Conama pode derrubar resoluções que protegem as praias e áreas de restinga

Ministro do Meio Ambiente pauta temas em regime de urgência na reunião ordinária do conselho na próxima segunda-feira

 

O Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) poderá derrubar, na segunda-feira, dia 28, resoluções que tratam do licenciamento ambiental de áreas de preservação ambiental. A revisão das resoluções foi determinada em caráter de urgência pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e pode provocar, se as medidas vigentes forem alteradas, sérios prejuízos às áreas hoje protegidas, segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), Carlos Bocuhy.

Uma das resoluções mais importantes que poderá ser revista é a 303, do Conama, que estabelece proteção às praias e áreas de restinga. “É um importante anteparo de vegetação rasteira, que protege a linha do litoral e é cada vez mais essencial devido às mudanças climáticas”, afirma Bocuhy. Trata-se de áreas de preservação permanente na faixa de 300m preamar máxima, justamente a vegetação típica das praias.

Segundo o promotor de Justiça do Ministério Público de SP, Tadeu Badaró, não há qualquer razão para colocar essa proposta de revogação em regime de urgência. “Será que tal proposta não comportaria, ao menos, uma discussão mais ampla, com a oitiva de especialistas?”, questiona.

Conforme ambientalistas, se a resolução for derrubada, vai favorecer a especulação imobiliária.  “Houve decisão recente do Tribunal Regional Federal de SP mantendo a 303 em vigor por considerá-la fundamental para garantir o máximo grau de proteção a ecossistemas de enorme relevância ambiental. E agora o ministro pauta a revisão de forma urgente. Pode representar o ‘passar da boiada’”, diz Bocuhy, referindo-se à famosa frase dita por Salles em reunião ministerial de abril deste ano.

Outra resolução que poderá ser alterada é 302, que trata de reservatórios artificiais, como é o caso das represas Billings e Guarapiranga, em SP. Conforme Bocuhy, nesse caso se refere aos níveis de consolidação em áreas de preservação permanente. “Essa discussão para a região metropolitana de SP merece uma análise bem aprofundada, porque diz respeito à manutenção da qualidade dos reservatórios”, afirma.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

0 Compart.
Twittar
Compartilhar
Compartilhar