Banco Central diminui taxa Selic: veja análises de especialistas

Nesta quarta (8), o Copom – Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu diminuir a taxa de juros em 0,25 ponto percentual. Com isso, a Selic passa a 10,50%.

Veja abaixo comentários de especialistas do mercado financeiro sobre a decisão:

Marcelo Bolzan, planejador financeiro, CGA e sócio da The Hill Capital

Na minha visão, o comunicado veio com tom bem “Hawkish”, já que afirmam que a política monetária deve se manter contracionista. Além disso, comentam sobre a necessidade de maior cautela, já que o ambiente externo mostra-se mais adverso, em função da incerteza elevada sobre o início da flexibilização de política monetária nos EUA. Sobre Brasil, destacam que os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado maior dinamismo do que o esperado. Não seguiram o foward guidance da última reunião do copom, pois cenário aumentou as incertezas (externo e interno).

Fica o destaque para ter sido uma decisão dividida 5 x 4. A divergência é ruim, pois sinaliza que a próxima composição do Banco Central (2025) é mais dovish. Outro destaque é que o comitê afirma ter preocupação com o fiscal e que está acompanhando com atenção os desenvolvimentos recentes da política fiscal. Eles ressalta, também que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação.

Deixou em aberto os próximos passos, mas o tom é mais duro, sinalizando maior cautela e que ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta.

Deixaram em aberto as próximas reuniões, mas a minha expectativa e mais uma de 0,25pp. Com esse cenário, acredito que teremos amanhã bolsa em queda e abertura dos juros.

Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital

Na minha visão, o comunicado revela uma postura cautelosa do Banco Central em relação à política monetária futura, destacando a complexidade do ambiente econômico global e doméstico. Fica claro que o BC ressalta a necessidade de cautela em razão das incertezas globais e da dinâmica da inflação doméstica que, embora esteja em trajetória de desinflação, enfrenta pressões de uma inflação subjacente acima da meta.

O tom do comunicado pode ser interpretado como cautelosamente hawkish. Embora tenha decidido por uma redução da taxa de juros, o BC enfatiza a importância de manter a política monetária contracionista para consolidar a desinflação e a ancoragem das expectativas de inflação

A decisão de reduzir a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual não pegou o mercado de surpresa e veio dentro do consenso do mercado, que antecipava uma redução moderada devido às incertezas econômicas e às pressões inflacionárias ainda existente. 

Um ponto importante de notar é que não houve consenso entre os membros mostrando divergência de opiniões entre os votantes. Foi uma decisão bem dividida entre os membros.

Ainda acredito que o Fed mantendo juros altos pode atrapalhar no ciclo de queda de juros por aqui. Juros altos nos EUA podem fortalecer o dólar e pressionar a inflação, dificultando a redução da Selic aqui. Eventos como as enchentes no Rio Grande do Sul podem pressionar a inflação de alimentos, dificultando a queda da Selic também.

Para as próximas reuniões, a expectativa é de que o Copom mantenha a cautela, monitorando de perto a evolução da inflação e das expectativas. A continuidade do ciclo de cortes dependerá da consolidação do processo de desinflação e da ancoragem das expectativas. Não houve um guidance para a proxima reunião.

Como ficam os investimentos agora?

Rodrigo Azevedo, economista, planejador financeiro e fundador da GT Capital

Para final de 2024 minha expectativa atual é de 9,75% contra 9,50% no início do mês de abril, em comparação ao relatório Focus, acredito em uma Selic 0,25p.p. acima da média estimada pelo mercado.

Mesmo com uma nova queda de juros, seguiremos com uma taxa de dois dígitos, um nível de taxa ainda interessante para os ativos de renda fixa. Mesmo nos títulos pós fixados, os mais afetados negativamente pelo corte de juros, a rentabilidade é interessante considerando a liquidez imediata e a possibilidade de utilizar essa parte da carteira para oportunidades pontuais, como tem sido nas últimas semanas a alocação em títulos públicos IPCA+ com a abertura da curva de juros. 

Agora muito mais raro, mas ainda existem oportunidades interessantes de prefixados em títulos bancários e IPCA+ e prefixados em títulos de crédito privado.

Como fica a bolsa?

Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital

Os ativos brasileiros ainda se mantém descontados, negociando a um P/L projetado para os próximos 12 meses proximo a 8x, sendo a média histórica na faixa 11-12x, então há muito upside para ações do mercado brasileiro. Além disso, está havendo novamente uma revisão na projeção dos lucros das empresas para cima, segundo relatório elaborado pela XP Research, a nova projeção no crescimento dos lucros das empresas para os próximos 12 meses, ficou acima do pico dessas projeções feitas em dezembro/2023. Então, para quem procura investimento de longo prazo, as ações do Ibovespa estão a preços atrativos.

Acredito que com o ciclo de queda da SELIC, alguns setores em específico se beneficiam muito com esse cenário. No caso, o setor bancário com os grandes bancos se beneficiando da queda da SELIC, em um primeiro momento com o aumento na demanda por crédito, já que o consumidor percebe que as taxas estão mais atrativas e com juros de financiamento mais baixos, além da redução do custo do passivo do banco que é em sua maioria CDI. 

Outro são setores com empresas que são naturalmente mais alavancadas, já que seu ramo exige um CAPEX alto, como o setor de tecnologia, setor logístico, além de setores de consumo como educação e o varejo em geral.

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