Barrados para exportação, hortifrútis cultivados com agrotóxicos estão cada vez mais liberados no Brasil
Ontem, 6 de agosto, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que haverá cada vez mais aprovação de registros de defensivos agrícolas, o que é necessário para o Brasil “entrar na modernidade”. Na semana passada, foram anunciadas novas regras para classificar agrotóxicos no Brasil. A nova lista da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) fez o número de produtos tidos como “extremamente tóxicos” à saúde passar de 702 para apenas 43. No último mês, o Diário Oficial da União (DOU) registrou a liberação de 51 tipos de agrotóxicos. Segundo levantamento do Greenpeace, desde o início do governo Bolsonaro, 290 substâncias foram permitidas para cultivo de hortifrútis. Contudo, apesar de liberação para consumo interno em larga escala, o mercado estrangeiro exportador já começou a patrulha. Um terço dos agrotóxicos usados no Brasil inclui alguma substância proibida pela União Europeia. Alguns setores, como o de frutas cítricas, já foram avisados que só poderão exportar para a Europa, que hoje compra 70% da produção brasileira, se abandonarem determinados pesticidas considerados de alto risco fora do Brasil. Os EUA também fizeram exigências semelhantes. O problema é que esse tipo de controle só vale da fronteira para fora.
O professor de Engenharia Ambiental da Universidade Veiga de Almeida (UVA), Carlos Canejo, lembra oque s agrotóxicos que eliminam insetos, fungos e algumas outras pragas também causam uma série de danos ambientais e para saúde. “Os produtos químicos usados para evitar que os insetos se alimentem e se multipliquem, também inibem a ação microbiológica devido à dificuldade de fixar o nitrogênio, o que causa empobrecimento do solo. Rios, lagos, lençóis freáticos também são atingidos”, explica. Canejo também ressalta que os agricultores que estão expostos frequentemente a esses agrotóxicos podem ter problemas de ordem respiratória, queimadura na pele, além de afetar o sistema nervoso podendo causar convulsões. E exposição prolongada ao material químico pode causar, segundo estudos clínicos, doenças como Alzheimer e câncer.
