Casa de Cuidados cria “Projeto Sensações” para pacientes reviverem memórias afetivas
O cheiro do mingau feito pela mamãe, o sabor do bolo recém-saído do forno da casa da vovó, o toque do carinho recebido pela pessoa amada, os acordes daquela música que tocou em uma ocasião especial. Tudo isso provoca sensações de prazer, alegria e nostalgia. E foi pensando no bem-estar de pacientes da Casa de Cuidados do Ceará (CCC), equipamento da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), gerido pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), que a fonoaudióloga Karinne Andrade, em parceria com a equipe de Nutrição, criou o “Projeto Sensações”. A iniciativa busca proporcionar esses sentimentos aos pacientes que estão sob cuidados paliativos no espaço.
“Essa proposta é voltada aos pacientes paliativos e em processo de reabilitação fonoaudiológica que estão se alimentando de forma oral ou por dieta mista (sonda + via oral). Realizamos uma pesquisa com os pacientes que estão nesse perfil e aptos a participar da ação para saber o que eles gostam de comer e, assim, terem a oportunidade de comer algo desejado e reviver essas memórias tão marcantes na vida, proporcionando conforto”, explica Andrade.
O cardápio oferecido aos pacientes foi elaborado de acordo com as respostas captadas na pesquisa e sob supervisão e autorização da equipe de saúde responsável pelos internados. Entre os alimentos oferecidos, estavam sopa de feijão, sopa de macaxeira com carne do sol (passada no liquidificador), canjica, gelatina diet e sorvete de fruta. “O hábito de se alimentar vai muito além da contagem de calorias, envolve a questão afetiva e emocional, como aquela comida que remete à infância ou alguma lembrança especial”, relata a nutricionista Keilane Lima.
Durante a ação, o paciente tem uma refeição saudável e com valor sentimental, com assistência da equipe de saúde e de cuidadores. “Queremos proporcionar um momento de prazer ao paciente, ao mesmo tempo em que não descuidamos de sua segurança no momento da deglutição dos alimentos e atendendo às necessidades nutricionais de cada um”, acrescenta Ismael de Paula, também nutricionista.
Além das opções oferecidas no cardápio, os pacientes tiveram a oportunidade de reviver memórias por meio de música ao vivo. “Essa ação fez muito bem ao paciente. O pessoal interagiu bastante, a minha irmã que está aqui (na Casa) é surda e muda, mas dava para ver no brilho do olhar dela o quanto estava feliz em viver esse momento. Foi maravilhoso, é disso que as pessoas precisam. O evento mostrou pra gente a importância do amor e do cuidado”, comenta a cuidadora Elizabeth Aragão Marques.