Casa onde nasceu Capistrano de Abreu é reconstruída e solenidade é marcada em evento histórico, em Maranguape

Com determinação, sonho e trabalho incansável de defensores dedicados à memória e obra do príncipe dos historiadores brasileiros, nasceu o projeto do Memorial Casa Capistrano de Abreu. Este projeto audacioso visava reconstruir a casa original de Capistrano de Abreu em Columinjuba, Maranguape, Ceará.

Edição Jornalista Rogério Morais
Há 30 anos, nasceu a ACLA – Academia de Ciências, Letras e Artes, dedicada a celebrar e resgatar a memória do maior historiador brasileiro. Uma entidade que já tem projeção nacional, por conta de suas diversas atividades sociais, culturais e acadêmicas.

Evento que teve apresentação da cerimonialista Priscila Cavalcante, destacando as autoridades presentes, entre elas, o presidente da Academia de Ciências Letras e Artes – Acla de Columinjuba, Acadêmico Walter de Borba e Veloso, o Presidente do Instituto Histórico, Geográfico e Antropológico do Ceará, o General Júlio Lima Verde Campos de Oliveira, o Vice-Presidente da Academia Cearense de Letras, o escritor professor Juarez Fernandes Leitão, o médico Lúcio Gonçalo de Alcântara, Ex-governador, Senador membro do Instituto do Ceará; escritor e empresário João Soares Neto, membro da Academia Cearense de Letras.

Prestigiaram o evento, ainda, o ex-deputado federal Raimundo Gomes de Matos, ex-prefeito de Maranguape, o advogado José Eurípedes Maia Chaves Junior, curador e Guardião do Acervo da Sociedade Capistrano de Abreu, instalado no Instituto do Ceará, entre outras autoridades.

Com determinação, sonho e trabalho incansável de defensores dedicados da memória e obra do príncipe dos historiadores brasileiros, nasceu o projeto do Memorial Casa Capistrano de Abreu. Este projeto audacioso visava reconstruir a casa original de Capistrano de Abreu em Columinjuba, Maranguape, Ceará, finalmente realizado, em 22 de outubro de 2023, com a presença jornalistas, professores universitários e artistas.

A casa onde Capistrano de Abreu nasceu e viveu, construída em 1808, estava em ruínas há 74 anos. Em 2019, sob a presidência de Paulo Neves na ACLA, o projeto foi iniciado, incluindo a inauguração da fachada ilustrativa e do alpendre. Na administração subsequente de Walter de Borba e Veloso e Francisco Moura, assumiram o compromisso de concluir a inauguração em homenagem aos 170 anos de nascimento de Capistrano de Abreu, durante o mandato de 2022/2024.

Um momento importante foi a entrega de outorga de diplomas pela Academia de |Ciências, Letras e Artes – Acla.

Um dos destaques que mais emocionou a plateia foi a apresentação da peça teatral “O Curumim Capistrano”, sob a direção da acadêmica Ireuda de Abreu Ponte, com um elenco de crianças do município, que representaram a cultura indígena forte que ainda predomina na região. A peça se baseia no texto do acadêmico Glice Sales de Alcântara, que resgata a infância de Capistrano envolvido com as etnias indígenas que formaram a cultura da região.

A cantora Sergipana Josene Soares Ribeiro cantou o Vaqueiro do sertão.

Historiografia brasileira
Não vou dizer que ninguém, ou poucos sabem, que o cearense João Capistrano Honório de Abreu é considerado o “pai da historiografia brasileira”, ou seja, o estudioso que formalizou a metodologia do estudo da nossa história estabelecendo os períodos, ciclos ou fases econômicas (Pau Brasil, Ouro, Café e Açucar), introduzindo a sociologia nos fatos, sendo uma de suas grandes obras o título “Capítulos das História Colonial (1500 a 1800), publicada em 1907.

Ele é um referencial importante do antes e o que passou a ser escrito sobre a história do país, criando uma nova escola de historiadores: A inclusão do negro e do índio como protagonistas centrais dos fatos que determinam a nossa história política, econômica e social. Antes dele, a história brasileira é narrada somente no registro dos fatos, sem contento sociológico.

Registrou a importância da fase do couro na sociedade brasileira rural, notadamente no Nordeste, onde esse insumo servia de cama, roupa do mato, utensílios domésticos diversos, vasilhas de guardar água, porta e janela de casa, banco de sentar e material da lida com o gado. Ele nasceu em Columinjuba, Maranguape, em 23 de outubro de 1853. Sua morte aconteceu em 13 de agosto de 1927, aos 73 anos de idade, no Rio de Janeiro.

Mistério
Entre os inúmeros estudos realizados e inacabados de Capistrano de Abreu, tem um capítulo que chama a atenção sobre o mistério que envolve. Ele vinha estudando várias lendas contadas da memória oral dos povos nativos locais dando conta que a civilização cearense tem passado ainda a ser estudado muito antes da chegada dos navegadores portugueses. A chamada civilização “cabeça chata” começou com os sobreviventes (náufragos) do suposto continente perdido de Atlântida que aqui “desembarcaram”. As inscrições dos navegadores fenícios registradas nas pedras no município de Quixadá são indicação desse fato.

Ele também fez muitos estudos sobre a chegada oficial dos portugueses ao litoral cearense, comprovando que a civilização cearense branca, pós 1.500, iniciou com o desembarque de Pero Coelho de Souza na barra do rio Ceará, em Fortaleza, em 1604. Em seguida Soares Moreno. De acordo com alguns estudos acadêmicos, a sua intenção era retornar ao Ceará e concluir essas suas pesquisas. Abreu tinha uma das mais valiosas bibliotecas do Rio de Janeiro. A maioria dos títulos era em alemão e francês. Mas um incêndio, que ainda hoje suspeita-se de um ato criminoso, destruiu tudo.

Um incêndio misterioso. Ele passou grande parte de sua vida profissional no Rio de Janeiro, onde morreu. Um fato muito curioso marcou a sua vida: Capistrano foi escolhido para integrar a Academia Brasileira de Letras, mas recusou o convite, indicando para assumir o escritor carioca Machado de Assis. Esse fato veio a acirrar ainda mais as divergências ideológicas que ele tinha com o intelectual baiano Rui Barbosa. Existem inúmeras teses acadêmicas sobre o valor das obras desse cearense de Maranguape para o Brasil.

O seu nome está em cidades, escolas, ruas, bibliotecas, etc. No entanto, ainda devemos muito sobre o real resgate do seu valor intelectual e moral como referencial para as futuras gerações.

 

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