CASCATINHA CLUBE DE SERRA: A história de um empreendimento vitorioso

1649 – Descoberta MINA de PRATA pela Cia. Holandesa das Índias Ocidentais

Em 03 de abril de 1649 uma frota de cinco embarcações holandesas atracou no Mucuripe  comandados por Matias Beck – fundador de Fortaleza com a construção do Forte Schoonenborch na foz do riacho Pajeú. Incursionaram mata atlântica a dentro rumo à Maranguape (Vale da Batalha), a serra mais próxima do mar, sendo acolhidos pela Cacique Laila, nas margens da Cascatinha do riacho Gavião, local de sua predileção.

Descendente do índio Maranguab (o sabedor da guerra), Laila sobrevivente da batalha que dizimou guerreiros da tribo Potiguára transformou os holandeses em seus aliados para reconquistar o domínio territorial de todo o vale sobre as tribos rivais Tapuias / Tapebas.

Ao lado de Matias Beck estava o ourives ibérico Jonas que  pediu a Laila para indicar o local em que havia encontrado a pedra que ornamentava o colar da cacíque e Laila o levou à ponta da serra onde foi descoberta a mina de prata de Maranguape.

Para guarnecer a entrada da mina os holandeses da Companhia das Índias Ocidentais edificaram um pequeno Fortim  no monte Itarema de onde passaram a minar pequenas quantidades de prata e suprir o forte Schoonenborch.

A aliança dos potiguaras com os holandeses começou na Cascatinha de Laila. Expandiram-se as plantações de mandioca e milho nas terras do vale entre a serra de Aratanha e na serra de Maranguape.

1942 – Cascatinha de Laila a Nair

Face à participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial, à presença das tropas americanas com PC – posto de comando (Pici na pronúncia inglesa), o torpedeamento de navios brasileiros na costa e o cenário da guerra geravam insegurança às famílias da capital, apesar da promoção de festas “for all” (para todos) pelos americanos com apresentação de músicos locais (origem do termo forró). Muitos buscaram a tranquilidade do interior em seus sítios.

A preparação de tropas gerou a necessidade de confeccionar fardamentos e indumentárias próprias para  o efetivo de recrutas. A comerciante Nair Barbosa Vieira que foi iniciada nos negócios pelo cunhado Jaime Neves, ganhou a concorrência da Região Militar para o fornecimento desse fardamento.

A vocação tradicional de Maranguape para o bordado e a confecção fez das costureiras maranguapenses sua maior força de trabalho e a encomenda constituiu-se num grande e rentável negócio que trouxe Nair Vieira para o convívio da serra.

Foi nesse contexto que em 1942, familiarizada com a região do Maranguape, despertada por sua beleza e características naturais a empresária Nair Barbosa Vieira adquiriu, em nome da irmã Philomena (Nenem), o sítio denominado Cascatinha  (nome em alusão à cascata onde a índia  Laila  costumava banhar-se).

Conta a Lenda que a bela índia Laila e o ourives Jonas viveram intenso amor até 1654, quando o ourives, descobridor da mina de prata, foi  expulso com os holandeses, e seus rebentos com Laila foram para a aldeia Pitaguary.

A cacique Laila foi acorrentada pelos portugueses no cume norte da serra (Pedra das Correntes). Ao procurar resgatá-la para seguir os ritos tradicionais, seu povo só encontrou correntes intactas e os nativos afirmaram que Laila foi encantada pela Natureza. Na silhueta  da serra vê-se o seu corpo  deitado.

1963 de Nair a 2013 Mª Odete – CASCATINHA Clube de Serra: A história de um empreendimento vitorioso

Dona Nair Vieira estava decidida a desfazer-se da propriedade que desfrutava com a família desde 1942. Entretanto, seus sobrinhos e amigos convenceram-na a fundar um condomínio clubístico serrano. Isso aconteceu, efetivamente, no dia 13 de junho de 1963 (dia de Santo Antônio, que dava nome ao seu pai, Antônio Vieira).

