empregos

Estudo inédito da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostra que o varejo brasileiro perdeu R$ 86,4 bilhões em apenas cinco semanas – de 15 de março a 18 de abril – com a crise provocada pelo coronavírus. O valor equivale a um encolhimento de 39% no faturamento do comércio, em relação ao período anterior ao início da pandemia. A CNC estima, ainda, que a crise tem potencial para eliminar 28% dos postos formais de trabalho do setor, o equivalente a 2,2 milhões de vagas, em um intervalo de até três meses. Diante do surto de covid-19, até 80% dos estabelecimentos comerciais foram fechados, a partir da segunda quinzena de março, em várias unidades da Federação (UFs), em decorrência de decretos estaduais e municipais.

De acordo com o presidente da CNC, José Roberto Tadros, outro fator determinante foi o isolamento social, medida que restringiu significativamente a movimentação dos consumidores nas lojas físicas do comércio. “Embora a adoção de estratégias de venda através de canais digitais, como o e-commerce, e de serviços de entrega (delivery) tenha reduzido as perdas de receita por conta das restrições impostas às vendas presenciais, as quedas menos intensas a partir do fim de março podem ser atribuídas a um maior fluxo de consumidores nas ruas”, afirma Tadros, ressaltando que a CNC apresentou propostas concretas ao governo federal para ajudar as empresas na preservação de seus negócios e na manutenção dos empregos.

Segundo a consultoria Inloco, que mede a movimentação de consumidores por meio do rastreamento de celulares, o Índice de Isolamento Social, que chegou a se aproximar de 70% na segunda metade de março, recuou para aproximadamente 50% na segunda metade de abril. Já o Google Community Mobility Report registrou, ao fim de março, um aumento de 17% no fluxo de pessoas próximas a estabelecimentos comerciais especializados na venda de produtos essenciais, como alimentos e medicamentos. Nas proximidades de estabelecimentos que comercializam produtos não essenciais, o aumento foi ainda maior: 29%.

Segundo Fabio Bentes, economista da CNC responsável pelo estudo, entre a terceira semana de março e a segunda semana de abril, as perdas mais expressivas se concentraram nos segmentos varejistas especializados na venda de itens não essenciais (R$ 78,27 bilhões). “As vendas de alimentos e medicamentos, segmentos que respondem por 37% do varejo brasileiro, acumularam perda de R$ 8,13 bilhões no período”, destaca Bentes.

As regiões Sul e Sudeste concentraram 70% das perdas de receita do varejo no período. Em números absolutos, São Paulo foi o estado que mais perdeu: R$ 26,58 bilhões. Minas Gerais (R$ 6,90 bi), Rio Grande do Sul (R$ 6,63 bi), Rio de Janeiro (R$ 6,55 bi) e Santa Catarina (R$ 6,26 bi) fecham a lista das cinco UFs que mais apresentaram queda de faturamento. Em termos relativos, no entanto, destacam-se as quedas no Piauí (-49,6%), Ceará (-49,3%) e Santa Catarina (-46,8%).

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