Câmbio volátil impulsiona operações de hedge, e Ouribank vê alta de 352% nas operações no início do ano
Crescente demanda por proteção cambial reflete a busca de empresas por previsibilidade financeira diante da volatilidade do dólar
A volatilidade do câmbio tem sido um dos principais desafios para empresas brasileiras expostas ao dólar. Diante desse cenário, a busca por previsibilidade financeira está impulsionando o crescimento expressivo do mercado de hedge cambial neste início de ano. No Ouribank, as operações já chegaram a R$ 9,5 bilhões em janeiro e fevereiro, um crescimento de 352% em relação ao mesmo período do ano passado. Ao todo, foram realizadas 2,2 mil transações, um salto de 320%.
O valor já se aproxima do desempenho de todo o ano passado, quando o banco quadruplicou o volume de operações, atingindo R$ 10,7 bilhões, com mais de 7 mil operações contratadas.
“A volatilidade do câmbio exige das empresas uma gestão de risco cada vez mais eficiente. O hedge cambial se tornou uma ferramenta essencial para garantir previsibilidade de caixa e mitigar impactos das oscilações cambiais”, explica Saulo Carvalho, Superintendente Comercial do Ouribank.
O avanço no mercado de hedge cambial pode ser atribuído a um amadurecimento da percepção das empresas em relação à necessidade da proteção cambial. “As companhias estão entendendo que essa estratégia precisa estar incorporada ao dia a dia. Com a moeda variando quase 30% em 2024, exportadores e importadores sentiram fortemente os impactos da oscilação”, avalia o executivo.
Neste início de ano, os setores que mais buscaram hedge foram indústria farmacêutica, hospitalar e exportadores de commodities, com destaque para café, soja e minérios. Entre os instrumentos utilizados, o NDF (Non-Deliverable Forward) representa cerca de 70% do volume, enquanto as travas de câmbio correspondem a 30%. Com a demanda crescente, a projeção do Ouribank é que em 2025 o volume de hedge quadriplique em relação a 2024.
“A expectativa inicial era que esse número seria duplicado, mas com os resultados de janeiro e fevereiro, é possível que as operações entrem no mesmo ritmo do que foi em 2024. A estratégia das empresas para 2025 será cada vez mais focada em segurança financeira”, afirma o executivo.
O cenário macroeconômico também favorece a crescente demanda por hedge cambial. Segundo Carvalho, a tendência é que o mercado cambial em 2025 permaneça volátil devido a fatores externos, como possíveis imposições tarifárias dos EUA em negociações comerciais globais, e internos, incluindo desafios fiscais do Brasil e movimentações políticas relacionadas às eleições de 2026. A expectativa do mercado financeiro é de um dólar em R$ 6 ao final do ano.
“Os primeiros meses de 2025 indicam oscilações mais intensas, exigindo monitoramento constante para mitigar riscos. O impacto para as empresas que não adotam hedge pode ser significativo. A incerteza gera dificuldades de precificação e margem, podendo levar a prejuízos não previstos”, alerta Carvalho.
Nesse sentido, o Ouribank reforça seu papel na educação financeira e na expansão do acesso a produtos estruturados. “Nosso foco é sempre em operações de hedge genuíno, sem especulação. O objetivo é garantir que os clientes saibam exatamente o valor que irão pagar ou receber, reduzindo riscos operacionais”, explica.
Com empresas cada vez mais atentas aos riscos cambiais e um cenário global ainda instável, o hedge se consolida como um pilar estratégico da gestão financeira. “O mercado está atingindo um novo patamar de maturidade. 2025 pode ser um ano de consolidação desse movimento”, conclui Carvalho.