Brasil torcendo pra China
A construção civil é um dos motores da retomada da economia da China, e o setor é um dos principais consumidores de ferro, cobre, entre outros materiais que são vendidos pelo Brasil.
Para a decepção de muitos que querem o fim da economia chinesa que nos últimos 30 anos vem tendo os melhores resultados globais, o Brasil deve agora torcer para que a “Evergrande”, o gigante conglomerado da construção civil da China, com uma dívida de US$ 300 bilhões, não quebre. Um calote dessa empresa comprometeria o mercado de comodities e o sistema financeiro chinês. De princípio acho até que ninguém deve acredita que o quadro chegara a tanto. Pois o governo de Pequim resolverá o problema.
Até recentemente, o FMI – Fundo Monetário Internacional – projetava alta no PIB – Produtor Interno Bruto – chinês em 8,1% em 2021. Agora, com a informação pública de que a Evergrande está em crise, “é um risco sistêmico, pois a empresa é tão grande que impacta toda a cadeia. É um risco de quebra de várias empresas do mercado”, apontam analistas mundiais. A expectativa dos governos e economistas de renome internacional é de que o Presidente XI Jinping criará um programa de resgate da empresa evitando um risco grande para a economia do país.
A torcida brasileira.
Como a crise da “Evergrande” impacta o Brasil? A China é o principal parceiro comercial do Brasil, atualmente. No ano passado, em plena pandemia do corona vírus, a balança comercial brasileira teve um superávit de mais de 50 bilhões de dólares, graças aos US$ 68 bilhões exportados para os chineses. Durante as turbulências econômica do ano passado no Brasil o que salvou a nossa economia foram as exportações.
A crise da Evergrande afeta diretamente o setor imobiliário chinês, atualmente a maior alavanca do crescimento do PIB do país, cerca de 25%. E o Brasil é o maior fornecedor de minério de ferro para erguer os arranha-céus que estão sendo construídos para a alta classe média que não para de crescer por lá. A empresa é um império com mais de 200 mil funcionários e cerca de 1.300 projetos em construção em mais de 280 cidades. É a segunda maior do mercado, e faz parte das 500 maiores companhias do mundo.
A construção civil é um dos motores da retomada da economia da China, e o setor é um dos principais consumidores de ferro, cobre, entre outros materiais que são vendidos pelo Brasil. A sua falência vai prejudicar mercados do mundo inteiro, com impacto no sistema financeiro. Então, para quem quer ver a China pagando alguns pecados que acham que ela comete, o momento é de solidariedade, de torcer para os chineses resolverem os seus problemas internos e evitar quebradeira no resto do mudo.