Assim, foi escolhendo-se a primeira diretoria, nesta data, e formalizando a fundação com a aprovação dos Estatutos, no dia 23 de junho de 1963 (10 dias depois). Explica-se aí a  tradição do Cascatinha, festejar ora São João na Serra e ora Santo Antônio na Serra, foram adotados os dois padroeiros.

Coube aos seu sobrinho Fernando César Vieira Diógenes ser o primeiro presidente, com o apoio do experiente José Barreira Fontenele (diretor do Náutico Atlético Cearense e do Clube dos Diários) do engenheiro Alexandre Dúlio Vieira Diógenes, catedrático da UFC, além do diretor geral Edilson Pinheiro; com o apoio de abnegados fundadores como Sérgio Diógenes; ficando o serviço de bar e restaurante com o empreendedor Raimundo Nonato de Figueiredo, proprietário do renomado Tabajara, restaurante situado no coração de Maranguape, na Praça Capistrano de Abreu (onde hoje está a agência Bradesco).

O Cascatinha originou-se da incorporação de três sítios (Gavião, Cascatinha de Laíla e Boa Vista) abrangendo as estradas de respectivos nomes, perfazendo uma área total de mais de 180 mil metros quadrados, e uma área comum do condomínio de mais de 120 mil metros quadrados de Mata Atlântica, cachoeiras, bicas e cascatas no Riacho Gavião, nascente do Rio Ceará, como afluente do Rio Maranguapinho.

Na época da fundação do Cascatinha, Maranguape era a mais importante cidade serrana do interior cearense e englobava terras da Pajuçara à Serra do Lagedo (Maciço de Baturité), integrando os ex-distritos de Maracanaú e Palmácia. Já possuía Companhia telefônica e Estação Rodoviária, as primeiras do interior cearense. Estação Ferroviária e Rodovia pavimentada com paralelepípedo de 27 km até a Capital.

Despontava na fruticultura, abastecendo Fortaleza; na pecuária, com a maior bacia leiteira do Ceará; Engenhos; Usinas de algodão; indústrias de tecelagem e o maior hotel serrano do Nordeste, o Balneário Pirapora Pálace, com 126 apartamentos.

Ao longo das últimas cinco décadas, o Cascatinha vivenciou diferentes fases e desafios, bem simbolizados pela evolução de suas seis logomarcas. Criado e fundado no auge das liberdades democráticas, estampava uma logomarca vermelha e seus fundadores tinham inspiração socialista, ao ponto de      compartilhar uma propriedade. Anos depois, usou verde, para adequar-se aos tempos de repressão. O Cascatinha era um aprazível clube de serra, com fontes, lago e banhos naturais.

Com o deslizamento da Serra de Maranguape, em 1974, soterramento das nascentes e o desvio do curso natural do riacho, vem uma nova fase, de dotar o empreendimento de uma verdadeira estrutura clubística, com piscinas tratadas, dada a intermitência das águas correntes, área de esporte e recreação, com eventos culturais e recreativos, desenvolvendo a promoção do entretenimento, além do convívio com a natureza.

Avançando nas mudanças, surge o Cascatinha Balneários e Chalés, perenizando seu balneário, reflorestando a propriedade e a serra, e edificando chalés para veraneio de seus associados. Era uma outra fase. Experimentando amplo sucesso, o empreendimento amplia e moderniza seu parque aquático, com a construção de uma piscina olímpica, e a instalação de toboáguas, surgindo o Cascatinha Acqua Play para, nesta década, promover a evolução para Cascatinha Park Hotel, preparando e lançando desafios para sua sexta década de funcionamento ininterrupto.

A longevidade do Cascatinha, vem de Nair a Maria Odete, sobrinha da fundadora, que integra a diretoria desde 1978, estando à frente do Jubileu de Prata, em 1988, e do Jubileu de Ouro, em 2013.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

0 Compart.
Twittar
Compartilhar
Compartilhar