Confinamento acelera inserção da tecnologia nas aulas

Por Cesar Silva (*)
Confirmando a lógica de que grandes problemas geram oportunidades para descobertas de soluções proporcionalmente volumosas, existe uma chance no horizonte de que o confinamento causado pela pandemia do Covid-19 possa funcionar como um acelerador para uma revolução desejada há muito tempo no modelo educacional do país.

A expectativa se apoia no fato de que a educação presencial, hoje descartada, retornará, em breve, contaminada pelas outras modalidades possíveis de serem desenvolvidas, o que podemos chamar de Educação Presencial Mediada por Tecnologia.

Nela, o professor está em um espaço e os alunos em outros. O docente, portanto, precisa ser exato, cirúrgico, milimétrico para discorrer sobre o tema de maneira muito ágil e não perder a atenção dos alunos conectados, mas sem todas as sensações conectadas a ele.

Desta forma, a escolha do tema, o planejamento das contextualizações e a proposta de permitir que todos os alunos se comuniquem de maneira organizada demonstrando aprendizado, com questões respondidas on line ou por chat, assegura a real eficiência que deveria compor todas as aulas síncronas mediadas por tecnologia ou não.

A Educação a Distância – EaD está voltada a propor um modelo de aprendizado que estimule o protagonismo do aluno, que o leve a níveis mais profundos da cognição, como a análise, a crítica e até a criação. As atividades EaD não podem ser muito básicas, simples, devem estimular e desafiar o aluno a chegar aos resultados esperados.

As modalidades não substituem uma à outra, mas devem ser ofertadas de maneira integrada e complementar. A escolha do tema aplicado presencialmente é importante, pois é deste momento que se constroem os conceitos básicos e a fundamentação para serem complementadas com as atividades presenciais síncronas mediadas por tecnologia e contribuem para as atividades totalmente a distância que permitem a diferenciação individual dos alunos em atividades desprendidas e motivadoras para  deixar cada aluno fluir a seu tempo.

A falta de uso de recursos tecnológicos nunca esteve na dificuldade em se adaptar às ferramentas computacionais, e sim na insistência dos mantenedores em procrastinar a atualização deles mesmos à realidade e também dos docentes contratados de buscarem diferentes estratégias lúdicas e motivadoras.

Neste sentido, o tradicionalismo retrógrado aplicado no segmento da educação, que afastava o EaD, agora se viu obrigado a recorrer a esta modalidade para reduzir a perda de conteúdo dos alunos em tempos de confinamento.

Esse fato desencadeou um movimento sem volta. Se é verdade que o mundo nunca mais será o mesmo após a pandemia do novo coronavírus, o mundo da educação definitivamente será um dos mais modificados. E essa é uma boa notícia pois todos os indícios de mudança sugerem um ambiente de aprendizado muito melhor.

* César Silva é diretor Presidente da Fundação de Apoio à Tecnologia (FAT) e docente da Faculdade de Tecnologia de São Paulo – FATEC-SP há mais de 30 anos. Foi vice-diretor superintendente do Centro Paula Souza. É formado em Administração de Empresas, com especialização em Gestão de Projetos, Processos Organizacionais e Sistemas de Informação.

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